Londres: o governo britânico tomou emprestado £20,7 bilhões no mês passado, superando as estimativas de mercado de £16,5 bilhões (Lucas Davies/Unsplash)
Redatora
Publicado em 22 de julho de 2025 às 06h21.
Os mercados internacionais operam sem direção única nesta terça-feira, 22, com os investidores atentos ao cenário fiscal no Reino Unido, à instabilidade política no Japão e à nova leva de resultados corporativos nos Estados Unidos, especialmente em meio à escalada de tensões comerciais com a Ásia e a União Europeia.
Na Ásia, as principais bolsas fecharam sem tendência definida. O destaque foi o Japão, onde o índice Nikkei 225 recuou 0,11%, após a coalizão governista perder a maioria no Senado nas eleições do fim de semana. O índice Topix terminou o dia praticamente estável.
Em contrapartida, as ações da SoftBank dispararam até 5,7% no pregão japonês, antes de reduzirem parte dos ganhos. Segundo o Wall Street Journal, a empresa estaria próxima de fechar uma parceria com a OpenAI e a Microsoft para construir um data center em Ohio, como parte de um megaprojeto de infraestrutura de inteligência artificial chamado “Stargate”.
Na China, os índices encerraram em alta: o CSI 300 subiu 0,82% e o Hang Seng, em Hong Kong, avançou 0,54%.
Na Coreia do Sul, o Kospi caiu 1,27%, pressionado pelo ambiente externo e à espera da reunião entre os ministros de Comércio e Finanças do país com representantes dos Estados Unidos marcada para esta sexta-feira. O Kosdaq, voltado a empresas de menor capitalização, recuou 1,06%.
Na Europa, o sentimento é de cautela. Por volta das 5h50 (horário de Brasília), os principais índices registravam perdas: o DAX, da Alemanha, recuava 0,74%; o CAC 40, da França, caía 0,43%; o FTSE 100, do Reino Unido, oscilava perto da estabilidade, com leve queda de 0,02%; e o índice europeu Stoxx 600 perdia 0,36%.
A pressão vem dos dados fiscais do Reino Unido, que mostraram um aumento inesperado do déficit público em junho, o segundo maior já registrado para o mês desde 1993.
Segundo o Escritório Nacional de Estatísticas britânico (ONS), o governo tomou emprestado £20,7 bilhões no mês passado, superando as estimativas de mercado de £16,5 bilhões. O déficit orçamentário, de £16,3 bilhões, foi o terceiro maior da série histórica iniciada em 1997 e coloca pressão adicional sobre a ministra das Finanças, Rachel Reeves, que deve enfrentar questionamentos sobre a sustentabilidade fiscal do país.
Ainda no Reino Unido, o governo deu sinal verde para a construção da usina nuclear Sizewell C, em um projeto que terá participação acionária da estatal Centrica, que investirá £1,3 bilhão na iniciativa. A expectativa é que a usina e outras iniciativas nucleares respondam por mais da metade da expansão da matriz nuclear britânica nas próximas décadas.
Nos Estados Unidos, os futuros de Wall Street operavam com leves variações após o S&P 500 e o Nasdaq renovarem suas máximas históricas na véspera, impulsionados por bons resultados corporativos. Por volta das 5h50, os contratos do S&P 500 recuavam 0,11%, os do Nasdaq 100 caíam 0,25% e os do Dow Jones subiam 0,01%.
Na segunda-feira, o S&P 500 avançou 0,14% e o Nasdaq, 0,38%, enquanto o Dow Jones caiu 0,04%. O movimento foi puxado por apostas positivas para os lucros das gigantes de tecnologia, com destaque para a Alphabet (controladora do Google), que divulga seu balanço na quarta-feira, junto com a Tesla.
Os investidores estão de olho em uma agenda carregada de balanços. Nesta terça, são esperados os resultados de Coca-Cola, Lockheed Martin e Philip Morris.
Também no radar estão os comentários do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, previstos para esta manhã em um evento em Washington.