Invest

Estrangeiros vão às compras na bolsa após 1º turno da eleição

Vantagem mais estreita do ex-presidente Lula sobre o atual presidente Bolsonaro alimenta expectativas de discurso mais ao centro e atrai investidores

Painel de cotações da B3: Congresso de direita pode dificultar que Lula implemente medidas mais radicais se eleito (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações da B3: Congresso de direita pode dificultar que Lula implemente medidas mais radicais se eleito (Germano Lüders/Exame)

B

Bloomberg

Publicado em 5 de outubro de 2022 às 15h19.

Última atualização em 5 de outubro de 2022 às 16h06.

Investidores não residentes compraram ações brasileiras no dia seguinte ao primeiro turno das eleições, atraídos pelo resultado das urnas, que mostrou vantagem mais estreita do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o atual mandatário Jair Bolsonaro do que mostrava a maioria das pesquisas.

Os estrangeiros colocaram cerca de R$ 2,4 bilhões em ações na B3 na segunda-feira, a maior entrada líquida diária desde meados de agosto, de acordo com dados da bolsa compilados pela Bloomberg que excluem potenciais entradas via ofertas de ações.

O Ibovespa saltou 5,5% naquele dia, maior ganho diário desde abril de 2020, com a visão de que uma corrida mais acirrada pode forçar Lula a revelar propostas econômicas mais ortodoxas para angariar apoio para o segundo turno. Ainda por cima, o forte desempenho de partidos mais à direita nas eleições para o Congresso pode dificultar que Lula implemente medidas mais radicais se eleito.

O companheiro de chapa de Lula, Geraldo Alckmin, disse esperar que outros economistas se juntem ao ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga e anunciem apoio ao líder da esquerda antes do dia 30 de outubro.

O foco dos investidores recaiu para qualquer pista que corrobore a crença de que, não importa quem assuma em 1º de janeiro, o Brasil continuará avançando com reformas econômicas e manterá a responsabilidade fiscal.

Assine a EXAME e fique por dentro das principais notícias que afetam o seu bolso. Tudo por menos de R$ 0,37/dia

As ações brasileiras conseguiram escapar da acentuada queda do índice MSCI All Country World Index desde o início do ano. Ainda assim, apesar do ganho de 12% nesse período, o índice MSCI Brasil é negociado a 6,9 vezes o lucro estimado para os próximos 12 meses, em comparação com sua média histórica de dez anos de 11,2 vezes.

Ações brasileiras continuam “mais baratas” em comparação com seus grandes pares emergentes, diz Hasnain Malik, estrategista de mercados emergentes da Tellimer em Dubai. Lula continua sendo o favorito, mas “uma disputa mais acirrada está reservada”, Malik diz.

Uma vitória de Bolsonaro sinalizaria “continuação da privatização”, disse Ray Zucaro, diretor de investimentos da RVX Asset Management em Miami.

Incluindo o dinheiro das ofertas de ações, as ações brasileiras registraram uma entrada líquida estrangeira de mais de R$ 89 bilhões desde o início do ano. Além de múltiplos atraentes, o fato de que o BC brasileiro provavelmente já ter terminado o ciclo de aperto também é favorável para o mercado acionário doméstico.

— Com a colaboração de Heitor Caixeta e Veronica Vilarinho.

Veja também

Acompanhe tudo sobre:Açõesbolsas-de-valoresGoverno BolsonaroIbovespaInvestidoresJair BolsonaroLuiz Inácio Lula da Silva

Mais de Invest

Trump eleito, Copom, Fomc e balanços: o que move o mercado

Não é Nvidia: mesmo com recorde de NVDA, analista prefere outra ação de IA

Cosan (CSAN3): da ‘bacia das almas’ para um upside de 65%

Lucro do Banco PAN alcança R$ 216 milhões no 3º tri, alta de 9%