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Família investe tudo em bitcoins para viver em camping na Holanda

Eles venderam todas as propriedades, inclusive os brinquedos das três filhas, para investir todo o dinheiro na moeda virtual e viver uma vida minimalista

O "bitcoin", inventado por um japonês que usa o pseudônimo de Satoshi Nakamoto, é uma moeda criptografada (Lam Yik Fei/Getty Images)

O "bitcoin", inventado por um japonês que usa o pseudônimo de Satoshi Nakamoto, é uma moeda criptografada (Lam Yik Fei/Getty Images)

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EFE

Publicado em 24 de outubro de 2017 às 06h29.

Última atualização em 24 de outubro de 2017 às 06h49.

Haia - Uma família holandesa vendeu todas as suas propriedades, inclusive os brinquedos das três filhas, para investir todo o dinheiro na moeda virtual "bitcoin" e viver uma vida minimalista em um camping de Venlo, no sudeste da Holanda, enquanto observa seu capital aumentar.

"Apostamos nesta ideia com um duplo objetivo. O mais importante é levar uma vida simples, na qual nossa felicidade não dependa de coisas materiais. Enquanto isso, investimos o nosso dinheiro em 'bitcoins' e esperamos que se multiplique", explicou à Agência Efe o pai desta família, Didi Taihuttu.

A primeira vez que Didi ouviu falar sobre esta moeda virtual foi em 2012, quando "não tinha nem ideia" do que era nem onde iria chegar esse sistema.

"Comecei a pesquisar e a me interessar por isso. Por curiosidade, comprei alguns 'bitcoins', os vendi e pronto. Não o fiz pensando que iria muito além", afirmou.

O "bitcoin", inventado por um japonês que usa o pseudônimo de Satoshi Nakamoto, é uma moeda criptografada criada a partir de um código de computador e que, quando foi lançada, em fevereiro de 2009, valia apenas alguns poucos centavos de dólar.

O valor dessa criptomoneda já supera os US$ 6.100, segundo os dados atualizados da página de câmbio de moedas digitais "Bitstamp", com sede em Luxemburgo.

Nem Didi nem sua esposa, Romaine, imaginavam que os "bitcoins" seriam tão populares com o passar dos anos, portanto não deram maior importância ao assunto a princípio.

Após seu pai adoecer gravemente em 2015, Didi passou a dedicar mais tempo à sua família e deixou de lado seus negócio, seus interesses e inclusive sua curiosidade pela moeda digital e o dinheiro que tinha investido nesse novo sistema.

"Quando meu pai morreu, em janeiro de 2016, viajamos todos a Bali. Estava na praia, aproveitando um dia maravilhoso, quando um amigo me ligou e pediu para checar a aplicação dos 'bitcoins', pois eu teria uma surpresa", lembrou.

Foi nesse momento que o holandês se deu conta de que as moedas digitais são "a revolução do sistema monetário" porque, ao verificar seu investimento após um ano e meio, o dinheiro que ele adquiriu e comercializou em 2013 "tinha ganhado vários zeros".

Didi conversou com Romaine e disse estar "cansado" de trabalhar muitas horas afastado da família e de "como o apego a questões materiais tinha matado os seus sonhos" e que o mesmo poderia acontecer com suas filhas, de sete, dez e 12 anos.

Desde então, ele considerou que os "bitcoins" eram "a oportunidade perfeita" para uma mudança de vida e convenceu sua família a vender sua casa, sua empresa, três carros e uma moto na Holanda.

"Vendemos até as roupas que não usávamos, os brinquedos das meninas, todos os bens de luxo que tínhamos e investimos tudo em 'bitcoins", afirmou o pai de família.

As filhas não entenderam este projeto a princípio, pois saíram de uma casa com cinco quartos para viver em um bangalô de 50 metros quadrados em um camping de Venlo.

"Depois entenderam. Agora estão contentes. Gostam de dormir juntas e estão felizes com a nossa nova vida", contou Didi.

Segundo o instituto holandês de pesquisas Kantar TNS, cerca de 135 mil famílias do país possuem moedas cifradas atualmente, o dobro em relação ao ano passado.

Muitas pessoas investem uma pequena quantia: 43% dos lares não gastaram mais de 100 euros e mais da metade obteve "lucros modestos" do seu investimento.

"Estamos cientes de que isto é uma aposta e podemos perder tudo. Seria um desastre porque investimos tudo, mas sempre poderemos voltar à rotina de ter um salário e trabalhar", explicou Didi.

O especialista em criptografia Kijn Soeteman se mostrou surpreso com a decisão da família e afirmou à rede de rádio e televisão pública "NOS" que "ainda há muitos obstáculos técnicos que podem causar fortes oscilações" nesta moeda digital.

O sistema, global e descentralizado, permite transações diretas entre usuários, sem intermediários, que ficam registradas em uma base de dados públicos.

Didi, que relata seu dia a dia na página http://www.yolofamilytravel.com, se considera "um exemplo para outras pessoas que querem buscar liberdade" e mostra sua confiança nos "bitcoins" como a moeda do futuro.

"Mesmo que sejamos milionários, continuaremos vivendo uma vida simples. A Holanda é um país muito caro, então o nosso plano é ir para outro lugar, como a Espanha, o país dos nossos sonhos. Ali sobreviveremos graças ao comércio de 'bitcoins'", concluiu Didi.

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