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Ofertas de ações podem alcançar R$ 40 bi em 2017

Um volume de até R$ 15 bilhões em emissões de ações já está engatilhado nos bancos de investimento para ocorrer ainda este ano

IPO do Carrefour: 2017 poderá ser o melhor ano para emissões de ações desde 2009 (Paulo Whitaker/Reuters)

IPO do Carrefour: 2017 poderá ser o melhor ano para emissões de ações desde 2009 (Paulo Whitaker/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 11 de setembro de 2017 às 10h32.

Última atualização em 30 de julho de 2019 às 13h28.

São Paulo - Um volume de até R$ 15 bilhões em emissões de ações já está engatilhado nos bancos de investimento para ocorrer ainda este ano. Se confirmado, 2017 somará um montante de cerca de R$ 40 bilhões, registrando o melhor exercício para esse tipo de operação desde 2009. Exclui-se dessa conta o ano de 2010, marcado pela mega capitalização da Petrobras, de R$ 120 bilhões, que distorce os números daquele período.

Em parte, algumas companhias que vislumbram o mercado de capitais para captação via oferta de ações estão acelerando os preparativos para realizarem as emissões o mais rápido possível, de forma a evitarem as incertezas que podem surgir quando a agenda eleitoral ganhar a cena, no ano que vem. Outro fator que desponta como preocupação é o ajuste fiscal, visto que já está certo que o próximo governo terá de retomar essa pauta.

Para o próximo mês, a empresa do setor de alimentos Camil, a de tecnologia da informação Tivit e a do setor de energia Neoenergia já pediram registro para realizarem suas ofertas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês), ao passo que Vulcabrás, Eneva e Paranapanema estão na rua com suas ofertas subsequentes de ações (follow ons).

Juntas, as seis ofertas têm potencial para movimentar cerca de R$ 9 bilhões, já no próximo mês. E para a janela no final do ano está sendo esperada, por exemplo, a oferta bilionária da BR Distribuidora.

"Até fevereiro haverá uma incerteza muito menor, depois a agenda eleitoral ganha espaço e o humor dependerá muito de rumores e pesquisas", afirma o responsável pelo Banco de Investimento do Morgan Stanley no Brasil, Alessandro Zema.

Segundo o executivo, as empresas já preparadas para emitirem devem "comprar a opcionalidade", ou seja, deixar a casa pronta para estarem aptas a aproveitarem a melhor janela. "Uma emissão de ações é um processo que precisa ter certo 'timing'", afirma. Em anos eleitorais, lembra, o calendário para ofertas de ações costuma ficar ainda mais seletivo.

O diretor de Renda Variável do Bradesco BBI, Glenn Mallett, diz que o pipeline do mercado até o fim do ano está com volume semelhante ao observado de janeiro a julho, período em que as emissões de ações somaram cerca de R$ 24 bilhões. O alto volume de emissões, diz, não se refere, na sua opinião, à antecipação por conta das eleições.

"A visão do mercado é de que haverá uma manutenção e a agenda de estabilidade deve ser preservada. No entanto, é claro que um ano de eleição tem um fluxo de notícias que traz mais volatilidade ao mercado", afirma o executivo. Para ele, tendo em vista as ofertas já encaminhadas, o volume de R$ 40 bilhões no ano pode ser conservador.

O presidente da B3, Gilson Finkelsztain, disse, na semana passada, que apesar do cenário político ainda incerto, principalmente por conta das eleições presidenciais em 2018, o Brasil vem se aproveitando da liquidez global e os investidores estrangeiros seguem mostrando apetite nas ofertas de ações na bolsa brasileira.

O executivo afirmou, no entanto, que o mercado aguarda ao menos uma pequena reforma da previdência, com a aprovação da idade mínima. "Seria uma grande decepção não haver nenhuma reforma. O mercado aceitou agora ter a primeira parte da reforma da previdência", disse. Sem estimar o volume que as emissões podem alcançar até o fim do ano, Finkelsztain acredita que a bolsa brasileira poderá ser palco de mais dez ofertas, entre IPOs e follow ons, até o fim do ano.

O sócio da área de mercado de capitais do escritório Mattos Filho, Jean Marcel Arakawa, diz que ainda conta a favor para as emissões neste ano as quatro aberturas de capital que se desenrolaram em julho (IRB Brasil Re, Carrefour, Omega Geração e Biotoscana), o que acabou atraindo a atenção de outros emissores. "Existe uma tendência de paralisação das ofertas com a aproximação das eleições presidenciais", comenta o especialista.

Depois da janela e outubro, as companhias com interesse em abrir capital em dezembro precisarão acelerar o fechamento do demonstrativo financeiro do terceiro trimestre para entrega da documentação à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em outubro, para precificar a oferta até no máximo 18 de dezembro. "Depois disso, é mais difícil por conta das festas de fim de ano", diz Arakawa.

Cenários

A percepção, no entanto, é de que apesar da agenda eleitoral, as janelas para emissões poderão se mostrar firmes em 2018, com uma eventual confirmação de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficará de fora da disputa eleitoral. "O mercado não está precificando Lula. A Selic e a inflação na trajetória que estão, o melhor resultado das companhias no segundo trimestre e a sinalização de retomada da econômica irão sustentar a bolsa", diz um banqueiro de investimento, que falou na condição da anonimato.

Dependendo dos nomes que se confirmarem nas urnas, a avaliação das companhias (valutation) para um IPO poderá ser mais positiva, acredita o banqueiro. Para esse cenário, diz, uma dobradinha de candidatos pró-mercado, como o prefeito de São Paulo, João Doria, e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, seria positivo para as precificações. Porém, a recomendação é, para quem pode, "emitir o quanto antes".


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