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Empréstimo sindicalizado deslancha com alta de custo de captação

Odebrecht e Centrais Elétricas Brasileira estão entre as empresas que planejam levantar recursos por meio de empréstimos sindicalizados em 2011

Obras da Odebrecht: empresa acredita que o empréstimo sindicalizado é uma operação que ajuda a liberar limites de crédito com a entrada de vários bancos (Divulgação/Odebrecht)

Obras da Odebrecht: empresa acredita que o empréstimo sindicalizado é uma operação que ajuda a liberar limites de crédito com a entrada de vários bancos (Divulgação/Odebrecht)

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Da Redação

Publicado em 14 de dezembro de 2010 às 05h27.

São Paulo e Londres - A Odebrecht SA e a Centrais Elétricas Brasileiras SA planejam levantar recursos por meio de empréstimos sindicalizados em 2011 para financiar seus investimentos. A iniciativa sinaliza que o mercado de crédito bancário pode deslanchar depois de ter movimentado US$ 4,7 bilhões, o menor valor em cinco anos.

A Eletrobras, maior empresa de eletricidade da América Latina, pode tomar os empréstimos depois de fazer uma emissão internacional de títulos de dívida. A estatal planeja aumentar o volume de investimentos em 50 por cento, para US$ 9 bilhões em 2011, disse Armando Casado, diretor financeiro da empresa.

A Odebrecht Engenharia e Construção está avaliando a possibilidade de tomar empréstimos depois que as taxas de referência para títulos corporativos subiram 48 pontos-base desde novembro, para 6,12 por cento, o maior nível em três meses, de acordo com JPMorgan Chase & Co.

“O empréstimo sindicalizado é uma excelente oportunidade para cobrir momento em que a janela de oportunidade está fechada para bonds,” disse Jayme Gomes da Fonseca Jr., diretor financeiro da Odebrecht, em entrevista por telefone de Salvador. “É uma operação que ajuda a liberar limites de crédito com a entrada de vários bancos.”

Esses planos de captação podem colaborar para que os empréstimos corporativos no Brasil mais que dobrem em 2011 para US$ 10 bilhões, segundo Conrado Lautenberg, chefe de dívida sindicalizada do Banco Santander SA em São Paulo. Os empréstimos bancários a empresas caíram 64 por cento este ano, segundo dados compilados pela Bloomberg.

O recorde para este tipo de operação foi em 2007, num total de US$ 30 bilhões. A emissão de empréstimos corporativos nos Estados Unidos subiu 86 por cento em relação a 2009, para US$ 880 bilhões.

‘Alternativas’

Este ano, as empresas brasileiras pagaram juros entre 200 e 225 pontos-base acima da taxa Libor para empréstimos com prazo de cinco anos, contra um spread de 300 pontos-base em 2009, disse Lautenberg. Um ponto-base equivale a 0,01 ponto percentual e a Libor é a taxa cobrada entre bancos no mercado londrino.

“Acreditamos que existe espaço para as taxas caírem mais ao longo de 2011 por conta da maior concorrência dos bancos e do menor risco país”, disse Casado, da Eletrobras, em entrevista por telefone de Nova York. “Vamos voltar ao mercado externo, primeiro com uma oferta de bônus e, depois, buscando alternativas de empréstimos sindicalizados novamente.”

A Eletrobras, com sede no Rio de Janeiro, planeja captar US$ 1 bilhão em títulos com prazo de 10 anos no início de 2011, disse Casado. O rendimento do título da companhia de cupom 6,875 por cento e vencimento em 2019 saltou 71 pontos-base desde 4 de novembro para 4,74 por cento, de acordo com a Bloomberg.

A crise da dívida soberana na Europa e a alta dos juros dos títulos do Tesouro americano estão elevando os custos de captação para os emissores de países emergentes.

A emissão de títulos pelo Brasil diminuiu no mês passado, após o aumento dos custos ter forçado a Irlanda a buscar um resgate de 85 bilhões de euros (US$ 113,7 bilhões) junto a governos europeus e ao Fundo Monetário Internacional, deflagrando temores de que a crise de dívida da região possa se espalhar para Espanha e Portugal.

O rendimento dos títulos do Tesouro americano com vencimento em 10 anos avançou 49 pontos-base nos últimos 30 dias para 3,28 por cento.

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