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Fitch rebaixa rating da Simpar citando alavancagem alta e fluxo de caixa negativo

A estimativa de fluxo de caixa é de cifra negativa em R$ 5 bilhões por ano para 2025 e 2026

A alavancagem líquida elevada, combinada com fluxo de caixa livre negativo e investimentos intensivos em capital, foram os principais fatores para o rebaixamento da Simpar. (Divulgação/Divulgação)

A alavancagem líquida elevada, combinada com fluxo de caixa livre negativo e investimentos intensivos em capital, foram os principais fatores para o rebaixamento da Simpar. (Divulgação/Divulgação)

Juliana Alves
Juliana Alves

Repórter de mercados

Publicado em 17 de junho de 2025 às 13h11.

A Fitch Ratings rebaixou os ratings de crédito da Simpar (SIMH3), holding que controla empresas como Movida e JSL, em meio a preocupações com o alto nível de endividamento e geração negativa de caixa. Os IDRs (ratings de inadimplência do emissor) em moeda local e estrangeira caíram de ‘BB’ para ‘BB-’, enquanto o rating nacional de longo prazo foi ajustado de ‘AA+’ para ‘AA’. Dentro dessa nova classificação, a perspectiva foi revisada de negativa para estável, refletindo um cenário de leve melhora na performance operacional esperada.

Segundo a agência de classificação de risco, a alavancagem líquida elevada, combinada com fluxo de caixa livre (FCF) negativo e investimentos intensivos em capital, foram os principais fatores para o rebaixamento. Entre 2022 e 2024, a dívida líquida ajustada consolidada da companhia ficou, em média, em 4,8 vezes o EBITDA, e a projeção é que esse múltiplo fique em 4,6 vezes até 2026 — ainda acima do patamar considerado saudável para uma possível melhora do rating.

Para o FCF, a estimativa é de cifra negativa em R$ 5 bilhões por ano para 2025 e 2026, em decorrência do modelo de negócio intensivo em ativos e da estratégia de manter investimentos robustos, que devem alcançar R$ 15 bilhões ao ano. Parte desse montante é financiada com a venda de veículos usados, prática comum no setor de locação. No entanto, a Fitch destaca que 86% do EBITDA projetado será consumido com despesas financeiras, o que limita a capacidade de a Simpar reduzir sua alavancagem nos próximos anos.

A agência também vê risco na manutenção das taxas de juros em patamares elevados, o que pressiona o custo da dívida e reduz a conversão de EBITDA em caixa. Esse cenário, combinado com retornos menores sobre o capital investido, tende a dificultar os esforços para desalavancagem no curto prazo.

A perspectiva estável da Fitch, por sua vez, reflete uma visão mais otimista da agência sobre o futuro da companhia. A agência destaca a posição competitiva forte da Simpar nos setores de locação e logística, com contratos de longo prazo que garantem maior previsibilidade do fluxo de caixa operacional. A expectativa é de um crescimento gradual do EBITDA, que deve chegar a R$ 11,7 bilhões em 2025 e R$ 12,7 bilhões em 2026, com margens de 26%.

O que pode mudar o rating

A Fitch aponta que uma melhora nos ratings pode acontecer se a empresa reduzir a alavancagem para menos de 4,5 vezes e elevar a cobertura de juros para acima de 2 vezes

Por outro lado, um novo rebaixamento pode ocorrer se a alavancagem superar 5,5 vezes, em caso de redução de demanda ou restrição de acesso ao caixa das subsidiárias.

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