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Fed corta juros em 0,25 ponto percentual: decisão não foi unânime

Banco Central americano retoma alívio monetário após cinco reuniões seguidas sem mexer nos juros; diretor indicado por Trump votou por redução ainda maior

Super Quarta: mercado aguarda o discurso de Jerome Powell, o presidente do Fed (BRENDAN SMIALOWSKI / Colaborador/Getty Images)

Super Quarta: mercado aguarda o discurso de Jerome Powell, o presidente do Fed (BRENDAN SMIALOWSKI / Colaborador/Getty Images)

Letícia Furlan
Letícia Furlan

Repórter de Mercados

Publicado em 17 de setembro de 2025 às 15h00.

Última atualização em 17 de setembro de 2025 às 17h03.

Após muita expectativa e pressões políticas intensas, o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) decidiu cortar a taxa básica de juros pela primeira vez em nove meses. O corte, de 0,25 ponto percentual, reduz o intervalo dos juros de 4,25% e 4,5% para 4% e 4,25%.

O movimento já era amplamente aguardado, e as recentes quedas no mercado de trabalho e os dados de crescimento fraco nos EUA criaram espaço para a decisão.

“O comitê julgou que o principal risco que precisa ser manejado no momento está no emprego, sinalizando mais dois cortes ainda neste ano. Acreditamos em mais um terceiro corte no início próximo ano. Isso sinaliza ao mercado que a política monetária vai agir para evitar o risco de desaceleração mais abrupta no mercado de trabalho. O Fed reconhece que a inflação está subindo e deve continuar elevada, mas, dado o balanço de riscos, o órgão preferiu focar no emprego”, explica Luciano Costa, economista-chefe da Monte Bravo, sobre a decisão.

No gráfico que reúne projeções dos membros do comitê, o Fomc vê mais dois cortes de 0,25 ponto percentual ainda neste ano.

A decisão, no entanto, não foi unânime. Stephen Miran, diretor indicado por Donald Trump e que acabou de assumir um assento no colegiado, votou por uma redução ainda maior dos juros, em 0,50 ponto percentual.

Dados econômicos mais fracos abriram espaço para a decisão

"Indicadores recentes sugerem que o crescimento da atividade econômica moderou-se na primeira metade do ano. Os ganhos de emprego desaceleraram, e a taxa de desemprego subiu ligeiramente, mas continua baixa", diz o comunicado que acompanha a decisão.

O desemprego nos Estados Unidos subiu para os níveis mais altos desde 2021, e a criação de empregos em agosto foi muito abaixo das expectativas, com apenas 22 mil postos de trabalho adicionados à economia.

Além disso, uma revisão dos dados de mercado de trabalho revelou que, entre março de 2023 e março de 2024, a economia dos EUA perdeu 911 mil empregos, reforçando as preocupações com uma desaceleração econômica.

Por outro lado, a inflação ainda continua sendo uma pedra no sapato do Fed, com o CPI subindo em agosto e ficando acima da meta. "A inflação aumentou e permanece um pouco elevada", reconhece.

"O Comitê busca alcançar o pleno emprego e uma inflação de 2% ao longo do tempo. A incerteza sobre as perspectivas econômicas continua alta. O Comitê está atento aos riscos em ambas as frentes de seu mandato duplo e considera que os riscos para o emprego aumentaram", continua o texto.

O presidente Donald Trump vinha pressionando o Fed para reduzir as taxas de juros. O republicano tem sido um crítico constante do Fed, acusando a instituição de não cortar os juros de forma agressiva o suficiente, o que, segundo ele, poderia ajudar a impulsionar o crescimento econômico.

Analistas alertam que o Fed vai precisar equilibrar essa pressão política com suas responsabilidades de controlar a inflação e estimular o emprego.

"Comitê estará preparado para ajustar a postura da política monetária conforme necessário, caso surjam riscos que possam impedir a obtenção dos objetivos do Comitê", conclui o comunicado do Fed.

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