Banco Central começa a adiar a divulgação de dados em razão da greve de servidores (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 4 de abril de 2022 às 06h15.
A greve de servidores do Banco Central afeta nesta segunda-feira, dia 4, a divulgação de um dos principais indicadores observados por analistas de mercado e investidores: o boletim Focus, que seria conhecido às 8h25.
Os funcionários estão em paralisação por tempo indeterminado em reivindicação por reajuste salarial e reestruturação da carreira.
O relatório Focus traz o resumo de projeções de mais de cem agentes do mercado, como economistas e estrategistas de bancos e corretoras, sobre uma série de indicadores econômicos. Os mais relevantes e acompanhados por investidores são os que tratam das expectativas de inflação e de taxa básica de juros, a Selic.
Isso porque, ao apresentar a mediana das expectativas, gestores e investidores conseguem avaliar o sucesso do Banco Central em sua missão e objetivo de ancorar as expectativas de inflação, o que afeta diretamente a análise sobre a taxa de juros necessária para conter o avanço dos preços. O próprio Focus traz as projeções da Selic.
Na ausência do Focus, por ora sem data para acabar -- o comunicado da autoridade monetária se limitou a dizer apenas a dizer que a divulgação iria atrasar --, investidores vão contar com os contratos futuros de DI negociados na B3. São contratos que refletem as expectativas e as apostas de investidores sobre os juros futuros.
No encerramento da última semana, dois dos contratos mais negociados, com vencimento em janeiro de 2023 e janeiro de 2024, apontavam respectivamente juros de 12,63% e 11,825%, sinalizando uma avaliação do mercado de que as taxas devem ficar em patamar próximos ao que se espera que alcancem na próxima reunião do Copom, em maio.
Segundo o último boletim Focus, divulgado na segunda-feira, dia 28 de março, com projeções colhidas até a sexta anterior, dia 25, a mediana das estimativas apontavam a Selic em 13,00% ao ano ao fim de 2022 e de 9,00% ao fim de 2023.
Atualmente a taxa Selic está em 11,75% ao ano, com expectativa consensual no mercado de que passará para 12,75% na reunião dos dias 3 e 4 de maio e então ficará estacionada nesse patamar, segundo sinalização recente dada pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e assimilada pela maior parte do mercado.