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"Fed errou ao sinalizar pausa antes do payroll", diz consultor da Allianz

Dado de geração de emprego veio mais forte que o esperado em maio

Fed, o banco central americano, deveria ter aguardado divulgação do payroll, diz El-Erian (Samuel Corum / Bloomberg/Getty Images)

Fed, o banco central americano, deveria ter aguardado divulgação do payroll, diz El-Erian (Samuel Corum / Bloomberg/Getty Images)

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Agência de notícias

Publicado em 4 de junho de 2023 às 18h48.

O Federal Reserve (Fed, o banco central americano) não deveria ter levado os investidores a esperar uma pausa nos aumentos de juros em junho antes que as autoridades vissem os números de emprego, diz Mohamed El-Erian, principal consultor econômico da Allianz e colunista da Bloomberg Opinion.

“As pessoas agora vão se perguntar por que eles guiaram o mercado tão fortemente para uma pausa antes deste relatório e antes do próximo CPI”, disse El-Erian à Bloomberg TV, após a divulgação do dado de geração de emprego mais forte do que o esperado.

O relatório de payroll (folha de pagamento, em inglês) mostrou que as empresas americanas criaram 339.000 novas vagas no mês passado, após um avanço revisado para cima em abril. A taxa de desemprego subiu para 3,7%, enquanto o crescimento dos salários esfriou.

Foi a décima-quarta vez seguida que o número de novas vagas superou as expectativas, e a economia dos EUA continua a ser um importante motor de criação de empregos, o que é uma boa notícia, acrescentou El-Erian.

“Achar que um mês de dados fará uma grande diferença é, ao meu ver, se iludir, mas eles colocaram dessa forma — e é uma pena”, acrescentou. “Estamos todos discutindo agora se eles vão só pular uma reunião, ou se será uma pausa mesmo diante de problemas maiores. E esse é o risco de ser excessivamente dependente de dados, é que você fica encurralado em um canto cada vez menor e os dados prendem você lá.”

Expectativas sobre futuro dos juros

Os operadores de renda fixa consolidaram as expectativas de que o Fed fará mais um aperto neste ciclo, mas ainda veem isso como mais provável em julho.

Esta semana, Philip Jefferson, do conselho de dirigentes do Fed, sinalizou que o banco central está inclinado a manter os juros na reunião de junho para dar aos formuladores de política monetária mais tempo para avaliar as perspectivas econômicas. Mas na semana passada, a presidente da regional de Cleveland, Loretta Mester, disse que “tudo está sobre a mesa em junho”, depois que o deflator dos gastos com consumo pessoal (PCE), o indicador de inflação preferido do Fed, subiu em um ritmo mais rápido do que o esperado em abril.

El-Erian acrescentou que teme que as autoridades do banco central americano levem a economia a uma recessão. Por um lado, eles carecem de uma visão estratégica. Por outro, eles têm a meta de inflação errada. Além disso, eles estão tentando restaurar sua credibilidade, disse ele.

“O risco de mais um erro de política, temo, é bastante alto”, disse ele.

“Se eles levam a sério sua meta de 2%, com base nos dados, eles deveriam aumentar”, acrescentou El-Erian. “Porque eles são dependentes de dados e os dados vieram mais quentes do que o esperado.”

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