(Samuel Corum/Bloomberg)
Redação Exame
Publicado em 16 de setembro de 2025 às 06h00.
No dia 29 de janeiro de 2025, o Federal Reserve interrompeu um ciclo de alívio monetário que durou apenas três cortes. Desde então, a taxa de juros ficou na faixa entre 4,25% e 4,5%, por cinco reuniões consecutivas do Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês). Ao que tudo indica, a pausa deve ser interrompida nesta quarta-feira, 17, num momento em que a economia americana dá algum sinal de desaceleração, a inflação segue acima da meta — e a autonomia do Fed está sob risco.
Há uma pressão enorme do próprio Donald Trump para que os juros comecem a cair. Mas a verdade é que a renda variável, que costuma ser negativamente afetada quando os juros de uma economia estão altos — pois a renda fixa, que é mais segura, fica mais rentável — não deixou de registrar ganhos robustos porque o Fed pisou no freio.
Nem nos Estados Unidos, nem aqui no Brasil.
Veja, a seguir, cinco marcos alcançados durante esse período em que o Fed não mexeu nos juros.
Foi dentro do intervalo do ciclo de queda de juros que o principal índice do mercado de ações americano caminhou até bater um recorde de pontuação. O marco foi alcançado, justamente, nesta segunda-feira, 15: o S&P 500 chegou aos 6.619 pontos, na máxima intraday.
O benchmark caminha para um terceiro ano consecutivo de ganhos, caso se mantenha nesse ritmo. O índice acumulou alta de 23,3% em 2024 e de 24% em 2023.
No último dia 10 de julho, a Nvidia tornou-se a primeira empresa da história a atingir um valor de mercado de US$ 4 trilhões, superando gigantes como Apple e Microsoft e renovando o status de empresa mais valiosa do mundo.
A companhia apresentou uma escalada nos lucros com a alta demanda de desenvolvedores de inteligência artificial, especialmente após o lançamento do ChatGPT no final de 2022.
Na trajetória rumo à posição de empresa mais valiosa do mundo, a Nvidia, fundada em 1993, ultrapassou os US$ 2 trilhões de market cap em fevereiro do ano passado. Em junho último, se consolidou acima dos US$ 3 trilhões.
As ações da Alphabet, controladora do Google, alcançaram a marca de US$ 3 trilhões em valor de mercado nesta segunda-feira, 15– um território até agora restrito a Apple, Microsoft e Nvidia.
O salto mais recente coroou uma arrancada que começou no início de setembro, quando o juiz Amit Mehta decidiu contra a aplicação das penalidades mais duras propostas pelo Departamento de Justiça (DOJ) em um caso antitruste. A agência queria forçar o Google a vender o navegador Chrome, depois que um tribunal distrital concluiu, no ano passado, que a empresa mantinha um monopólio ilegal em buscas e publicidade digital.
A decisão foi considerada positiva para investidores, já que deixou a gigante de buscas livre da medida mais extrema. As ações dispararam para níveis recordes logo após a sentença.
Com a disparada, os papéis da Alphabet já acumulam alta de 30% em 2025.
No Brasil, onde os juros da economia são os maiores em quase 20 anos, o Ibovespa também chegou na maior pontuação histórica no intraday. O marco também foi alcançado às vésperas da reunião em que o Fed deve retomar o ciclo de alívio monetária.
Mas os recordes vinham sendo batidos há meses, ainda que o volume de negócios na bolsa brasileira tenha chegado ao menor nível em seis anos.
Em 2025, o Ibovespa acumula alta de 19,34%.
O contrato do metal precioso para dezembro na Comex chegou à máxima intradiária de US$ 3,724 mil na sessão de ontem.
O ouro é um ativo de proteção, já que há uma redução no custo de oportunidade de manter posições no metal precioso, o que tende a atrair mais investidores, especialmente em um momento em que crescem as preocupações geopolíticas.
O enfraquecimento do dólar diante de uma expectativa para uma política monetária mais branda aumenta a demanda pelo ouro como reserva de valor, ampliando a pressão para compra e sustentando os preços em níveis recordes.