Bolsa: Ibovespa supera a marca dos 153 mil pontos pela primeira vez (Germano Lüders/Exame)
Publicado em 6 de novembro de 2025 às 12h54.
Última atualização em 6 de novembro de 2025 às 13h08.
Na sequência do movimento positivo dos últimos seis pregões consecutivos, o Ibovespa renovou recorde intraday nesta quinta-feira, 6, ao alcançar a marca dos 154.352 pontos. Em 2025, já são 23 fechamentos em recordes. Parte das ações que compõem o índice também estão operando em máximas históricas.
No fechamento de ontem, 5, quando o Ibovespa fechou acima dos 153 mil pontos, 17 papéis também tiveram o maior fechamento da histórica.
O destaque é o setor de energia elétrica, com nove empresas renovando topos, seguido por três incorporadoras, dois bancos e outras três companhias de setores distintos, segundo dados da consultoria Elos Ayta.
A lista a seguir mostra ações que, assim com o Ibovespa, fecharam o pregão de ontem (5) com valor recorde:
Mas, afinal, por que a bolsa sobe tanto? As estrategistas Cinthya Mizuguchi e Emy Shayo Cherman, do JPMorgan, citam o início do ciclo de afrouxamento monetário nos Estados Unidos, com expectativa de mais um corte de juros pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano) neste ano, como ponto de suporte para a continuidade da alta do Ibovespa.
A melhora no ambiente comercial entre Estados Unidos, China e Brasil, a desaceleração da inflação e a expectativa de corte de juros no Brasil no próximo ano também são fatores que colaboram para o rali da bolsa neste final de ano.
Nesta quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a Selic em 15%. Entretanto, o mercado projeta que a taxa caia no começo do ano que vem (em janeiro ou março), o que pode drenar recursos da renda fixa para a renda variável e favorecer a bolsa.
O mesmo ocorre com os juros dos EUA. Com o corte pelo Fed, os recursos migram do país norte-americano para outros, como os emergentes, incluindo o Brasil. O EWZ, ETF que replica o desempenho do Ibovespa, sobe 38% no ano, enquanto o EZA, da Áfria do Sul, sobe 47% e o EWW, do México, sobe 40%.
O alívio nas tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos também favorece a bolsa. No final de outubro, houve uma aproximação entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, em um encontro na Malásia. O movimento impulsiona a expectativa sobre uma possível queda das tarifas sobre produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos.
Em termos reais, o Ibovespa ainda está longe do topo. O recorde histórico ajustado pela inflação foi atingido em 20 de maio de 2008, quando o índice alcançou o equivalente a 194.034,12 pontos em valores atualizados. Isso significa que o Ibovespa está atualmente 21% abaixo do seu pico real.
"Em outras palavras, ainda há um amplo espaço de valorização caso o Ibovespa volte ao patamar histórico em termos reais", comenta Einar Rivero, da Elos Ayta.
Segundo o especialista, sob a ótica do investidor estrangeiro, a análise também revela distância do topo histórico. Em dólares, o Ibovespa atingiu o seu máximo histórico em 19 de maio de 2008, ao marcar 44.616,04 pontos. No pregão de 5 de novembro de 2025, o índice fechou em 28.494,45 pontos, o que representa uma queda de 36,13% em relação ao recorde.
"Para retomar o maior nível em dólares, o Ibovespa precisaria valorizar 56,58%, alcançando novamente o patamar observado em 2008. Esses dados mostram que, tanto na recuperação do poder aquisitivo interno, quanto na visão do investidor estrangeiro, o índice ainda tem margem expressiva para valorização."
O desempenho do Ibovespa também vem reacendendo uma velha expectativa entre investidores, a do famoso "rali de fim de ano". Tradicional nos mercados, o movimento de alta, que costuma encerrar o calendário com ganhos, ficou ausente em 2024, mas agora volta ao radar com a nova fase de otimismo na bolsa de valores.
O JP Morgan, em suas últimas projeções, via o índice chegar aos 155 mil pontos até dezembro. Para a Genial Investimentos, a projeção oficial da casa é de que o Ibovespa possa chegar aos 161.200 pontos este ano.
A perspectiva também é de otimismo na XP Investimentos. Em relatório divulgado nesta última segunda-feira, 3, a corretora não fez projeções sobre onde o Ibovespa pode parar até o fim deste ano, mas mirou um avanço para até 170 mil pontos em 2026.
A Eleven Financial projeta o Ibovespa em 175 mil pontos em 2026, podendo atingir 190 mil pontos no cenário mais otimista.
Entre os gestores, há quem veja chance do índice retrair antes de engatar este ano novas altas. Fernando Fontoura, sócio-fundador da Persevera Asset, avalia que boa parte do otimismo com o Brasil já está precificada e que o Ibovespa deve encerrar 2025 entre 135 mil e 140 mil pontos, refletindo uma fase mais conservadora.