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Está mais difícil entrar no mais elitista dos clubes de traders

Em um setor no qual o poder e a influência são medidos em dólares e centavos, talvez este seja o clube mais exclusivo do setor financeiro

Clube de trader: preço de admissão é de pelo menos US$ 25 milhões (Brendan McDermid/Reuters)

Clube de trader: preço de admissão é de pelo menos US$ 25 milhões (Brendan McDermid/Reuters)

Karla Mamona

Karla Mamona

Publicado em 3 de maio de 2018 às 16h12.

Última atualização em 3 de maio de 2018 às 16h12.

(Bloomberg) -- Em um setor no qual o poder e a influência são medidos em dólares e centavos, talvez este seja o clube mais exclusivo do setor financeiro: o preço de admissão é de pelo menos US$ 25 milhões.

Sem nome, nem conselho de diretores, o clube agrupa os mais ricos e bem-sucedidos traders do mundo. Os membros basicamente se tornam sua própria empresa de uma só pessoa, ou até mesmo firmas dentro de firmas, e obtêm um selo de aprovação para administrar produtos complexos normalmente reservados a instituições que gerenciam centenas de bilhões de dólares. E tudo isso sem chamar a atenção dos milionários comuns de Wall Street.

O grupo está ficando mais seletivo. Ninguém está contando, mas pessoas do setor estimam que o total atingiu um pico de não mais que 3.000 há uma década e diminuiu consideravelmente desde a crise financeira. Após meses de entrevistas surgiram as identidades de apenas 12 indivíduos que ganharam o prêmio: um Master Agreement da Associação Internacional de Swaps e Derivados (ISDA).

Entre eles estão os titãs dos fundos de hedge Chris Rokos e Michael Platt e gigantes do Deutsche Bank e do Goldman Sachs que se tornaram clientes de seus próprios empregadores.

No mercado de US$ 542 trilhões de derivativos de balcão, os acordos da ISDA estabelecem as condições de trading entre duas partes. No linguajar de “A grande aposta”, a adaptação feita por Adam McKay do livro “A jogada do século”, de Michael Lewis, eles representam “uma licença de caça” que permite que um investidor se sente na “mesa dos adultos e realize transações de alto nível que não estão disponíveis para amadores bobos”. As firmas que concedem essas licenças ganham acesso aos clientes mais desejáveis possíveis.

“Os bancos fazem esse negócio porque podem cobrar duas ou três vezes mais que uma empresa”, disse Manuel de Souza-Girão, ex-gerente sênior de riqueza do Deutsche Bank e do Credit Suisse. “E é uma boa maneira de atrair clientes valiosos.”

Ou seja, pessoas como Rokos, 47, que tem um patrimônio líquido de US$ 1,2 bilhão, segundo o Bloomberg Billionaires Index. O britânico cofundador da Brevan Howard Asset Management, que agora administra seu próprio fundo de hedge, foi pessoalmente contraparte dos acordos ISDA em 2013, quando montou um family office. Significa que o próprio Rokos estaria em apuros se as transações dessem errado para ele.

Platt, de 49 anos, que dirige a BlueCrest Capital Management, também já teve um acordo ISDA pessoal, disseram pessoas familiarizadas com o assunto. O patrimônio líquido de Platt é estimado em US$ 2,9 bilhões pelo Bloomberg Billionaires Index.

“Este não é um produto lançado para um trader médio que ganha entre US$ 2 milhões e US$ 5 milhões por ano”, disse Nelson Rangel, um ex-trader de crédito que agora é diretor de investimentos da Raven Capital, uma firma de gestão de investimentos para indivíduos ricos. “É algo para traders famosos ou investidores com uma riqueza pessoal significativa que não teriam problemas em depositar grandes quantias como garantia.”

Rokos preferiu não comentar esta reportagem e Platt não respondeu a vários e-mails com pedidos de comentário.

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