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Esse país tem o dólar mais caro do mundo — e não é o Brasil

Real acumula valorização de 13,9% em 2025, mas segue negociado abaixo do valor considerado “justo”; veja o país com o dólar mais alto no mundo

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 11 de agosto de 2025 às 08h41.

Última atualização em 11 de agosto de 2025 às 10h02.

Em alguns países, comprar um dólar exige uma quantia tão alta na moeda local que chega a parecer irreal. No país onde o dólar é mais caro no mundo, com US$ 1, uma pessoa consegue comprar aproximadamente 34,5 litros de gasolina.

As razões para a alta variam — crises econômicas prolongadas, guerras, sanções internacionais, inflação fora de controle —, mas o efeito é o mesmo: a moeda americana se torna um bem escasso e muito valioso.

Segundo levantamento do World Population Review (2025), o Irã tem a cotação mais alta do dólar ao nível global, onde US$ 1 equivale a 438.561 riais, cerca de R$ 56,70 na cotação atual.

Especialistas atribuem o valor a anos de sanções econômicas impostas por países ocidentais, inflação anual próxima de 40% e fuga em massa de investidores para ativos considerados seguros, como ouro e dólar.

Logo atrás vem o Líbano, com 89.500 libras libanesas por dólar. O país enfrenta uma crise cambial sem precedentes, agravada por bloqueios políticos, reservas internacionais baixas e dependência de financiamento externo. Na terceira posição está o Vietnã, onde a cotação é de 25.272 dongs por dólar — neste caso, reflexo de uma política cambial voltada a manter a competitividade das exportações.

Os dez países onde o dólar vale mais

De acordo com o ranking, os dez países com as cotações mais altas para o dólar são:

  1. Irã – 438.561 riais

  2. Líbano – 89.500 libras

  3. Vietnã – 25.272 dongs

  4. Somália – 24.300 xelins

  5. Laos – 22.237 kips

  6. Indonésia – 16.295 rúpias

  7. Síria – 13.600 libras

  8. Uzbequistão – 12.605 soms

  9. Guiné – 8.544 francos

  10. Paraguai – 7.560 guaranis

O papel das distorções cambiais

Um dos indicadores mais conhecidos para medir distorções no câmbio é o Big Mac Index, criado pela revista The Economist. Ele compara o preço do sanduíche do McDonald's em diferentes países para calcular se uma moeda está sobrevalorizada ou subvalorizada frente ao dólar.

Segundo o índice, as moedas mais subvalorizadas são as de Indonésia, Índia e Taiwan, com discrepâncias que chegam a 57% em relação ao dólar. Já países como Suíça e Uruguai estão no extremo oposto, com moedas sobrevalorizadas em até 49,6%.

E o Brasil?

No caso brasileiro, o Big Mac custa R$ 23,90, contra US$ 6,01 nos Estados Unidos. Isso sugere que o real está 28,4% subvalorizado, com uma taxa de câmbio “justa” estimada em R$ 3,98 por dólar, bem abaixo da cotação efetiva de R$ 5,55 usada no cálculo.

Ainda assim, 2025 tem sido um ano de recuperação para a moeda. Entre 1º de janeiro e 11 de agosto, o dólar comercial caiu de R$ 6,3051 para R$ 5,4300, uma valorização de 13,9% do real.

Analistas apontam que o desempenho do real em 2025 se deve a um conjunto de fatores.

A Selic elevada, ainda acima de 12% ao ano, tem atraído capital estrangeiro de curto prazo, enquanto o superávit comercial robusto, impulsionado pelas exportações de commodities, reforça as contas externas.

Além disso, intervenções pontuais do Banco Central têm ajudado a conter movimentos bruscos no câmbio, e as perspectivas de ajuste fiscal, combinadas a uma inflação em trajetória de queda, fortalecem a confiança dos investidores. Esse cenário coloca o real entre as moedas emergentes que mais se valorizaram no ano, mesmo diante de cortes de juros nos Estados Unidos e de tensões comerciais globais.

Por que isso importa?

O valor do dólar em um país afeta diretamente a economia local. Em nações com câmbio muito depreciado, bens importados ficam caros, a inflação aumenta e o poder de compra da população é reduzido. Em contrapartida, exportações ganham competitividade, o que pode ajudar setores específicos, mas nem sempre compensa o peso sobre o consumo interno.

No Brasil, a recente valorização do real ameniza parte das pressões sobre preços e importações.

Ainda assim, o Big Mac Index mostra que, estruturalmente, a moeda segue negociada abaixo do que seria o “justo” em relação ao dólar. Isso indica que fatores de longo prazo — como risco fiscal, instabilidade política e produtividade da economia — ainda pesam sobre a percepção dos investidores.

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