O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, deve manter a taxa de juros no intervalo entre 4,25% e 4,50% na reunião desta quarta-feira, 18, em uma decisão amplamente antecipada pelos analistas do mercado financeiro.
A expectativa reflete a postura cautelosa do banco central, levando em consideração a inflação controlada, a saúde do mercado de trabalho e as incertezas relacionadas às tarifas e à política fiscal, principalmente com as ações do governo Trump.
No Brasil, analistas do mercado financeiro estão igualmente divididos quanto à direção da política monetária, com a principal expectativa voltada para a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a taxa Selic. Enquanto alguns acreditam que o Banco Central (BC) deve manter a taxa em 14,75%, encerrando o ciclo de altas iniciado em 2023, outros apostam em um pequeno aumento de 0,25 ponto percentual, levando a Selic para 15%.
Inflação e mercado de trabalho sólidos
Com o núcleo da inflação ainda em 2,5% e o desemprego se mantendo em 4,2%, o Fed não vê necessidade de adotar uma postura mais agressiva neste momento. Arthur Mota, macroestrategista do BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME), destaca que a inflação está surpreendendo para baixo, e o mercado de trabalho continua forte, sem a necessidade de ajustes bruscos na política monetária. Para ele, os dados atuais não exigem uma mudança imediata na taxa de juros, permitindo ao Fed uma postura mais observadora e neutra.
Análises do JPMorgan e Goldman Sachs apontam que o Fed deverá revisar suas projeções econômicas, reduzindo possivelmente a expectativa de cortes de juros para 2025, em linha com a postura cautelosa do mercado. A projeção dos analistas é que o Fed pode aumentar suas expectativas de inflação e diminuir suas previsões de crescimento econômico, refletindo o impacto das tarifas e as incertezas fiscais que continuam a afetar a economia dos EUA. Segundo o JPMorgan, o banco central americano deve ajustar suas projeções de crescimento à medida que a incerteza fiscal e as tarifas comerciais permanecem elevadas.
A comunicação do Fed e as incertezas fiscais
O JPMorgan e o Goldman Sachs destacam a necessidade de o Fed manter uma comunicação neutra e estratégica diante das incertezas econômicas e fiscais que ainda dominam o cenário atual. Ambos os bancos destacam que o Fed deve adotar uma postura cautelosa e focada em monitorar os dados econômicos antes de tomar novas ações, dada a volatilidade das tarifas comerciais e as incertezas fiscais que continuam a impactar a dinâmica econômica dos Estados Unidos.
Jamie Dimon, CEO do JPMorgan, reforça a importância de uma estratégia de "wait-and-see" (esperar para ver), dada a incerteza fiscal e os riscos de estagflação que ainda pesam sobre a economia. Segundo Dimon, enquanto o mercado de trabalho segue saudável e a inflação está controlada, o Fed não deveria apressar decisões de corte nas taxas, mas sim aguardar mais sinais sobre a evolução da economia, como o impacto das tarifas e a política fiscal do governo Trump. A estagflação, com a combinação de crescimento econômico fraco e inflação persistente, é uma preocupação que, segundo ele, precisa ser monitorada de perto.
Por sua vez, o Goldman Sachs também aponta que a comunicação estratégica do Fed será crucial para o futuro. O banco destaca que, enquanto as tarifas comerciais e a política fiscal dos EUA ainda são fontes de incerteza, o Fed continuará provavelmente com sua abordagem gradual, mantendo a taxa de juros estável enquanto observa os efeitos dessas variáveis no crescimento econômico e na inflação. Segundo o Goldman, a postura do Fed deve ser voltada para a manutenção da estabilidade, evitando reações apressadas que possam gerar volatilidade adicional no mercado.