Em alguns países, comprar um dólar exige uma quantia tão alta na moeda local que chega a parecer irreal. No país onde o dólar é mais caro no mundo, com US$ 1, uma pessoa consegue comprar aproximadamente 34,5 litros de gasolina.
As razões para a alta variam — crises econômicas prolongadas, guerras, sanções internacionais, inflação fora de controle —, mas o efeito é o mesmo: a moeda americana se torna um bem escasso e muito valioso.
Segundo levantamento do World Population Review (2025), o Irã tem a cotação mais alta do dólar ao nível global, onde US$ 1 equivale a 438.561 riais, cerca de R$ 56,70 na cotação atual.
Especialistas atribuem o valor a anos de sanções econômicas impostas por países ocidentais, inflação anual próxima de 40% e fuga em massa de investidores para ativos considerados seguros, como ouro e dólar.
Logo atrás vem o Líbano, com 89.500 libras libanesas por dólar. O país enfrenta uma crise cambial sem precedentes, agravada por bloqueios políticos, reservas internacionais baixas e dependência de financiamento externo. Na terceira posição está o Vietnã, onde a cotação é de 25.272 dongs por dólar — neste caso, reflexo de uma política cambial voltada a manter a competitividade das exportações.
Os dez países onde o dólar vale mais
De acordo com o ranking, os dez países com as cotações mais altas para o dólar são:
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Irã – 438.561 riais
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Líbano – 89.500 libras
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Vietnã – 25.272 dongs
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Somália – 24.300 xelins
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Laos – 22.237 kips
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Indonésia – 16.295 rúpias
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Síria – 13.600 libras
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Uzbequistão – 12.605 soms
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Guiné – 8.544 francos
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Paraguai – 7.560 guaranis
O papel das distorções cambiais
Um dos indicadores mais conhecidos para medir distorções no câmbio é o Big Mac Index, criado pela revista The Economist. Ele compara o preço do sanduíche do McDonald's em diferentes países para calcular se uma moeda está sobrevalorizada ou subvalorizada frente ao dólar.
Segundo o índice, as moedas mais subvalorizadas são as de Indonésia, Índia e Taiwan, com discrepâncias que chegam a 57% em relação ao dólar. Já países como Suíça e Uruguai estão no extremo oposto, com moedas sobrevalorizadas em até 49,6%.
E o Brasil?
No caso brasileiro, o Big Mac custa R$ 23,90, contra US$ 6,01 nos Estados Unidos. Isso sugere que o real está 28,4% subvalorizado, com uma taxa de câmbio “justa” estimada em R$ 3,98 por dólar, bem abaixo da cotação efetiva de R$ 5,55 usada no cálculo.
Ainda assim, 2025 tem sido um ano de recuperação para a moeda. Entre 1º de janeiro e 11 de agosto, o dólar comercial caiu de R$ 6,3051 para R$ 5,4300, uma valorização de 13,9% do real.
Por que isso importa?
O valor do dólar em um país afeta diretamente a economia local. Em nações com câmbio muito depreciado, bens importados ficam caros, a inflação aumenta e o poder de compra da população é reduzido. Em contrapartida, exportações ganham competitividade, o que pode ajudar setores específicos, mas nem sempre compensa o peso sobre o consumo interno.
No Brasil, a recente valorização do real ameniza parte das pressões sobre preços e importações.
Ainda assim, o Big Mac Index mostra que, estruturalmente, a moeda segue negociada abaixo do que seria o “justo” em relação ao dólar. Isso indica que fatores de longo prazo — como risco fiscal, instabilidade política e produtividade da economia — ainda pesam sobre a percepção dos investidores.