Wesley Batista, membro do conselho de administração da JBS: empresário disse que os EUA precisam importar mais porque a produção local não é suficiente para atender ao consumo (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter
Publicado em 6 de outubro de 2025 às 13h46.
Última atualização em 6 de outubro de 2025 às 14h10.
Os Estados Unidos estão enfrentando preços recordes de carne bovina e dependem cada vez mais de importações para atender à demanda interna. A análise é do empresário Wesley Batista, membro da família fundadora e controladora da JBS, segundo reportagem do jornal britânico Financial Times.
Batista afirmou que o país “enfrenta o maior preço da carne bovina da história” e precisa importar mais porque a produção local não é suficiente para atender ao consumo.
Mesmo após as tarifas anunciadas pelo presidente Donald Trump em abril, as importações de carne bovina subiram 30% no primeiro semestre do ano em relação ao mesmo período de 2024.
No caso do Brasil, houve salto de 91% nas vendas aos EUA, que recuaram em agosto após o aumento das tarifas sobre produtos brasileiros de 10% para 50%.
A JBS, maior produtora de carne bovina dos EUA, opera nove unidades no país. A divisão americana representou metade da receita global de US$ 77 bilhões em 2024.
Apesar das tarifas, Batista disse que a JBS não sofre impacto relevante, já que a maior parte da carne consumida nos EUA é produzida internamente. “Os produtos estão ficando mais caros em alguns mercados, mas a demanda continua muito forte, especialmente nos EUA”, afirmou.
Em conferência da Rothschild em Londres no mês passado, Batista destacou que o uso crescente de medicamentos para emagrecimento à base de GLP-1, como Ozempic e Mounjaro, pode estar estimulando a busca por proteínas, já que pacientes são orientados a reforçar o consumo para preservar massa muscular.
Dados do International Food Information Council mostram que 71% dos americanos buscavam aumentar a ingestão de proteínas em 2024, ante 67% em 2023 e 59% em 2022.
Os preços também dispararam. O quilo da carne moída atingiu US$ 13,93 (R$ 74,09) em agosto, alta de 13% em um ano, de acordo com dados do Departamento do Trabalho dos EUA.
A analista Larissa Alvarez, da StoneX, disse ao Financial Times que a disparada de preços é explicada pela menor oferta de gado, que atingiu o menor nível desde os anos 1950. Secas no oeste e sudeste dos EUA reduziram pastagens e levaram pecuaristas a diminuir rebanhos, além de incentivar a venda de bezerros diante de valores recordes.
Fundada há mais de 70 anos pelo pai dos irmãos Wesley e Joesley Batista, a JBS se tornou uma das maiores companhias de alimentos do mundo, também líder em aves e suínos nos EUA. Nos últimos anos, expandiu para ovos, peixes, refeições prontas e produtos vegetais.
Em junho, a empresa transferiu sua listagem primária da B3 para a bolsa de Nova York, movimento que elevou seu valor de mercado para US$ 15,9 bilhões.
A mudança ocorreu apesar de críticas de ambientalistas, que acusam a companhia de contribuir para o desmatamento da Amazônia. O grupo afirma estar trabalhando para eliminar o problema da cadeia de suprimentos.
Batista disse que há espaço para ganhos de eficiência no Brasil, mas ressaltou que os produtores americanos conseguem gerar a mesma quantidade de carne com metade do rebanho em comparação ao Brasil, devido a técnicas de melhoramento genético e nutrição superior.