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EUA: um mergulho no subterrâneo que abriga o maior estoque de ouro do mundo

O estoque, que repousa no subsolo da filial nova-iorquina do Federal Reserve, não para de inchar

O preço do ouro foi negociado na sexta-feira a 1.632 dólares a onça
 (AFP)

O preço do ouro foi negociado na sexta-feira a 1.632 dólares a onça (AFP)

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Da Redação

Publicado em 1 de agosto de 2011 às 19h00.

Nova York - Preocupados com a situação da economia atual, quando numerosos governos compram grandes quantidades de ouro como valor de refúgio, é num subterrâneo ultrassecreto de Manhattan, em Nova York, que se amontoa o metal precioso.

O preço do ouro foi negociado na sexta-feira a 1.632 dólares a onça, prova da corrida nervosa dos investidores públicos e privados para este valor. A tal ponto que o maior estoque de ouro do planeta, que repousa no subsolo da filial nova-iorquina do Federal Reserve, o BC americano, perto de Wall Street, não para de inchar.

Durante visita às artérias subterrêneas do banco, um guia explica que cerca de 7.000 toneladas deste metal precioso estão numa caixa forte perfurada na rocha em Manhattan, cinco andares abaixo das ruas fervilhantes de gente.

A riqueza representa uma soma de 350 bilhões de dólares.

Os Estados Unidos podem, também, se prevalecer de serem os primeiros guardiães de ouro do planeta, com 8.133 toneladas de reserva, ou seja mais que o dobro da quantidade detida pela Alemanha, a segunda mais bem classificada.

Uma parte deste tesouro fica estocada nas bases militares de Fort Knox (Kentucky, centro-oeste) e West Point (Estado de Nova York, nordeste). O ouro no subsolo de Nova York pertence, essencialmente, a 36 governos estrangeiros, em busca de segurança financeira e física.

O dispositivo de segurança, particularmente sofisticado, desencoraja os ladrões mais criativos.

O correspondente da AFP foi obrigado a mostrar a carteira de identidade através de uma tela à prova de bala e insonora, antes mesmo de pôr os pés no hall ricamente decorado do banco.

A partir daí, os visitantes são escoltados até o elevador, que leva ao subsolo. Assim que chegam, entram na sala de cofres de onde sai um túnel concluído por um imponente dispositivo cilíndrico de aço, que efetua um movimento de rotação, antes de dar acesso à caverna do tesouro.

No interior, três empregados, que trabalham em diferentes serviços do banco, vêm abrir as três fechaduras de cada cofre cheio do metal precioso.

A inscrição na entrada da sala - da cor de ouro, naturalmente - é tirada de uma citação do célebre escritor alemão Goethe: "o ouro é irresistível".

Os Estados Unidos são, há longo tempo, muito solicitados para guardar o ouro, principalmente durante períodos turbulentos. Em janeiro de 1980, a guerra entre a União Soviética e o Afeganistão, a revolução iraniana e a subida dos preços do petróleo fizeram o ouro subir a 850 dólares a onça. Os preços caíram, depois, a 543 dólares, em junho de 2006.

Hoje, é a vez do euro instável, do dólar na expectativa e do espectro de um calote nos pagamentos dos Estados Unidos, o que leva investidores públicos e privados a buscar refúgio no metal precioso.

O México comprou 93 toneladas de ouro no começo do ano. A Rússia, a Tailândia e a China também pegaram o vírus da compra do metal.

Peter Morici, professor da Universidade de Maryland, advertiu, no entanto, que o ouro pode ser às vezes enganador. "As pessoas pensam que o ouro é o único valor de refúgio, mas a verdade é que é mais dinheiro líquido", comenta ele. "A história provou isso: o ouro pode cair tão rápido quanto subir".

O metal precioso permanece, no entanto, com importância aos olhos de numerosos governos estrangeiros que pediram aos Estados Unidos guardar sua riqueza no subsolo nova-iorquino.

Leonardo Blake, um visitante de 53 anos, se tranquiliza, destacando que o ouro é eterno. "As pessoas pensam que este metal mágico pode abrir todas as portas e, num certo sentido, é a pura verdade".

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