Fomc: Fed mantém juros em 4,25% a 4,50% (Kevin Lamarque/Reuters)
Repórter de finanças
Publicado em 29 de janeiro de 2025 às 16h01.
Última atualização em 29 de janeiro de 2025 às 17h03.
Na primeira reunião de 2025 e a primeira após Donald Trump assumir a presidência, o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) interrompeu o ciclo de corte de juros, nesta quarta-feira, 29, mantendo os fed funds na faixa entre 4,25% a 4,50%.
A manutenção é também a primeira que ocorre após três cortes consecutivos que reduziram os juros em 1 ponto percentual (p.p.) desde setembro -- em ritmo que foi reduzindo-se gradualmente, sendo o primeiro de 0,50 p.p. e os outros dois em 0,25 p.p..
Mas a interrupção do ciclo de afrouxamento monetário não foi uma surpresa – era consenso no mercado que isso aconteceria. Na última reunião, o Fed escreveu em comunicado que indicadores recentes sugeriam que a atividade econômica continuou a se expandir em um ritmo sólido e a taxa de desemprego ainda permanecia baixa.
Neste comunicado, há duas diferenças em relação à última reunião -- o que foi considerado como um tom mais hawkish pelo mercado. A primeira é que saiu a frase "a inflação fez progresso rumo à meta" e entrou "inflação permanece um pouco elevada". Também houve a substituição de "mercado de trabalho geralmente aliviou" para "mercado de trabalho permanece sólido."
Segundo José Maria da Silva, coordenador de alocação e inteligência da Avenue, essas mudanças indicam uma leitura de que aqueles que poderiam ser os gatilhos para mais cortes de juros (menor inflação ou mercado de trabalho mais fraco) se dissiparam.
"Significa basicamente 'higher for longer' e que o Fed não vê indícios para cortar no curto prazo", diz.
O Comitê também não citou diretamente Trump, mas disse que continuará monitorando as implicações das informações recebidas para a perspectiva econômica.
"O Comitê estaria preparado para ajustar a postura da política monetária conforme apropriado se surgirem riscos que possam impedir a obtenção das metas do Comitê. As avaliações do Comitê levarão em conta uma ampla gama de informações, incluindo leituras sobre as condições do mercado de trabalho, pressões inflacionárias e expectativas de inflação, e desenvolvimentos financeiros e internacionais."
No entanto, na coletiva após a decisão, Jerome Powell, presidente do Fed, menciou que a inflação ficou mais perto de meta de 2%, mas enfatizou que segue elevada. Também disse que o mercado de trabalho esfriou em relação ao cenário anterior, em que estava sobreaquecido, mas segue sólido -- entretanto, afirmou não ser mais uma fonte significativa de pressão inflacionária.
"Riscos para metas de emprego e inflação estão relativamente equilibrados [...] As expectativas de inflação estão bem ancoradas. Não precisamos ter pressa para atingir nossa meta", disse Powell.
Powell enfatizou que a meta de 2% de inflação está mantida e não será alvo de revisão e disse ainda que não fará comentários sobre o que o presidente Trump falou a respeito do Fed. Na semana passada, o republicano disse "saber mais sobre taxas de juros do que o presidente do Fed."
Por fim, a autoridade disse que precisa ver progresso real na inflação para considerar mudanças adicionais nos juros.
O primeiro corte do ano está previsto, segundo a plataforma FedWatch, do CME Group, para o meio do ano, com 46% do mercado prevendo uma redução de 0,25 p.p. na reunião do dia 18 de junho. Já o dot plot aponta que 10 dos 19 dirigentes do Fed apostam que até o final do ano o Fed corta em 0,50 p.p. a taxa.