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EUA pode repetir erro de 1967 e enfrentar risco de estagflação, avalia consultoria

TS Lombard vê demanda reprimida, estímulos e juros mais baixos como motores de pressão inflacionária

Dados mostram que a inflação nos EUA está sob controle e o crescimento segue sólido (TIMOTHY A. CLARY /AFP)

Dados mostram que a inflação nos EUA está sob controle e o crescimento segue sólido (TIMOTHY A. CLARY /AFP)

Publicado em 29 de setembro de 2025 às 05h58.

Última atualização em 29 de setembro de 2025 às 09h27.

Os Estados Unidos podem vivenciar uma alta de preços semelhante à que antecedeu a crise de estagflação das décadas de 1970 e 1980, de acordo com a consultoria macroeconômica TS Lombard. As informações foram divulgadas pelo Business Insider. O risco estaria ligado à combinação de cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed), choques de oferta e estímulos fiscais.

A estagflação ocorre quando a economia desacelera ao mesmo tempo em que a inflação se mantém elevada. Esse cenário limita a capacidade de bancos centrais reduzirem juros para estimular a atividade econômica, diferentemente de uma recessão comum.

Dados mostram que a inflação nos EUA está sob controle e o crescimento segue sólido, o que leva grande parte dos analistas a considerar o risco como marginal. Ainda assim, a TS Lombard destaca paralelos com erros de política monetária cometidos no fim da década de 1960.

Quatro fatores que podem acelerar a demanda em 2026

Em nota, Dario Perkins, diretor de macroeconomia global da consultoria, disse que há condições para que a economia americana volte a acelerar a partir de 2026. Essa expansão pode pressionar os preços e dificultar o trabalho do Fed.

Os principais fatores apontados são:

  • Demanda reprimida – A incerteza em torno das tarifas e do mercado de trabalho pode diminuir, levando consumidores a retomar gastos.
  • Política monetária mais flexível – Os cortes de juros do Fed tendem a estimular setores como habitação e bens duráveis. Vendas de casas novas já cresceram 20% em agosto.
  • Ação de outros bancos centrais – Diversos países reduziram juros no último ano, o que deve fortalecer o crescimento global em 2026.
  • Estímulo fiscal – Programas de incentivo nos EUA, Alemanha e China podem reforçar a expansão da demanda.

Para o especialista, se essas condições coincidirem com cortes adicionais de juros, a inflação pode permanecer elevada e até acelerar, reproduzindo parte da dinâmica vista em 1967. Naquele período, a inflação disparou e, em 1980, atingiu quase 15% ao ano, consolidando o quadro de estagflação.

De acordo com a ferramenta FedWatch da CME, a probabilidade de que o Fed mantenha sua taxa básica inalterada subiu de 8% para 14% na última semana. Já as chances de que o BC dos EUA realize dois novos cortes de juros até o fim de 2025 caíram de 73% para 63%, em meio a indicadores de crescimento robusto do PIB e pedidos de auxílio-desemprego abaixo do esperado.

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