Operador preocupado na Bolsa de Nova York (Brendan McDermid/Reuters)
Bloomberg
Publicado em 22 de janeiro de 2021 às 14h34.
Última atualização em 22 de janeiro de 2021 às 15h47.
Estrategistas do Bank of America (BofA) alertaram que o “avanço extremo” em Wall Street — que levou as ações a recordes e foi embalado por fortes estímulos governamentais nos Estados Unidos — está formando uma bolha nos preços dos ativos.
“A bolha de políticas governamentais federais está alimentando a bolha nos preços dos ativos em Wall Street”, escreveram estrategistas liderados por Michael Hartnett em nota divulgada nesta sexta-feira, 21. “Quando aqueles que querem permanecer ricos começam a agir como aqueles que desejam ficar ricos, isso sugere o último estágio no estouro especulativo.” Harnett é o estrategista-chefe de Investimentos do BofA.
Os estrategistas preveem correção do mercado e posicionamento para o pico no primeiro trimestre. O indicador BofA Bull & Bear está se aproximando de um “sinal de venda”.
A disparada dos preços no mercado financeiro na esteira do avanço das operações atreladas à inflação vai puxar a inflação da economia real, trazendo a ameaça de reação negativa à retirada de estímulos, condições financeiras mais restritivas e eventos de volatilidade, alertaram os profissionais do banco. Eles destacaram bolhas anteriores nos Estados Unidos, incluindo a das empresas ponto-com e a do mercado imobiliário residencial em 2007-2008.
A valorização dos ativos de risco graças às perspectivas de vacinação contra a covid-19 ganhou fôlego adicional neste ano, com a aposta de que a maioria democrata no Senado dos Estados Unidos trará mais estímulos fiscais, se somando à mão aberta do banco central americano (o Federal Reserve). O índice S&P 500 subiu mais de 70% desde a mínima atingida em março do ano passado, enquanto o Nasdaq 100 quase dobrou e o bitcoin passou de 30.000 dólares.
Os balanços patrimoniais dos bancos centrais se avolumaram em 2020, atingindo recordes no caso do Fed e do Banco Central Europeu. O BofA espera que o balanço patrimonial do Fed alcance o equivalente a 42% do PIB americano neste ano e que o déficit orçamentário chegue a 33% do PIB.