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Entre 60 bi e 380 bi de reais: para onde vai a Petrobras na bolsa?

As ações caem 20%, num sinal de que os piores momentos de Dilma Rousseff podem estar de volta

Petrobras: A demissão de Pedro Parente aumentou ainda mais as dúvidas sobre o valor de mercado justo da estatal (Mario Tama/Getty Images)

Petrobras: A demissão de Pedro Parente aumentou ainda mais as dúvidas sobre o valor de mercado justo da estatal (Mario Tama/Getty Images)

LA

Lucas Amorim

Publicado em 1 de junho de 2018 às 13h03.

Última atualização em 1 de junho de 2018 às 13h03.

Nesta sexta-feira, a Petrobras subia pouco mais de 2% no pregão quando, pouco depois das 11h, a notícia da demissão de seu presidente, Pedro Parente, suspendeu a negociação dos papéis. Quando a negociação foi retomada, pouco antes das 13h, a queda chegava a 20%. São 54 bilhões de reais a menos, que se somam a quedas que chegaram a 14% em dois dias da última semana.

É tanta volatilidade que nos últimos dias analistas vinham afirmando que era impossível calcular o real valor de mercado da companhia. Com o anúncio da demissão de Parente, a incerteza sobe ainda mais. No início de 2016 a companhia chegou a valer apenas 60 bilhões de reais. Era o ápice da política de intervenção de Dilma Rousseff aliada a preços historicamente baixos do petróleo. Com a alta no preço do insumo e a chegada de Parente, a estatal começou a recuperar terreno.

Chegou a valer mais de 380 bilhões de reais no início de maio, quando a greve dos caminhoneiros fez o valor de mercado da empresa implodir. Entre idas e vindas, a companhia perdeu 120 bilhões de reais nas últimas duas semanas, passando a valer 268 bilhões. Com a notícia de hoje, ninguém se arrisca em calcular quanto a empresa pode valer agora.

O pior é que o anúncio desta sexta-feira trouxe uma nova leva de incertezas. Em sua carta de demissão ao presidente Michel Temer, Parente afirma que sua permanência “Está claro, Sr. Presidente, que novas discussões serão necessárias. E, diante deste quadro fica claro que a minha permanência na presidencia da Petrobras deixou de ser positiva e de contribuir para a construção das alternativas que o governo tem pela frente”. Ou seja: escancarou que o governo precisará de novas cambalhotas para manter o preço do combustível em níveis que não levem a novas greves e que minimamente mantenham uma indecência de gestão na companhia sem esfacelar ainda mais o orçamento. É um equilíbrio quase impossível.

Em relatório publicado nesta quinta-feira o Itaú BBA afirmava que as incertezas sobre a empresa continuam levadas, e não havia perspectivas claras sobre como os eventos futuros irão transcorrer, sobretudo sobre a política de preços.

Na noite desta terça-feira o presidente Michel Temer afirmou à TV Brasil que o governo pode vir a reexaminar a política de preços da Petrobras, mas “com muito cuidado”. É o tipo de comentário que não ajuda em nada a dar previsibilidade aos negócios (o governo soltou nota nesta quarta-feira reiterando que manterá a política de preços da companhia).

“São as decisões políticas que sinalizam aos investidores se eles devem analisar a realidade econômica ou não. E isso acabou nos últimos dias, o que fez com que as ações da empresa sejam negociadas como num cassino”, diz Oscar Malvessi, professor de finanças e especialista em avaliação de balanços da FGV-Eaesp. Nesta sexta-feira, os investidores estão correndo para se desfazer de suas fichas.

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