Invest

Brasileiro poderá investir no carro voador? Eve lança BDR em operação para captar US$ 230 milhões

Companhia tem ações negociadas em Nova York; conversão em BDR viabiliza entrada da BNDESPAR na operação

Eve: companhia anuncia captação de US$ 230 milhões (eVTOL/Divulgação)

Eve: companhia anuncia captação de US$ 230 milhões (eVTOL/Divulgação)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 14 de agosto de 2025 às 09h59.

Última atualização em 14 de agosto de 2025 às 10h56.

A Eve Air Mobility, braço de aeronaves elétricas conhecidas como eVTOL da Embraer (EMBR3), anunciou que irá captar US$ 230 milhões via emissão de ações. Também informou que, além da listagem nos Estados Unidos, passará a ter ativos negociados no Brasil via Brazilian Depositary Receipts (BDRs),

No total, serão 47.422.680 ações ordinárias ao preço de US$ 4,85 por ação, que multiplicados dão o valor total do investimento. O fechamento da operação está previsto para 15 de agosto de 2025.

A oferta direta tem participação da BNDESPAR, subsidiária do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que investirá US$ 75 milhões, Embraer (US$ 20 milhões) e outros investidores institucionais brasileiros e dos Estados Unidos.

No caso da Embraer, sua participação na Eve deve cair de 82% para 73%, algo que a gestão da Embraer já havia sinalizado anteriormente, já que também existe o objetivo de aumentar a liquidez das ações no nível da Eve.

Parte dessas ações será convertida em BDRs, no valor de R$ 26,21 por ação ordinária, para que a BNDESPAR possa investir via Brasil. Os ativos foram aprovados para listagem na B3 sob o código “EVEB31”, confirmando a listagem dupla da companhia. A Eve planeja disponibilizar a negociação de BDRs na B3 para investidores locais, após a conclusão da oferta privada. Os ativos terão liquidez diária assegurada por um market maker, informou a empresa.

“A listagem dupla da Eve nos Estados Unidos e no Brasil está alinhada à nossa estratégia de diversificação da base acionária, ampliando o acesso a investidores de diferentes mercados”, afirma Eduardo Couto, CFO da Eve, em comunicado sobre a operação.

Para o BTG Pactual, “pelo lado da Embraer, o negócio é interessante, pois aumenta a percepção de valor da Eve”.

Isso ocorre em um momento em que a indústria de eVTOL avança da fase de design thinking para certificação e produção, além de muitos dos pares globais da Eve terem tido uma forte reprecificação de valuation nos últimos meses.

“O aumento da liquidez pode ajudar a impulsionar o mesmo movimento no caso dela”, afirmam Lucas Marquiori, Fernanda Recchia e Samuel Alkmim.

Uso dos recursos

A Eve informou, em comunicado, que os recursos provenientes da emissão dos BDRs serão utilizados para pagamento de serviços realizados no Brasil, enquanto o saldo líquido remanescente da oferta direta registrada será destinado a fins corporativos gerais, incluindo financiamento das operações, investimentos estratégicos e amortização de dívidas.

Johann Bordais, CEO da Eve, afirma no comunicado: “Essa captação de recursos representa um importante marco em nossa trajetória, contribuindo com a nossa visão e impulsionando nossa missão de transformar a mobilidade urbana. Estamos orgulhosos em poder contar com a participação do BNDES e valorizamos profundamente o compromisso contínuo da Embraer com a Eve e nosso programa”.

Potencial de valor da Eve

Na visão do BTG Pactual, a maioria dos investidores de Embraer ainda subestima o potencial de valor da Eve, devido ao tempo de maturação do produto e aos riscos típicos de empresas em fase de protótipo. Porém, nos últimos meses, a companhia avançou na redução desses riscos e se beneficiou do progresso global do setor.

“Grandes pares globais tiveram reprecificações impressionantes neste ano (JOBY +120% YTD), enquanto outros enfrentaram condições mais difíceis. Acreditamos que isso servirá como um processo de seleção natural para as empresas mais viáveis do setor”, afirmam os analistas.

Com a expertise de engenharia e produção da Embraer, a Eve está bem posicionada para crescer, sustentando a recomendação de compra para Embraer como uma das principais apostas dos analistas.

Testes de voo

O fôlego para desenvolver o produto até 2027 chegou com o aumento de capital, segundo o BTG Pactual. “Isso proporciona uma significativa reserva de liquidez para a companhia, especialmente à medida que a fase de desenvolvimento do produto atinge um estágio crítico, com planos para que o protótipo em escala real esteja pronto para seu primeiro voo em dezembro”, afirmam os analistas.

Os testes em solo da Eve têm avançado com sucesso, com os motores de sustentação e propulsores já instalados e em avaliação. Após os primeiros voos, a empresa buscará certificação junto à Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) e à Federal Aviation Administration (FAA) antes de produzir o protótipo certificado.

Para o ano fiscal de 2025, a previsão de consumo de caixa é de US$ 200–250 milhões, mas, à medida que os marcos de certificação forem alcançados, a conversão das cartas de intenção em pedidos firmes deve começar a gerar fluxo de caixa por meio dos pagamentos antecipados dos clientes.

Acompanhe tudo sobre:EmbraerEMBR3

Mais de Invest

Como a Exxon planeja recuperar US$ 4,6 bilhões em ativos 'confiscados' pela Rússia

Wall Street renova recordes pelo segundo dia seguido com expectativa de mais cortes de juros nos EUA

Receita Federal abre quinto lote de restituição do IR; veja quem recebe

Inter leva finanças para estádio de futebol: o 'gol' é aumentar sua base de investidores