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IOF aumentará variações do dólar, mas tendência é de alta

A redução de 6% para zero do IOF deverá atrair mais recursos de curto prazo para o país e aumentará a volatilidade e as oscilações do dólar no mercado local


	A expectativa é de que o dólar recue, num primeiro momento, mas poderá voltar a subir se a moeda americana continuar se valorizando no mercado internacional
 (REUTERS/Sukree Sukplang)

A expectativa é de que o dólar recue, num primeiro momento, mas poderá voltar a subir se a moeda americana continuar se valorizando no mercado internacional (REUTERS/Sukree Sukplang)

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Da Redação

Publicado em 5 de junho de 2013 às 19h39.

São Paulo - A redução de 6% para zero do IOF sobre investimentos estrangeiros em renda fixa no Brasil deverá atrair mais recursos de curto prazo para o país e aumentará a volatilidade e as oscilações do dólar no mercado local. A avaliação é de bancos e consultorias, após a decisão anunciada ontem à noite pelo governo.

A expectativa é de que o dólar recue, num primeiro momento, mas poderá voltar a subir se a moeda americana continuar se valorizando no mercado internacional, acompanhando a recuperação da economia dos Estados Unidos, ou se as contas externas brasileiras piorarem.

As expectativas não são, portanto, boas para quem vai viajar no curto prazo ou tem dívidas em dólar, apesar da pequena queda da moeda hoje.

Para o HSBC, o dólar deverá recuar com força hoje, assim como as taxas de juros no mercado futuro de DI da BM&FBovespa, pela expectativa de entrada de  mais recursos estrangeiros no país.

Antes, lembra o banco, o estrangeiro precisava descontar 6% sobre o ganho da renda fixa obtido aqui, o que reduzia uma taxa de 8% ao ano paga em um título do governo em um ganho de 2% no primeiro ano. Por isso, era preciso alongar a aplicação para diluir o impacto do IOF.

Prato cheio para fundos de curtíssimo prazo

Agora, o ganho do investidor será o pago pelos títulos menos a variação cambial, se o real se desvalorizar. Será um prato cheio para fundos de curtíssimo prazo caçadores de rentabilidade, como os fundos hedge, reconhece o banco, que destaca que o Brasil paga hoje uma das taxas de juros mais altas do mundo.

Em geral, há três tipos de investimentos estrangeiros: os chamados diretos, que vêm para financiar projetos industriais ou outras atividades produtivas e que ajudam o crescimento do país; os de médio prazo, de fundos de pensão ou outros investidores institucionais que colocam uma pequena parte de seus recursos em títulos de renda fixa ou ações de mercados de maior risco; e os de curtíssimo prazo, que miram o ganho rápido em renda fixa e ficam pulando de país em país.


Todos são importantes, pois ajudam o país a crescer e financiar suas contas externas. Mas, quanto menor a dependência de aplicações de portfólio, ou seja, renda fixa ou ações, e maior o investimento direto, de longo prazo, melhor a qualidade do financiamento externo.

Efeito contrário

O HSBC observa, porém, que a medida poderá ter o efeito contrário. Investidores de mais longo prazo que evitaram sair nas últimas semanas para não pagar o IOF agora poderão vender seus papéis e mandar o dinheiro para fora sem problemas.

Acabou a punição que os obrigava a ficar mais tempo no país para recuperar o imposto e, livres da armadilha do IOF, fundos e investidores poderão deixar ou reduzir sua posição no mercado brasileiro. Isso pode levar a um aumento de remessas e pressões sobre o dólar.

Vai e vem de recursos deve aumentar

Outro impacto será nas movimentações de capital. Os investidores não terão mais preocupação em entrar no país, mas também não terão restrições para sair a qualquer momento em que a situação interna ou externa se deteriore, observa o HSBC. Isso levará a um aumento das oscilações do câmbio em virtude dos cenários interno e externo.

De qualquer maneira, o banco vê a medida como positiva ao tentar mostrar que o Brasil está mais aberto aos investimentos estrangeiros em um momento em que a tendência é de alta do dólar no mundo inteiro.

Mas admite que a pressão sobre a moeda brasileira deverá continuar em meio ao ambiente de aversão ao risco e redução de aplicações em países emergentes por conta da alta dos juros nos títulos do Tesouro dos Estados Unidos.

Moeda seguirá pressionada

O HSBC espera que a moeda americana continue pressionada no Brasil, sob o impacto da deterioração da economia global e seu impacto sobre os preços das commodities, a recuperação dos juros nos EUA e o fraco desempenho da economia brasileira, o que deve manter o dólar entre R$ 2,05 e R$ 2,15.


Piora na qualidade do financiamento externo

A entrada de investimentos estrangeiros de curto prazo, porém, aumentará, e deverá compensar os resultados ruins de outros itens das contas externas brasileiras. Mas, segundo observa a LCA, haverá uma piora na qualidade do financiamento externo brasileiro e não terá impacto no risco-Brasil, que é o diferencial de juros pagos aqui em relação às taxas americanas de juros.

O risco subiu nas últimas semanas e anulou o ganho que havia sido obtido com a alta da Selic em 0,5 ponto na última reunião do Copom, observa a consultoria.

IOF nos futuros, próximo passo

A LCA vê ainda chance de o governo rever o IOF nas posições vendidas em dólar no mercado futuro, como próximo passo para tentar segurar a alta da moeda americana uma vez que a pressão externa continuará, com a alta dos juros nos EUA.

A consultoria manteve a projeção de dólar a R$ 2,05 no fim do ano apostando que o governo vai agir de todas as formas para segurar a moeda para evitar seu impacto na inflação. “O mesmo governo que tanto fez para depreciar o real ao longo do ano passado agora tem pela frente um quadro muito mais desafiador para a inflação”.

A consultoria espera também um aumento das oscilações do dólar no mercado, “mas a tendência de alta da taxa não será freada” com as medidas de ontem, e que não devem parar por aí.

Déficit externo de 4% do PIB

Já Paulo Gala, estrategista da Fator Corretora, espera uma alta nos juros futuros e a desvalorização do real no médio prazo. Ele lembra que há uma forte saída de investimentos de emergentes pela retirada dos incentivos financeiros nos EUA e as contas externas brasileiras têm piorado, assim como os resultados fiscais do governo.

Se as  commodities continuarem em queda, Gala prevê que o déficit externo de contas correntes brasileiros poderá chegar a 4% do PIB, ou US$ 100 bilhões. Para o estrategista, a tendência da moeda americana no Brasil é para cima.

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