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Estatais devem seguir voláteis após eleições

Com o novo governante eleito, as dúvidas do mercado poderão persistir até que fique claro o rumo que as estatais tomarão a partir de 2015


	O rali desses papéis nos últimos meses foi motivado basicamente por expectativas relacionadas às eleições presidenciais
 (Dado Galdieri/Bloomberg)

O rali desses papéis nos últimos meses foi motivado basicamente por expectativas relacionadas às eleições presidenciais (Dado Galdieri/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 5 de outubro de 2014 às 15h29.

São Paulo - Assim que o período eleitoral terminar, os fundamentos tenderão a ditar novamente o rumo das cotações das ações de estatais, mas esses papéis deverão seguir voláteis no curto prazo, afirmam analistas consultados pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado.

O rali desses papéis nos últimos meses foi motivado basicamente por expectativas relacionadas às eleições presidenciais, e não pela melhora na gestão das empresas, lembram.

Com o novo governante eleito, as dúvidas do mercado poderão persistir até que fique claro o rumo que as estatais tomarão a partir de 2015.

A preferência pelas ações das estatais devido ao rali eleitoral foi tamanha que, de acordo com um estudo da consultoria Risk Office elaborado a pedido do Broadcast, a rentabilidade do Ibovespa acumulada do início do ano até 25 de setembro foi de cerca de 0,2%, desconsiderando os dividendos pagos no período.

Sem as estatais e sem os dividendos, por sua vez, a variação teria sido negativa em cerca de 3%.

No dia 02 de setembro, essa diferença na rentabilidade, também excluindo-se os dividendos, atingiu um pico de 6 pontos porcentuais, com o Ibovespa incluindo estatais ganhando aproximadamente 13% no acumulado do ano e o índice sem estatais, 7%.

Não é segredo que os investidores desaprovam a ingerência política nas estatais. Isso ficou ainda mais claro quando as ações dessas empresas passaram a subir conforme pesquisas eleitorais mostravam o declínio das intenções de voto para a candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT).

Com as últimas sondagens indicando ampliação da vantagem da candidata petista, porém, os papéis de estatais passaram a apresentar forte queda. Para analistas do mercado, a interferência política nessas empresas pode seguir sendo um problema, caso a presidente seja reeleita.

Relatório do HSBC sobre a Petrobras do dia 29 de setembro cita que, considerando as últimas pesquisas eleitorais, o mercado se precipitou, ao embutir nos preços um cenário positivo.

"Acreditamos que o mercado está precificando excessivamente a possibilidade de mudanças positivas para a empresa, de acordo com o possível resultado obscuro das eleições", dizem os analistas do banco, Luiz Carvalho e Filipe Gouveia.

Para Karina Freitas, analista da Concórdia, no curto prazo, o comportamento das ações das estatais seguirá ligado ao cenário eleitoral, que resvala sobre seus fundamentos, tendo em vista a interferência do governo na gestão dessas empresas.

"Entendo claramente que esses ativos podem registrar um forte movimento de realização (a depender do resultado das eleições), porque responderam muito rapidamente ao longo do ano a expectativas positivas", explica.

Já André Paes, diretor de Produtos da Infinity Asset, opina que, mesmo em caso de vitória de Dilma, não necessariamente as ações "despencarão".

"Tudo dependerá de o governo eleito ou reeleito deixar claras as regras para essas empresas e adotar uma visão mais favorável ao acionista", avalia.

"Em 2002, os investidores achavam que ocorreria uma ruptura com o mercado, mas a tomada de decisões pró-mercado pelo presidente Lula acabaram revertendo essas expectativas", lembra.

O problema é que o atual governo não tem mais a confiança dos investidores, afirma Marcio Cardoso, sócio-diretor da Easynvest. "Acredito que o governo perdeu a credibilidade com o mercado, com tudo que a Petrobras enfrentou", opina.

Sobre a petrolífera, Carvalho e Gouveia, do HSBC, pontuam que a alavancagem do balanço segue muito alta, e existe pouco escopo para reduzir investimentos nos próximos dois anos.

Para eles, é improvável que o crescimento da produção compense as perdas do segmento de refino no curto prazo; não há visibilidade sobre possíveis mudanças na política de preços e pode ser necessário um novo aumento de capital. Em resumo, os fundamentos continuam fracos.

Com relação aos papéis do Banco do Brasil, Karina, da Concórdia, acredita que apresentarão oscilações menos bruscas do que os da Petrobras e da Eletrobras. Isso porque os fundamentos da instituição estão melhores, embora as ações possam sofrer com o cenário macroeconômico fragilizado.

"O BB continuará a ser um dos maiores bancos nacionais, com base de ativos robusta e volume grande de originação em segmentos com menor risco de inadimplência", diz.

Quanto à Eletrobras, a analista diz que o cenário é mais complexo do que o de BB e Petrobras. "Mesmo com uma mudança de governo, a médio e longo prazos, os desafios para a empresa são elevados.

A Eletrobras possui um problema de gestão do sistema deficitário do seu braço de distribuição, ao passo que os segmentos de geração e transmissão passaram por mudanças que levaram à perda de boa parte da geração de caixa", afirma.

Karina ressalta ainda que nenhum dos atuais candidatos deixou claro que reverteria o que foi feito em 2012, quando a Eletrobras aceitou as condições estipuladas para a renovação das concessões, que impactaram negativamente nos balanços da empresa.

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