Amazon: demissão de 14 mil funcionários no mês passado (400tmax/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 21 de novembro de 2025 às 17h51.
Mais de 14 mil funcionários foram demitidos pela Amazon no mês passado, e os engenheiros foram os mais afetados, segundo dados enviados pela big tech em notificações de Ajuste e Retreinamento de Trabalhadores (WARN, na sigla em inglês) enviadas a agências estaduais, documento obtido pela CNBC.
Em Nova York, Califórnia, Nova Jersey e Washington, quase 40% dos mais de 4.700 cortes registrados eram de posições de engenharia.
Os números representam apenas parte do total anunciado em outubro, já que a exigência de divulgação varia de estado para estado. A Amazon se juntou a uma lista crescente de empresas de tecnologia que reduziram drasticamente o número de funcionários este ano, mesmo com o aumento de suas reservas de caixa e o crescimento dos lucros.
O CEO Andy Jassy vem conduzindo uma mudança para tornar a Amazon mais enxuta e menos burocrática, buscando operar como “a maior startup do mundo”. A companhia deve anunciar uma nova rodada de cortes em janeiro.
A big tech afirmou que também está redirecionando recursos para investir mais em inteligência artificial, com Jassy prevendo em junho que o número de funcionários corporativos diminuirá nos próximos anos, juntamente com os ganhos de eficiência proporcionados pela IA.
Já a diretora de recursos humanos, Beth Galetti, enfatizou a importância da inovação e que a empresa agora terá que fazer mais com menos pessoas, especificamente engenheiros.
“Esta geração de IA é a tecnologia mais transformadora que vimos desde a internet, e está permitindo que as empresas inovem muito mais rápido do que nunca”, escreveu Galetti. “Estamos convencidos de que precisamos nos organizar de forma mais enxuta, com menos níveis hierárquicos e mais autonomia, para avançarmos o mais rápido possível para nossos clientes e negócios.”
A Amazon informou que a maior parte das demissões não foi motivada pela IA, mas sim pelo esforço de reduzir burocracia e aumentar agilidade interna. Os cortes atingiram vários níveis de engenheiros de software, porém os profissionais de nível intermediário (Software Engineer II) foram os mais impactados, segundo dados da WARN.
Ao mesmo tempo, o avanço da IA está reduzindo a oferta de vagas em desenvolvimento de software, já que empresas passam a adotar assistentes de código e plataformas de programação intuitiva, como as oferecidas por Cursor, OpenAI e Cognition. A própria Amazon lançou sua alternativa, chamada Kiro.
Mais de 500 gerentes de produto e gerentes de programa foram demitidos como parte dos cortes, de acordo com registros estaduais com avisos WARN, representando mais de 10% do total. Cargos de gerência sênior e de nível principal também foram afetados, conforme mostram os documentos.
A divisão de videogames da Amazon também foi alvo da onda mais recente de demissões, segundo documentos da Lei WARN da Califórnia. Steve Boom, vice-presidente de Áudio, Twitch e Jogos, informou aos funcionários, em um memorando visto pela CNBC, que haveria “reduções significativas de funções” nos estúdios de jogos de San Diego e Irvine, na Califórnia, além da equipe central de publicação.
Designers de jogos, artistas e produtores representaram mais de um quarto dos cortes em Irvine e cerca de 11% dos funcionários demitidos nos escritórios da Amazon em San Diego, de acordo com documentos apresentados à imprensa.
Além disso, a Amazon comunicou que está interrompendo grande parte do trabalho de desenvolvimento de jogos de grande orçamento (AAA), especificamente os jogos online multijogador massivos (MMOs), escreveu Boom. A Amazon lançou MMOs como Crucible e New World e também desenvolvia um MMO baseado em “O Senhor dos Anéis”.
A companhia ainda reduziu significativamente suas equipes de busca visual e compras, de acordo com reportagem da CNBC. A equipe era baseada principalmente em Palo Alto, Califórnia, e os avisos WARN indicam que engenheiros de software, cientistas aplicados e engenheiros de garantia de qualidade foram fortemente afetados nos escritórios da região.
O negócio de publicidade online da Amazon, um de seus maiores centros de lucro, também sofreu cortes. Mais de 140 vagas nas áreas de vendas e marketing de anúncios foram eliminadas nos escritórios da empresa em Nova York, representando cerca de 20% dos aproximadamente 760 postos cortados, segundo documentos estaduais consultados pela CNBC.