Mercados

Fitch põe nota da França em perspectiva negativa

Crise na zona do euro pode fazer a França perder seu triplo A

A nota da França pode ser rebaixada pela agência (Jasper Juinen/Getty Images)

A nota da França pode ser rebaixada pela agência (Jasper Juinen/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 16 de dezembro de 2011 às 17h10.

Paris - A agência de classificação de risco Fitch anunciou nesta sexta-feira o rebaixamento perspectiva da nota da França de estável para negativa - embora mantenha a máxima 'AAA' -, devido ao previsível aumento da dívida e dos riscos da crise na zona do euro.

A Fitch indica em comunicado que a mudança a perspectiva negativa significa que as possibilidades de a França perder o chamado 'triplo A' são 'ligeiramente superiores a 50%' num prazo de dois anos, e há três elementos que podem desencadear esse descalabro.

O primeiro é uma intensificação da crise da zona do euro; o segundo é o descumprimento das metas financeiros fixadas pelo governo francês - sobretudo o de estabilização da dívida pública -; e o terceiro é um crescimento econômico mais fraco que o esperado.

O comunicado destaca que os compromissos dos líderes na cúpula europeia dos dias 9 e 10 de dezembro e do Banco Central Europeu (BCE) não são suficientes para impedir com certeza os impactos da crise financeira.

'À revelia de uma solução completa, a crise da zona do euro persistirá e pode ser marcada por episódios de severa volatilidade do mercado financeiro', acrescenta a agência.

A Fitch ressaltou que, entre os países que ainda conservam o triplo A na zona do euro, a França é 'o mais exposto a uma maior intensificação da crise' porque seu déficit fiscal é mais elevado e igualmente sua dívida.

De fato, ela assinalou que, de acordo com suas projeções, a dívida pública francesa chegará a um pico em torno de 92% de seu Produto Interno Bruto (PIB), um nível 'significativamente superior' aos outros países do euro que mantêm a máxima qualificação.

É verdade, reconhece a agência, que essa porcentagem não será superior ao estimado para outros dois países que igualmente mantêm essa nota - Estados Unidos e Reino Unido -, mas no caso de ambos, não correm o mesmo risco de uma intensificação da situação na zona do euro.


Embora as autoridades francesas tenham adotado medidas para enfrentar a crise fiscal, a Fitch considera que faz falta 'um calendário de reforma estrutural mais radical' para oferecer maior confiança.

Após saber sobre a decisão da agência, o ministro da Economia da França, François Baroin, indicou que o país mantém sua 'determinação a serviço do crescimento, da competitividade, do emprego e da redução do déficit público'.

Ele lembrou, em comunicado, que o governo adotou medidas para reforçar a credibilidade do esforço de consolidação orçamentária, que se traduziram em caminhos planos de ajuste no final de agosto e início de novembro.

'A França apresenta um nível de obrigações entre os menos elevados dos países com triplo A, em particular graças à reforma da previdência de 2010', acrescentou o ministro da Economia, insistindo que a política econômica do Executivo 'se inscreve em um marco e em um método a longo prazo'.

A advertência da Fitch desta sexta-feira foi a terceira feita sobre perspectiva negativa à França entre as três grandes agências de classificação de risco. A Moody's já havia feito o mesmo em outubro e a Standard and Poor's, em novembro.

* Matéria atualizada às 18h03

Acompanhe tudo sobre:EmpresasPaíses ricosEuropaFrançaMercado financeiroFitchAgências de ratingCrises em empresasRating

Mais de Mercados

Ibovespa se mantém nos 142 mil pontos, em dia de voto de Cármen Lúcia no STF

CPI acima do esperado nos EUA reflete tarifas de importação e diminui espaço para redução de juros

Oracle disparou quase 40% na quarta-feira — e a Jefferies vê espaço para subir mais

Julgamento de Bolsonaro, CPI dos EUA e decisão do BCE: o que move os mercados