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Evergrande: governo chinês diz que calote não deve acontecer

Sinais de que Pequim está tomando medidas a Evergrande ter mais tempo de gerir suas dívidas pode acalmar investidores globais

Prédio da Evergrande, em Xangai, na China | Foto: Aly Song/Reuters (Aly Song/Reuters)

Prédio da Evergrande, em Xangai, na China | Foto: Aly Song/Reuters (Aly Song/Reuters)

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Bloomberg

Publicado em 23 de setembro de 2021 às 07h55.

Última atualização em 23 de setembro de 2021 às 08h00.

Reguladores financeiros em Pequim emitiram amplas instruções para a China Evergrande: a endividada incorporadora deve se concentrar na conclusão de imóveis inacabados e reembolsar investidores de varejo, além de evitar um default de títulos em dólar no curto prazo.

Em reunião recente com representantes da Evergrande, reguladores disseram que a empresa deveria se comunicar de forma proativa com os detentores de títulos para evitar um default, mas não forneceu orientação mais específica, disse uma pessoa a par do assunto. A incorporadora tem um cupom de US$ 83,5 milhões que vence nesta quinta-feira, com 30 dias de carência para que o pagamento seja realizado.

Não há indicação de que os reguladores tenham oferecido apoio financeiro à Evergrande para o pagamento do título, e não está claro se as autoridades acreditam que a empresa causará perdas aos credores offshore. Autoridades buscam mais detalhes sobre o perfil dos detentores de títulos da Evergrande, disse a pessoa, que pediu para não ser identificada.

Embora a orientação regulatória ofereça poucas pistas sobre qual será o passo dado pela Evergrande, sugere que o governo da China deseja evitar um colapso iminente da incorporadora, o que poderia sacudir os mercados financeiros e reduzir o crescimento econômico. Qualquer sinal de que o governo de Pequim está tomando medidas para que a Evergrande tenha mais tempo para administrar seus problemas de dívida pode acalmar investidores na China e no mundo.

Com o receio de um colapso da Evergrande, os custos de financiamento para outras incorporadoras chinesas com grau especulativo dispararam, levantando dúvidas sobre a saúde financeira de alguns bancos de menor porte do país. Investidores de varejo, compradores de imóveis e fornecedores fizeram protestos em escritórios da Evergrande na China. Os mercados de Hong Kong a Nova York foram sacudidos esta semana em meio a temores de contágio financeiro da incorporadora imobiliária mais endividada do mundo.

Mesmo que a crise da Evergrande possa ser atribuída em parte à campanha do presidente Xi Jinping para reduzir o endividamento de empresas imobiliárias e desencorajar o risco moral, é improvável que seu governo permita um default complicado que possa ameaçar a estabilidade econômica e social. Grandes injeções de capital no sistema financeiro pelo Banco Popular da China nos últimos dias sugerem que as autoridades já estão focadas em restaurar a confiança.

Evergrande, o banco central da China e reguladores dos setores financeiro e de habitação do país não responderam de imediato a pedidos de comentário.

A expectativa de que a Evergrande poderia evitar o pior cenário ajudou a elevar os títulos e ações da empresa na quinta-feira. O título com cupom de 8,25% em dólar da incorporadora com vencimento em 2022 subia 3,6 centavos de dólar, para 28,9 centavos, às 16h32 no horário local, ainda refletindo expectativas de uma forte redução, mas não tão extrema quanto no início desta semana. As ações deram um salto de 18% em Hong Kong, reduzindo as perdas deste ano para 82%.

O rali foi impulsionado em parte por um comunicado da Evergrande na quarta-feira, segundo o qual o pagamento de juros de um de seus títulos em yuan foi “resolvido por meio de negociações fora da câmara de compensação”. A incorporadora provavelmente fechou um acordo com os detentores de títulos locais para adiar o pagamento sem que isso fosse classificado como default, disseram analistas.

Não está claro se a Evergrande poderia fazer algo semelhante com seus títulos em dólar. Embora algumas das notas tenham como detentores o fundador da empresa, o bilionário Hui Ka Yan, e parceiros, os credores também incluem empresas de investimento globais que podem estar menos dispostas a aceitar arranjos de pagamentos obscuros.

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