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Excesso de shoppings em SP deixa mercado de bônus nervoso

Os investidores estão cada vez mais preocupados de que a General Shopping, que está erguendo mais três shopping centers, tenha dificuldades para enchê-los


	Fachada do Shopping: a General Shopping reportou uma perda de R$ 118 milhões (US$ 53 milhões) no ano passado, a maior desde 2006
 (Divulgação)

Fachada do Shopping: a General Shopping reportou uma perda de R$ 118 milhões (US$ 53 milhões) no ano passado, a maior desde 2006 (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 14 de maio de 2014 às 15h06.

São Paulo - Os shoppings do Brasil estão se revelando as mais recentes vítimas do mal-estar econômico do país no mercado de bônus.

A General Shopping, dona de 18 estabelecimentos, teve seu rating reduzido pela Moody’s Investors Service em 9 de maio devido à preocupação de que o boom de construções no mercado acabará prejudicando os credores, enquanto consumidores, aflitos por causa das crescentes taxas de juros, cortam gastos.

O rebaixamento da nota empurrou as perdas dos US$ 250 milhões em bônus perpétuos da empresa para 3 por cento neste ano, contra um ganho médio de 3 por cento das dívidas de mercados emergentes classificadas como junk.

Os investidores estão cada vez mais preocupados de que a General Shopping, que está erguendo mais três shopping centers, tenha dificuldades para enchê-los em um momento em que a desaceleração na maior economia da América Latina se amplia.

Um indicador de vagas em propriedades comerciais de alto padrão em São Paulo está atingindo o nível mais alto em uma década, ao mesmo tempo em que o varejo experimenta uma queda e o Brasil passa pelo ciclo de aumento de taxas mais longo do mundo para conter a inflação.

“Há um aperto no gasto para consumo discricionário que tem um impacto sobre a demanda por espaço de varejo”, disse Michael Roche, estrategista de renda fixa da Seaport Global Holdings, por telefone, de Nova York.

“O cenário macro encorajou modelos de crescimento muito agressivos que foram implementados em meio a um declive no crescimento”.

Dívida crescente

O rating da empresa foi reduzido em um nível, para B1, ou quatro níveis abaixo do grau de investimento. Um porta-voz da General Shopping preferiu não comentar sobre o corte.

Griselda Bisono, analista da Moody’s, disse em 9 de maio, em um relatório, que o rebaixamento reflete o “perfil estratégico agressivo e métricas de crédito pressionadas” da General Shopping, que tem sede em São Paulo.

A relação da dívida líquida da empresa com os lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização inchou para 6,5 vezes em 2013, contra 4,5 vezes dois anos antes, segundo a Moody’s.

A General Shopping reportou uma perda de R$ 118 milhões (US$ 53 milhões) no ano passado, a maior desde 2006, pelo menos.

“Há muita construção no Brasil e estamos começando a ver pressão no mercado de imóveis comerciais”, disse Bisono, por telefone, de São Paulo.

“Quando você vê todo esse crescimento no setor de shoppings é muito difícil para muitos desses inquilinos crescerem no mesmo nível”.

Os rendimentos dos bônus da General Shopping subiram 0,88 ponto porcentual neste ano, para 12,39 por cento, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Financiamento atrativo

Daniel Delabio, que ajuda a gerenciar US$ 100 milhões na Explorador Capital Management, disse que as notas da General Shopping são atrativas porque a empresa se concentrou em financiamentos de longo prazo que reduzirão a necessidade de assumir mais dívidas.

A General Shopping obteve um empréstimo de R$ 275 milhões em 12 anos, em março, do Banco Itaú Unibanco SA, a uma taxa de juros de 9,9 por cento.

“Uma das maiores coisas que a empresa fez foi levantar essa dívida muito barata”, disse Delabio, por telefone, de São Paulo.

“Esses bônus irão subir. Há alguns problemas com shoppings no Brasil, mas a General Shopping não será afetada tanto quanto outros shoppings. O risco de retorno é muito favorável”.

Em uma pesquisa do Banco Central publicada em 12 maio, analistas previram que o crescimento econômico do Brasil irá desacelerar para 1,69 por cento neste ano, contra 2,3 por cento em 2013.

As vendas do varejo em fevereiro se expandiram apenas 0,2 por cento em relação ao mês anterior, após subirem 0,4 por cento em janeiro.

“O ciclo de alta do mercado imobiliário do Brasil acabou ou está se normalizando”, disse Bisono, da Moody’s.

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