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Follow-ons devem ofuscar IPOs no Brasil em 2018

Saída dos fundos de pensão de grandes empresas deve ofuscar o segmento de ofertas de estreantes, que ainda engatinha em 2018

PagSeguro: único IPO precificado em 2018 não foi na bolsa brasileira (NYSE/Reprodução)

PagSeguro: único IPO precificado em 2018 não foi na bolsa brasileira (NYSE/Reprodução)

Rita Azevedo

Rita Azevedo

Publicado em 13 de março de 2018 às 15h23.

Última atualização em 30 de julho de 2019 às 13h26.

O fim do período de lock-up estabelecido no acordo de acionistas da Vale, em fevereiro, pode dar o pontapé inicial em uma série de follow-ons para saída dos fundos de pensão de grandes empresas, ofuscando o segmento de ofertas de estreantes, que ainda engatinha em 2018.

Ao mesmo tempo, com recursos em caixa e dispostas a diversificar suas carteiras, as fundações podem optar por participar dos IPOs, reforçando a demanda.

Até agora, um único IPO foi precificado em 2018, a PagSeguro, e não foi na bolsa brasileira. Mas há ofertas de estreantes anunciadas por Banco Intermedium, Grupo SBF, Hapvida, Dass Nordeste, Notre Dame Intermédica, e Ri Happy Brinquedos.

Em 2017, os IPOs movimentaram R$ 21,4 bilhões e os follow-ons, R$ 18,7 bilhões, segundo dados da Anbima. Só no caso da Vale, acionistas podem vender até R$ 17 bilhões em ações, segundo relatório do Itaú BBA.

A Previ disse que não iria fazer comentários para esta reportagem, segundo email de sua assessoria de imprensa. Renato Lopes, diretor de participações da fundação, disse à Bloomberg em 12 de dezembro que a Previ “tem olhado todas as empresas” e analisado os IPOs como forma de diversificar seu portfólio. Já a Petros disse em 7/dezembro ter planos de desconcentrar ativos, diversificar e aproveitar oportunidades de mercado em 2018, inclusive no exterior.

“Os fundos de pensão estão num momento de mudança de abordagem – deixarão de ter participações grandes e ilíquidas (com acordo de acionistas) e passarão a focar em ter portfólios de ações geridos muito mais em linha com o que fazem os gestores privados de public equities”, disse André Rosenblit, diretor da área de equity do Santander.

“No caso da Vale, as fundações não devem ofertar grandes lotes de ações no curto prazo, pois este processo iria derrubar o preço da ação na B3 e consequentemente o retorno de sua carteira de investimentos, o que creio que nenhum gestor deseje”, pondera Pedro Galdi, analista da Mirae Asset. “Então [a oferta] virá sim, mas numa condição previamente sinalizada e em momento mais adequado”.

Já na Eletrobras, diz Galdi, “o governo precisa primeiro definir um modelo para começar a preparar a empresa para privatização, mas não deve dar tiro no pé, já que precisa de entrada de recursos para atender sua pauta de meta fiscal para o ano”.

“O mercado de ações no Brasil ainda se mostra atraente e barato para os investidores estrangeiros, quando observada a métrica de cálculo de preços dolarizados. Existe espaço para novas operações de lançamentos de ações até a proximidade das eleições, aí entraríamos em um período de esperar para ver o que o novo presidente vai anunciar para o país. Já as outras ofertas deverão ser feitas em momento adequado para não perder valor na operação por parte dos acionistas vendedores”, acredita Galdi.

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