Mercados

Endividamento a baixo custo alivia EUA de fracasso da 'supercomissão'

Grupo criado para resolver o déficit do país ainda não conseguiu chegar a um acordo para o problema

A forte demanda por títulos de dívida do Tesouro permite o pagamento de taxas baixas (AFP/GETTY IMAGES / Alex Wong)

A forte demanda por títulos de dívida do Tesouro permite o pagamento de taxas baixas (AFP/GETTY IMAGES / Alex Wong)

DR

Da Redação

Publicado em 21 de novembro de 2011 às 17h23.

Washington - Apesar do provável fracasso da "supercomissão" orçamentária dos EUA - que não dá sinais de definição às vésperas da data limite para reduzir o déficit orçamentário do país - os americanos gozam de um luxo que os políticos de outros países não possuem: taxas de juros muito baixas.

A forte demanda por títulos de dívida do Tesouro permite o pagamento de taxas baixas. Nesta segunda-feira, as obrigações a seis meses pagavam uma taxa média de 0,04%. Na mesma data, a França pagou 0,742% por obrigações com o mesmo vencimento. Ao final de outubro, a Espanha pagou 3,302%, e a Itália 3,535%.

No âmbito político, no entanto, Washington retomou quatro meses depois as discussões que abalaram o país em julho e agosto, quando foi discutido o limite da dívida. A "supercomissão" organizada para essa tarefa, no entanto, não conseguiu chegar a um consenso sobre como reduzir o déficit sem comprometer o crescimento.

Segundo especialistas, a tarefa é colossal. A dívida pública, que superou nos últimos dias 15 trilhões de dólares, equivale a 100% do produto interno bruto.

O déficit orçamentário alcançou 1,299 trilhão de dólares no exercício de 2011, finalizado em 30 de setembro. A Casa Branca e o Congresso acreditam que poderão reduzir esse montante em um bilhão no exercício atual, o que seria a primeira redução desde 2008.

A instancia bipartidária de 12 congressistas, no entanto, estava nesta segunda-feira a ponto de abandonar seus esforços para acordar medidas que reduzam o déficit orçamentário do Estado Federal em ao menos 1,2 trilhão de dólares em 10 anos.

O presidente Barack Obama, que acaba de retornar de uma visita à Ásia, se recusou a falar sobre o andamento das conversações, ignorando perguntas de jornalistas sobre o assunto durante a aprovação de uma lei a favor do emprego para os veteranos de guerra.

A lei diz que na ausência de um compromisso antes da meia-noite de quarta-feira, seriam acionados cortes automáticos.

"Com isso, é improvável que as projeções de déficit sejam alteradas substancialmente", disse Alec Phillips, analista do banco de investimentos Goldman Sachs.

Contudo, caso esse ajuste automático seja acionado, o gastos públicos serão os mais atingidos, forçando o Estado Federal a realizar drásticos cortes, que começarão em 2012 e serão sentidos principalmente em 2013.

Segundo cálculos de analistas da Nomura, caso não haja mudanças, a economia americana deverá ter seu crescimento reduzida em 3 pontos percentuais em 2013 devido aos cortes nos gastos públicos.

Acompanhe tudo sobre:Países ricosEstados Unidos (EUA)Mercado financeiroDéficit públicoEndividamento de paísesTítulos públicos

Mais de Mercados

Ozempic sem injeção? Pílulas podem desbancar as famosas canetas, diz Novo Nordisk

Fundador do Peixe Urbano explica por que a 'febre de 2010' chegou ao fim

Berkshire Hathaway separa funções de CEO e chairman e prepara sucessão de Buffett

Paramount prevê comprar Free Press por US$ 150 milhões e nomear ex-NYT como chefe da CBS News