Mercados

Fator quer fatia de ações de empresas do Bovespa Mais

Banco deverá investir mais em empresas de menor porte que estão entrando no mercado de acesso da bolsa


	IPO de empresa na Bovespa: "nossa ideia é ter até 15% da carteira do fundo Sinergia 5 em empresas do Bovespa Mais”, diz responsável pela FAR
 (Luiz Prado/Agência Luz)

IPO de empresa na Bovespa: "nossa ideia é ter até 15% da carteira do fundo Sinergia 5 em empresas do Bovespa Mais”, diz responsável pela FAR (Luiz Prado/Agência Luz)

DR

Da Redação

Publicado em 11 de abril de 2013 às 11h05.

São Paulo - A Fator Administração de Recursos (FAR) deve investir mais em empresas de menor porte que estão entrando no mercado via mercado de acesso da bolsa, o Bovespa Mais. A gestora, que já tem tradição no segmento das chamadas “small” e “mid caps” com a família de fundos Sinergia, quer agora aproveitar os incentivos e o esforço da bolsa para trazer novos nomes para o mercado, explica Patricia Valente Stierli, responsável pela FAR.

“Nossa ideia é ter até 15% da carteira do fundo Sinergia 5 em empresas do Bovespa Mais”, diz, referindo-se à última versão da família Sinergia, especializada em ações de empresas menores. O alvo são empresas com faturamento acima de R$ 100 milhões por ano.

A estratégia dos fundos Sinergia, em sua quinta edição, é de longuíssimo prazo, o que permite ao gestor participar das decisões das empresas e ajudar no seu crescimento. A família Sinergia permite resgates apenas após o encerramento do fundo, o que se dá em um prazo de sete anos, com distribuição de dividendos após o quarto ano.

Esse prazo é para evitar problemas com a baixa liquidez dos papéis e para dar tempo para as empresas crescerem e aumentarem os ganhos. É, portanto, quase um fundo de private equity com papéis de empresas abertas ou em vias de abrir capital.

A FAR é uma das mais tradicionais casas de renda variável do mercado, com forte presença no mercado de ações, apesar das idas e vindas da bolsa brasileira nos últimos anos.

Mais recentemente, passou por uma reestruturação, com a substituição de Roseli Machado por Patrícia no comando da gestora. Após 15 anos no comando da FAR, Roseli foi para os Estados Unidos cuidar do braço internacional de investimentos da gestora e ajudar no processo de internacionalização das aplicações dos fundos da casa.

Patrícia assumiu a FAR no ano passado e reforçou a área de análise da gestora, aumentando de cinco para sete o número de analistas, que acompanham cerca de 180 empresas. “Somos uma casa de análise fundamentalista, que leva em conta os cenários macroeconômicos e o desempenho financeiro de cada companhia”, explica Patrícia.


Além dos analistas de ações, a FAR também reforçou sua atuação em multimercados, absorvendo a equipe e os fundos da gestora independente Lotus Investimentos, comandada por Marcos Paolozzi Cunha. Um dos fundadores da também independente FRAM Investimentos, Paolozzi e sua equipe trouxeram para a FAR as estratégias quantitativas que desenvolviam em alguns fundos da Lotus.

“Aumentamos o nível de risco dos multimercados para ampliar os ganhos, o que faz sentido em um ambiente de juros nominais mais baixos e inflação ainda alta”, diz Paolozzi. Segundo ele, com essa busca por um retorno maior, o CDI, juro diário dos papéis privados, não serve mais como referencial dos oito fundos multimercados da casa.

Com o juro mais baixo, faz sentido o investidor ter uma diversificação em multimercados, que possuem maior flexibilidade para atuar em todos os mercados, inclusive no exterior, e podem conseguir assim um ganho acima do da renda fixa tradicional, observa o gestor.

Os fundos da FAR, lembra ele, estão começando este ano a operar no mercado internacional, o que abre novas oportunidades de diversificação e de ganhos. “Além disso, podemos ter uma gestão mais ativa na renda fixa e ainda aproveitar a estrutura de análise de ações da casa para buscar retornos na bolsa”, acrescenta.

Estratégia de longo prazo

A estratégia da Fator para renda variável leva em conta um cenário de longo prazo para a economia brasileira, de quatro a cinco anos, explica Patrícia. Há três anos, a gestora percebeu a tendência de melhora da renda das classes mais baixas e investiu pesado nos setores de consumo voltados para esse público.

Agora, os preços desses papéis já subiram bastante, os ganhos são menores e, portanto, é preciso buscar outras oportunidades. “Temos apostas agora no setor de petróleo, como a Queiroz Galvão, e infraestrutura e logística, como Santos Brasil, e educação”, explica.

Além da estratégia de longo prazo em ações, a FAR também faz movimentos de mais curto prazo. Neste ano, por exemplo, a gestora chegou a ter 25% da carteira dos fundos de ações em caixa, mas reduziu essa parcela para 6% depois de fevereiro, comprando mais papéis de bancos, Petrobras e Marfrig.


No caso da Petrobras, a posição é mais residual, pois um aumento das aplicações só se justificará quando a empresa voltar a aumentar sua produção, afirma Patrícia.

No caso dos bancos, além da queda das ações pelas pressões do governo para reduzir o custo dos empréstimos no ano passado – e que tornou os preços dos papéis mais atrativos -, há a expectativa de menores perdas com crédito e o aumento dos juros básicos, que devem beneficiar o setor.

Já com Marfrig, a expectativa é de que o setor de alimentos e outros do chamado consumo não discricionário (que não dependem de escolha), como alimentos e bebidas, podem ter melhor desempenho que outros segmentos de consumo. Há opções também em Brasil Foods e M Dias Branco, que serão ajudados pela desoneração da cesta básica, mas que já têm prêmios menores. A Fator não está colocando empresas de varejo de bens duráveis nas carteiras, pois acredita que este semestre será ruim pela alta da inflação.

Maiores instabilidades

Sobre o cenário econômico, a gestora vê uma bifurcação de estratégias do governo, com dois objetivos ao mesmo tempo, crescimento econômico e combate à inflação.

“Estamos em um período de transição, mas não vemos comprometimento com uma política dura contra a inflação”, diz Paolozzi. A expectativa é de isso manterá a incerteza no mercado e haverá meses difíceis para a política monetária e para os juros, o que aumentará a volatilidade e o risco também na bolsa. Por isso, a alternativa será não olhar o Ibovespa.

Lá fora, os dados da economia americana estão bastante fortes, com melhora do emprego e o varejo. “A situação não é confortável para o BC brasileiro, pois isso fortalece o dólar e pode puxar os preços das commodities”, diz.

Ele alerta também para a expectativa de alta dos juros americanos, que teria impacto também no mercado brasileiro, “mas ainda vemos um diferencial de juros atraente para o investidor aqui no Brasil”, diz.

Acompanhe tudo sobre:AçõesB3bolsas-de-valoresEmpresasEmpresas abertasservicos-financeiros

Mais de Mercados

"O Brasil deveria ser um país permanentemente reformador", diz Ana Paula Vescovi

Tesla bate US$ 1 trilhão em valor de mercado após rali por vitória de Trump

Mobly assume controle da Tok&Stok com plano de sinergias e reestruturação financeira

Trump não deverá frear o crescimento da China, diz economista-chefe do Santander