Stuhlberger, da Verde: as principais irracionalidades estão no mercado imobiliário e nos ativos alternativos (Germano Lüders/Exame)
Natália Flach
Publicado em 29 de janeiro de 2020 às 10h29.
Última atualização em 30 de janeiro de 2020 às 07h56.
São Paulo - A decisão do Banco Central de reduzir a taxa de juros para o menor patamar da história, de 4,5% ao ano, tem feito os investidores tomarem mais risco. Com isso, os ativos têm se valorizado muito. "Não existe uma bolha nas bolsas no mundo, mas, no Brasil, sim. Os órfãos do CDI - os rentistas, e eu me incluo nisso - têm diversificado (seu portfólio) todos os dias com (aportes em) crédito privado e private equity.
Esse movimento é muito bom para a economia brasileira, mas para o investidor pode não ser", afirmou Luis Stuhlberger, gestor da Verde Asset, nesta quarta-feira (29), durante evento do Credit Suisse, em São Paulo.
Rogério Xavier, fundador da SPX Capital, concorda que os preços dos ativos estão distorcidos. "Se é bolha ou não, eu não sei, mas foram valorizados pela politica expansionista. O risco é algum fator não previsto fazer as pessoas se sentirem muito expostas e quererem sair. O problema é que a porta de saída é muito estreita", disse. "O risco, portanto, não é se os ativos vão continuar subindo ou não e, sim, o movimento de saída em caso de reversão."
Mesmo assim, os ativos mais caros, segundo Stuhlberger, não estão na bolsa - ainda há chances de altas em alguns papéis "eu vejo até mais racionalidade na bolsa" - e sim no mercado imobiliário e em investimentos alternativos. Segundo ele, 20% do fundo Verde está comprado em ações brasileiras. "Na SPX, a nossa visão ainda é positiva para ações."
"Eu acho que o BC deveria ter parado em 4,75%. Mas o mercado está forçando o BC a cortar mais na próxima reunião, e o 4,25% (patamar) já está precificado - apesar de eu estar posicionado contra isso no fundo, porque se perder é pouco", acrescenta Stuhlberger.
Sobre câmbio, Stuhlberger e Xavier não veem muito espaço para apreciação do real.