Prio (PRIO3) (PetroRio/Exame)
Para a Prio (PRIO3), antiga PetroRio, a "obsessão" nesse momento é uma só: eficiência.
"Nossa obsessão é ter uma operação eficiente, com baixo custo, segurança e respeito ao meio-ambiente", diz Francilmar Fernandes, diretor de operações (COO) da Prio em entrevista exclusiva à EXAME Invest.
O executivo falou à margem da Rio Oil&Gas 2022, maior evento do setor petrolífero da América Latina, que está voltando ao formato presencial.
Segundo Fernandes, a Prio tem atualmente três grandes projetos, que na verdade "são três grandes abacaxis para descascar".
"Temos revitalização do Campo de Frade, o desenvolvimento do campo de Wahoo e Albacora Leste. Algo que vai absorver muita energia e concentração da equipe da Prio", explica o executivo.
No caso do Campo de Frade, adquirido pela Prio em 2019, a produção já foi quase dobrada. "Entregamos quatro poços, dois produtores e dois injetores, antecipamos a segunda fase da produção, com mais três poços, e vamos seguir com essa sequência. Até maio Frade estava produzindo 15 mil barris, hoje está por volta de 32 mil, indo para 40 mil", explica Fernandes.
O custo efetivo de extração se demostrou muito menor do que esperado, permitindo que a Prio acomodasse a segunda fase da exploração dentro do orçamento do Capex da primeira fase.
"O Campo de Wahoo tem quatro poços produtores e dois injetores. O projeto será executado a partir de um mix de tecnologias maduras que nunca foram colocadas juntas desta forma no Brasil. Essa combinação permitirá estender a vida útil da produção até 2050", diz Fernandes.
Segundo o executivo, Wahoo é extremamente relevante pois abre novas fronteiras para a Prio, tanto do ponto de vista operacional e tecnológico, quanto mercadológico, tanto que foi apresentado com exclusividade durante a Rio Oil&Gas 2022.
"Wahoo é emblemático pelo seu conceito de otimizar recursos já existentes, já que a viabilidade desse campo será possível por causa do subsea tieback com Frade. Nossa solução é economicamente viável, permitindo uma produção de baixo custo, com o menor impacto ambiental possível, incrementando a produção diária da companhia e com redução na emissão de gases de efeito estufa", explica Fernandes.
No caso de Campo Albacora Leste, adquirido pela Prio em abril deste ano da Petrobras (PETR3), o objetivo é dobrar de tamanho, tanto em produção quanto em receita e lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda), investindo US$ 2,2 bilhões.
"Albacora Leste é um campo gigante, com mais de quatro bilhões de barris de petróleo. Quatro vezes mais do que o Campo de Frade, que tem um bilhão. Com todos esses os projetos funcionando 100%, a Prio mais que dobrará a sua produção nos próximos três anos, passando dos atuais 50 mil barris/dia para estimados 120 mil barris/dia", diz Fernandes.
Segundo o executivo, a Prio está trabalhando com um preço do barril de petróleo de US$ 57 para os próximos anos. "Entretanto, acreditamos que o cenário vai se manter como está, por volta dos US$ 80 por barril, pelo menos no curto e médio prazo", salientou Fernandes, "mesmo assim, a Prio vai manter uma rentabilidade interessante até se o petróleo cair a US$ 30 dólares, pois o custo de extração (lifting cost) está na casa dos US$ 11 por barril".
O executivo salientou que a eleição presidencial do dia 2 de outubro não preocupa a Prio. "Nossa operação é mais ligada ao exterior do que ao Brasil. Exportamos 100% da nossa produção petrolífera, e o preço do petróleo é uma cotação internacional. Não tem como mexer. E também, acredito que manter a situação como está é conveniente para todos", dis Fernandes.
A Prio foi a primeira empresa petrolífera a realizar uma transição de um capo maduro, ou seja adquirir um capo petrolífero já descoberto e inicialmente explorado por outra empresa. No Brasil, diz Fernandes, esse é um mercado ainda inciante. Mas em outras regiões é o maior mercado petrolífero.
"No Mar do Norte, no Golfo do México, e em outras regiões petrolífera mais antigas, basicamente só há empresas independentes atuando, pois as major estão olhando para grandes campos, para grandes lugares, e atuam mais na descoberta e na exploração. A Petrobras vai fazer o mesmo, vai explorar campos novos no Amapá, Sergipe, Alagoas, etc... e vai deixar o espaço de Campos e Santos para empresas independentes", diz o executivo.
Segundo Fernandes, para a indústria petrolífera esse movimento é muito positivo, pois cria um ecossistema do setor, aumenta a competitividade e muda o modelo de exploração. Por isso, explica, surgirão no Brasil muitas outras empresas independentes do setor petrolífero e chegarão muitos operadores estrangeiros.
"Entretanto, não acredito que haverá uma consolidação no médio prazo. O mercado está apenas começando, ele vai ficar maduro, e só então fusões e aquisições vão acontecer. No caso da Prio não estamos conversando com ninguém, não estamos olhando para ninguém", diz Fernandes.
O COO da Prio explicou que no curto prazo "todo o drive da companhia é crescimento". "Temos um proftólio de projetos muito grande para tocar. Algo que vai consumir muito dinheiro, cerca de um bilhão e meio de dólares no próximos três ou quatro anos. Haverá tempo para consolidações", conclui Fernandes.