Repórter
Publicado em 12 de novembro de 2025 às 06h06.
Desde que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o chinês Xi Jinping anunciaram que tinham chegado a um acordo que poderia, enfim, acabar com a guerra comercial entre as duas potências, os mercados têm experimentado um alívio que pode ter conseguido segurar o impacto de outros problemas, como a paralisação do governo americano e os temores sobre uma possível bolha no setor de inteligência artificial (IA). Mesmo assim, segundo o Morgan Stanley (MS), não é hora de os investidores abaixarem a guarda.
Segundo o banco, o cenário-base prevê uma pausa nas medidas tarifárias e pequenas concessões entre os dois países, o que poderia representar um estímulo moderado para o crescimento chinês.
Para a economista Jenny Zheng, o cenário global caminha para maior fragmentação, em um contexto em que os EUA não estabelecem mais sozinhos os rumos da economia internacional. E quatro situações podem acontecer:
Na visão do banco, o cenário mais provável é o de uma trégua de até um ano, com episódios pontuais de tensão comercial.
A redução de tarifas, como a aplicada sobre o fentanil, pode gerar estímulos marginais para a economia chinesa.
O corte de 10 pontos percentuais, por exemplo, tende a elevar as exportações em cerca de 1 ponto percentual, com impacto de 0,10 ponto percentual no Produto Interno Bruto (PIB) real do país. A expectativa é que Pequim faça ajustes econômicos graduais, mas com efeitos limitados sobre o crescimento.
No cenário mais negativo, a trégua comercial se desfaz antes do previsto.
O colapso do acordo resultaria em novas tarifas e barreiras comerciais, prejudicando as cadeias globais de produção e ampliando o conflito em setores estratégicos como tecnologia avançada e minerais raros.
O banco projeta que o índice MSCI China sofreria forte desvalorização, refletindo a intensificação do confronto econômico e o aumento da fragmentação tecnológica.
A hipótese mais positiva considera uma mudança estrutural na economia chinesa, com foco no consumo interno e na reversão das pressões deflacionárias.
A adoção de políticas econômicas mais claras poderia reduzir os prêmios de risco, atrair fluxos de capital estrangeiro e impulsionar os setores voltados à exportação e ao crescimento acelerado. Esse ambiente levaria o índice MSCI China a múltiplos acima de 14 vezes o lucro projetado.
Apesar dessa possibilidade, o Morgan Stanley mantém uma postura conservadora.
A recomendação é priorizar ativos defensivos e monitorar o avanço da política de localização da China, voltada à substituição de importações e fortalecimento da produção doméstica. Zheng conclui que negociações intermitentes, trégua temporária e atritos recorrentes devem se tornar a nova norma nas relações entre Washington e Pequim.