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"Esta privatização passou despercebida e a ação ainda pode multiplicar", diz guru das small caps

Werner Roger, CIO e cofundador da Trígono Capital, explica tese de empresa pouco conhecida entre os investidores em entrevista ao Vozes do Mercado, da EXAME Invest

Werner Roger, CIO e cofundador da Trígono Capital (Leandro Fonseca/Exame)

Werner Roger, CIO e cofundador da Trígono Capital (Leandro Fonseca/Exame)

Guilherme Guilherme
Guilherme Guilherme

Repórter de Invest

Publicado em 12 de março de 2024 às 11h59.

Última atualização em 13 de março de 2024 às 08h23.

Werner Roger, CIO e cofundador da Trígono Capital, é uma das principais referências do mercado brasileiro em small caps. A classe é formada por ações de empresas menores e, normalmente, pouco cobertas pelos investidores. Essa baixa cobertura é o que permite encontrar oportunidades que ninguém está vendo a preços extremamente atrativos. Roger se dedica a analisar essas companhias desde os tempos de Victoire, gestora que cofundou em 2007 com ex-colegas do Citibank, e que recebeu aportes do fundo soberano da Noruega, o Nordbank, para investir em small caps no Brasil. Dez anos depois, Roger decidiu sair da sociedade para montar a Trígono, gestora que já tem 3 bilhões em investimentos majoritariamente em small caps.

Na Trígono, o investimento de longo prazo é levado à risca. Desde sua criação, foram pouquíssimas as mudanças de nomes. Uma das empresas que sempre estiveram no radar da gestora, a Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae). As ações da companhia pelo menos triplicaram de preço desde que passaram a compor o portfólio da Trígono. A empresa tem, hoje, quase R$ 3 bilhões de valor de mercado e, ainda que o tamanho seja representativo, são poucos os investidores que a conhecem.

"É uma empresa até hoje desconhecida, que identificamos por garimpagem de indicadores financeiros. Era uma companhia sem dívida e que pagava dividendos. É a famosa vaca leiteira, mas que ainda pode multiplicar de preço", afirma Werner Roger, em entrevista ao programa Vozes do Mercado, da EXAME Invest.

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A Emae é um resquício do que foi a Light and Power, primeira grande empresa de energia do estado de São Paulo, fatiada em diversas companhias, como Eletropaulo, Light, Cesp, Paranapanema e Auren. A empresa, controlada pelo estado de São Paulo, está prestes a ser privatizada pelo governo de Tarcísio de Freitas. O leilão que deverá marcar a desestatização está previsto para 1º de abril.

Além da expectativa de que a companhia ganhe eficiência com a desestatização, Werner Roger pontua que a Emae ainda conta com um portfólio de ativos atrativo, que, por si só, já valeria a compra da estatal.

O tripé do negócio

Um de seus principais ativos, explica o gestor, é a Usina Hidrelétrica de Henry Borden. O complexo está instalado em Cubatão, foi inaugurado em 1926 e tem uma capacidade instalada de 889MW.

Sua outra hidrelétrica é a de Piratininga, localizada próximo à represa Billings, na Grande São Paulo, e com 472MW de capacidade instalada. A planta está arrendada para a Petrobras até 2025, sob um contrato de IGP-M + 9,2%. 

"Só essa Usina de Piratininga deve valer R$ 3 bilhões, pela produção e por estar localizada próximo à cidade de São Paulo. O contrato com a Petrobras tem gerado uma receita de R$ 120 milhões", diz Werner.

Mas Werner avalia que a joia da coroa é, na verdade, um projeto de geração de energia a gás que ainda não saiu do papel. A companhia, diz Roger, tinha duas usinas térmicas que foram desativadas pelos preços do carvão e diesel. "Só que ela tinha uma licença ambiental para emitir toneladas de CO2 suficientes para gerar 2.000 MW de energia a gás."

A Emae já tentou colocar o plano de pé. Ainda antes da pandemia, a companhia contratou a Siemens, que desenhou um projeto para a empresa. "Foi chamado de Gasem. Esse projeto não foi para frente, porque veio a pandemia. Tinham leilões de energia térmica que não foram feitos devido à queda de consumo de energia. Quem comprar a Emae na privatização está de olho no Gasem. Já entraram a EDF (da França), a CPFL e outros grupos, que talvez estejam de olho no Gasem. Há gás barato na Bolívia e Argentina, que pode ser importado. Ainda não sabemos o valor disso, mas tem muito valor."

O tripé da tese da Trígono ainda com uma terceira perna: a de ativos imobiliários. Roger conta que a companhia tem patrimônios ao longo do Rio Pinheiros, que foram arrendados para a JHSF. "Vai se transformar em um empreendimento imobiliário, com uma passarela que dá no Shopping Cidade Jardim. Só que, daqui a 25 anos, isso volta para a Emae, com todos os investimentos que foram feitos. Ela terá o aluguel e participação na receita. Isso já foi licitado." O CIO, no entanto, pontua que ainda não se sabe o valor desses ativos para a Emae. "A Fipe já avaliou, mas não divulgou os números."

"Ela tem três negócios: hidrelétricas, termelétricas e o patrimônio imobiliário. E ainda tem o Gasen, que é um projeto."

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