Jerome Powell: presidente do Federal Reserve (MANDEL NGAN/AFP via/Getty Images)
AFP
Publicado em 30 de outubro de 2022 às 11h15.
A Federal Reserve (Fed, banco central) se reúne na próxima semana e o mercado espera que volte a aumentar as suas taxas de juros de referência, devido à inflação que continua alta nos Estados Unidos, apesar dos crescentes riscos de recessão numa economia com sinais de resfriamento.
O Comitê de Política Monetária da Fed (FOMC) se reúne terça e quarta-feira em Washington.
Os preços que continuam subindo, o consumo que se mantém, um mercado de trabalho que permanece tenso: "Estamos quase certos de que o FOMC aumentará as taxas em 75 pontos de base em novembro", anteciparam Jonathan Millar, Chun Yao e Colin Johanson, economistas do Barclays.
Seria a quarta alta consecutiva dessa magnitude nas taxas de juros e levaria as taxas da Fed, atualmente entre 3,00% e 3,25%, para 3,75-4,00%.
A grande maioria dos agentes de mercado aposta em um aumento das taxas dessa magnitude, e o restante espera um aumento de meio ponto percentual, segundo o CME Group.
A decisão será anunciada na quarta-feira às 14h (15h no horário de Brasília) em um comunicado. Então, como é tradicional, o presidente da Fed, Jerome Powell, dará sua entrevista coletiva.
Desde março, a Reserva Federal elevou suas taxas cinco vezes, primeiro em um quarto de ponto percentual, depois em meio ponto e três vezes em 0,75 ponto.
E depois? As taxas continuarão subindo em dezembro, sob o risco de afetar ainda mais o consumo?
"A grande questão é se a declaração do FOMC ou a coletiva de imprensa darão sinais sobre a provável trajetória e política (monetária) em dezembro", observaram os economistas do Barclays.
Segundo eles, "a discussão (...) provavelmente se voltará para o risco de ajuste excessivo".
Embora após dois trimestres de contração os Estados Unidos tenham voltado a crescer no terceiro trimestre, com o PIB em alta de 2,6% na projeção anual (a estimativa para 12 meses se as condições fossem mantidas no momento da medição), a recessão é um fantasma que paira sobre 2023.
"Uma dinâmica (econômica) mais lenta no quarto trimestre apoiaria uma moderação no ritmo de aumentos de juros a partir de dezembro", considera Rubeela Farooqi, economista-chefe da HFE.
Mas "os resultados da inflação serão prioritários sobre qualquer enfraquecimento da economia". Ou seja, a contenção dos aumentos de preços é prioridade, sob pena de afetar a economia.
O índice de preços ao consumidor PCI marcou 8,2% nos 12 meses até setembro, enquanto o índice PCE - mais usado para aposentadoria e o favorito da Reserva Federal - marcou 6,2%, segundo dados divulgados na sexta-feira. A meta da Fed é de 2% ao ano.
Enquanto isso, o índice de desemprego permanece em seu menor valor de 50 anos, em 3,5%, o mesmo nível de fevereiro de 2020, antes da pandemia.