Cidade do México: país emergente pode sofrer com onda de venda de títulos soberanos no mercado (Andrew Hasson / Colaborador/Getty Images)
Bloomberg
Publicado em 11 de março de 2021 às 22h22.
Um fundo da Loomis, Sayles & Co., uma das maiores e mais tradicionais gestoras do mundo, vendeu a maior parte de seus títulos de mercados emergentes diante da percepção de que o fortalecimento do dólar e rendimentos crescentes dos Treasuries aumentam o risco dessa classe de ativos na carteira. A Loomis tem perto de 350 bilhões de dólares no mundo.
A gestora Andrea DiCenso, de Boston, vendeu títulos da dívida pública em moeda local de países como África do Sul e México na semana passada, quando o nervosismo em torno da inflação impulsionou os rendimentos dos títulos dos EUA para o nível mais alto em um ano.
O posicionamento reflete a crescente cautela entre investidores sobre o risco de outra onda vendedora de títulos na escala da turbulência de 2013.
Segundo DiCenso, o aumento dos juros reais tende a ser fatal para o desempenho de ativos de mercados emergentes. “Estamos cada vez mais preocupados com a resiliência do ‘trade' de mercado local nas próximas semanas e meses.”
Mas o fundo da Loomis manteve títulos de dívida egípcia e algumas posições brasileiras, enquanto ainda prefere crédito emergente e títulos soberanos em moeda forte.
Títulos de países em desenvolvimento passaram a registrar perdas depois de um rali que atingiu o pico em janeiro, diante da perspectiva de uma política monetária mais apertada e de menos apoio dos bancos centrais.
Ainda assim, alguns fundos de gestoras como a Franklin Templeton dizem que outra onda de vendas pode ser uma oportunidade para comprar, já que a turbulência provavelmente seria apenas um revés temporário.
Em comparação com 2013, os riscos hoje são “mais preocupantes para os mercados emergentes” porque a alavancagem aumentou, disse DiCenso.
A onda vendedora de 2013 sacudiu os mercados emergentes quando o Federal Reserve anunciou que planejava reverter a flexibilização quantitativa (nome para a forte injeção de liquidez no mercado), o que impulsionou os rendimentos dos títulos. Turquia, Brasil, África do Sul, Índia e Indonésia estiveram entre os países com as maiores perdas.
Mas nem todos concordam. A Finisterre Capital diz que expectativas de inflação mais altas são temporárias e espera que os rendimentos de referência dos títulos do Tesouro dos EUA se estabilizem depois de subirem para 1,7% a 1,75%.
“É apenas algo temporário”, disse Damien Buchet, CEO da Finisterre, uma unidade da Principal Global Investors, com sede em Londres. As correções são “bastante saudáveis para nossos mercados”.
A empresa permanece positiva em relação à dívida de mercados emergentes e protegeu seu portfólio reduzindo a exposição a moedas emergentes com alto beta e também o prazo dos títulos para diminuir a sensibilidade aos rendimentos dos títulos dos EUA.
O fundo Emerging Markets Debt Blended Total Return da Loomis, que administra 296,6 milhões de dólares, também vendeu títulos em moeda local da Rússia e da Indonésia.
Os rendimentos dos títulos de 10 anos da Indonésia subiram para 6,86% nesta semana, o maior nível em cinco meses, enquanto os rendimentos das notas russas equivalentes aumentaram para 6,80% em fevereiro.
“Reduzimos drasticamente nossa exposição por causa das mudanças na dinâmica do mercado com o aumento da volatilidade de ativos cruzados”, disse DiCenso. A empresa irá reavaliar sua posição assim que a volatilidade começar “a recuar dos níveis extremamente elevados vistos agora”, acrescentou.