No cenário atual, o euro encontra-se em torno de 1,17 frente ao dólar, e os investidores podem esperar uma possível valorização para 1,20, com um limite máximo de 1,25 no curto prazo, segundo Bruno Corano. (Montagem sobre fotos de/Freepik)
Repórter de mercados
Publicado em 25 de julho de 2025 às 11h20.
Última atualização em 25 de julho de 2025 às 12h52.
A recente incerteza sobre as tarifas impostas pelos Estados Unidos gerou uma queda significativa no dólar.
No primeiro semestre deste ano, a moeda americana registrou uma desvalorização global de 10%, o pior desempenho para o primeiro semestre desde 1973.
A busca por alternativas a principal divisa americana teve como um dos seus maiores vencedores o euro, que se valorizou 13%.
Dado esse desempenho, qual moeda é mais vantajosa para investir agora? A queda do dólar abriu um ponto de entrada? Teria o euro já se valorizado demais?
De acordo com o economista Bruno Corano, da Corano Capital NYC, existem dois fatores principais a serem analisados antes de tomar qualquer decisão de investimento em moedas: o momento atual e o horizonte de investimento.
O momento atual tem sido favorável ao euro, dado o contexto das tarifas dos Estados Unidos e a necessidade crescente de investimentos em defesa na Europa.
O aumento dos gastos militares acaba atraindo um fluxo considerável de capital para o euro, tornando-o mais atrativo para investidores.
No entanto, ele alerta para o médio prazo e longo prazo, pois o bloco enfrenta uma série de problemas que podem levar à desaceleração econômica.
Esses desafios, embora mascarados pelo aumento nos gastos públicos, podem resultar em uma desvalorização do euro ao longo do tempo.
A economia europeia também depende significativamente das exportações para os Estados Unidos, especialmente de produtos tecnológicos.
"O momento pode oferecer uma oportunidade para o euro se valorizar frente ao dólar, mas acredito que a tendência será contrária no médio prazo", explica Corano.
Ainda assim, para o curto prazo, o euro pode continuar se valorizando, especialmente devido à incerteza em torno das tarifas e ao apelo por mais gastos governamentais em infraestrutura militar.
No cenário atual, o euro encontra-se em torno de 1,17 frente ao dólar, e os investidores podem esperar uma possível valorização para 1,20, com um limite máximo de 1,25 no curto prazo, diz.
A incerteza gerada pelas políticas econômicas implementadas pelo presidente Donald Trump resultou na reprecificação dos ativos americanos, com um prêmio de risco mais elevado sendo incorporado aos ativos denominados em dólar.
Esse movimento afetou as principais bolsas americanas, os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA e, consequentemente, a força do dólar no mercado global.
O especialista em investimentos da Nomad, Bruno Shahini, observa que a instabilidade política nos Estados Unidos tem levado o capital internacional a buscar uma maior diversificação geográfica.
Apesar de os EUA continuarem sendo o maior e mais líquido mercado de capitais do mundo, os sinais de instabilidade política e institucional têm gerado desconfiança nos investidores.
Porém, Shahini ressalta que, no longo prazo, o dólar permanece fundamental, especialmente devido à inovação tecnológica, onde os Estados Unidos continuam na vanguarda, especialmente em áreas como inteligência artificial e computação quântica.
A substituição do dólar por uma moeda como o euro, para ele, não se justifica no médio ou longo prazo, apesar de algum enfraquecimento pontual da influência americana.
Embora o euro esteja atraindo investidores no curto prazo, sua valorização não é necessariamente boa para a Europa.
Um euro forte pode prejudicar as exportações da região, principalmente para os Estados Unidos, o que enfraquece a moeda do bloco europeu.
Segundo Alexandre Chaia, professor do Insper e gestor da Carmel Capital, a fuga do dólar é uma boa estratégia no curto e médio prazo, dado o cenário político incerto, mas o euro também não deve gerar ganhos expressivos.
"Agora é um bom momento para se desfazer de ativos dolarizados, pois a tendência é de queda contínua do dólar", afirma Chaia. "No entanto, não espere grandes retornos com o euro, que pode ter uma valorização limitada no curto prazo."