Albert Morales, diretor da Belvo no Brasil, vê oportunidade para o Open Finance também dentro do mercado corporativo (Divulgação/Divulgação)
Beatriz Quesada
Publicado em 24 de agosto de 2022 às 09h30.
Última atualização em 24 de agosto de 2022 às 09h31.
A fintech Belvo recebeu um novo aporte do Citi Ventures, braço de investimentos em startups do Citi, para ampliar o foco em Open Finance na América Latina. O foco principal do investimento é o México, onde o Citi é proprietário do Citibanamex – segundo maior banco de varejo do país.
Fundada em 2019 pelos espanhóis Pablo Viguera e Oriol Tintoré, a fintech começou suas operações no México, se expandindo depois para Brasil e Colômbia. Por aqui, a startup encontrou um ambiente fértil para o desenvolvimento de suas operações, impulsionada pelo Open Banking, sistema do Banco Central que permite o compartilhamento de dados bancários entre as instituições financeiras.
A evolução do sistema, o Open Finance, permite o compartilhamento de dados financeiros de pessoas físicas e jurídicas entre várias instituições.
“Ainda há muito a ser feito na operação mexicana, principalmente porque o Open Finance está muito atrasado por lá em comparação com o Brasil. Bancos como o Citibanamex tem muito interesse em ser um dos primeiros a surfar essa onda no México”, afirma Albert Morales, diretor da Belvo no Brasil, em entrevista à EXAME Invest.
A Belvo atualmente possui duas linhas de atuação principais. A primeira delas é permitir o acesso de instituições a diversas bases de dados financeiras, procedentes tanto de fontes reguladas como alternativas, em que a fintech tem acordos individuais para a disponibilização dos dados.
O segundo grande foco de atuação é auxiliar as companhias a interpretar e catalogar as grandes bases de dados. “Não basta apenas ter e acumular dados. É a relação entre petróleo e gasolina, só a última pode ser combustível do carro”, argumenta Morales.
A atuação da empresa envolve o uso de inteligência artificial para transformar bases cruas em dados enriquecidos. Um exemplo seria categorizar uma operação de cartão de crédito, indicando se a compra foi no setor de educação, lazer, entre outros. Uma solicitação que vem crescendo, segundo Morales, é o uso da plataforma para entender melhor o perfil de crédito do consumidor.
O investimento do Citi, no entanto, não deve ficar restrito ao México. Como a operação brasileira do Citi é voltada ao atacado, a expectativa da Belvo é aproveitar essa oportunidade para adentrar no mercado corporativo.
“Um dos nossos interesses é ver como o Open Finance pode revolucionar também a indústria financeira corporativa. Todos estão focados no varejo e esse é um universo amplo que não começamos nem a raspar ainda”, defende Morales.
Entre as aplicações possíveis estão a integração de sistemas de gestão empresarial (ERPs) e facilitação das operações de trade finance, que financiam o mercado de exportação e importação.
Outro foco da fintech na vertente brasileira é obter a licença do Banco Central para ser uma instituição de pagamentos. Isso deve permitir que a Belvo ofereça, dentro de sua estrutura, a iniciação de pagamentos e transferência de dinheiro conta a conta.
“O sistema não processa o dinheiro, mas que facilita o pagamento entre contas usando as APIs [infraestrutura tecnológica]. Permite que a empresa, via Belvo, conecte seu cliente com a conta bancária e o pagamento acontece de maneira programática, sem acessar o banco”, explica Morales.
A evolução na parte de pagamentos foi um dos investimentos da Belvo com sua última rodada de captação, no ano passado, quando a fintech levantou US$ 43 milhões (cerca de R$ 225 milhões) em sua rodada série A.
Com o investimento pontual divulgado esta semana, o Citi Ventures se junta a outros investidores institucionais que haviam entrado na radada série A. Entre eles, Future Positive (Pinterest, Square), Kibo Ventures (Flywire, Coverwallet) e FJLabs (Checkr e Recargapay), além de anjos como Sebastián Mejía, cofundador e presidente da Rappi, e Harsh Sinha, diretor de tecnologia da Transferwise.
Investidores anteriores incluem Kaszek Ventures, Maya Capital, Venture Friends e David Vélez, fundador e presidente do Nubank. A fintech já levantou US$ 56 milhões no total dos aportes, sem considerar o novo investimento do Citi Ventures, cujo valor não foi divulgado.
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