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Empresas de educação buscam IPOs em meio à consolidação

Participação do segmento no pregão engordará nos próximos meses com a chegada da Ser Educacional e da Anima Educação

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 3 de setembro de 2013 às 19h24.

Rio de Janeiro/São Paulo - O setor de educação no Brasil começa a ser um frequentador assíduo do mercado de capitais, tanto na bolsa de valores quanto em fusões e aquisições, em meio à expectativa de receber dezenas de bilhões de reais em investimentos públicos nos próximos anos.

A participação do segmento no pregão da Bovespa --que já conta com a Kroton, Anhanguera, Estácio e Abril Educação-- engordará nos próximos meses com a chegada da Ser Educacional, que atua nas regiões Norte e Nordeste, e da Anima Educação, grupo formado por instituições de São Paulo e Minas Gerais.

Os dois grupos de ensino já deram mandatos a bancos para realizarem ofertas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês), que devem ser precificadas até o fim de outubro.

Mas apesar da movimentação das companhias para ingressar na bolsa, o setor educacional não deve desfrutar de um boom semelhante ao que ocorreu anos atrás com o setor imobiliário, por exemplo, por ser muito pulverizado e com poucas companhias robustas o suficiente para fazer IPOS.

Para isso, o processo de consolidação do setor precisa continuar avançando, afirmam especialistas.

A compra e venda de participações mostra uma efervescência ímpar do setor, apesar da quase estagnação no mercado de fusões brasileiro diante do terceiro ano seguido de baixo crescimento econômico do país.

O anúncio da união da Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU) com o Grupo Laureate International no mês passado se seguiu à fusão há alguns meses entre a Kroton e Anhanguera, que criou um grupo avaliado em 13 bilhões de reais.

E a Abril Educação movimentou 585,5 milhões de reais em uma oferta de ações para ajudar a pagar a aquisição da rede de escolas de idiomas Wise UP, anunciada no começo do ano.


Entre possíveis candidatos citados pelo mercado a aumentar a lista de consolidações no setor estão as empresas de educação corporativa Affero, que tem atuação em São Paulo e no Rio de Janeiro, e Lab SSJ, com origem em São Paulo.

Mas o setor continua bastante fragmentado, com mais de 2 mil instituições de ensino no país.

"A participação das cinco maiores empresas é menor do que 30 por cento", disse à Reuters o diretor financeiro da Estácio, Virgilio Gibbon. No começo do ano, a empresa também fez uma oferta de ações subsequente e destinará cerca de 400 milhões de reais para compras de pequenas e médias empresas.

Segundo Gibbon, a disputa por ativos está menor depois da fusão entre Kroton e Anhanguera, que neste primeiro momento devem se concentrar nas sinergias da união em detrimento de novas compras.

Um dos entraves para uma movimentação ainda mais intensa do setor na bolsa nos próximos anos é justamente a ausência de grupos com robustez suficiente para acessar o mercado acionário.

"Para você comprar precisa ter um ativo bom com um sócio esclarecido em relação à indústria. Está difícil achar isso. Não tem muito vendedor", disse à Reuters um profissional do mercado financeiro com conhecimento do setor, que pediu anonimato.

Por estar entre as poucas promessas de crescimento acelerado no país e com baixa regulação estatal, não surpreende que o setor esteja se destacando no mercado de ações, com forte aumento de preços e alta expectativa de investidores.

O índice Preço/Lucro --que mede quantos anos são necessários para reaver o capital aplicado na compra de uma ação-- projetado para 2014 da Kroton é de 14,1, enquanto o da Anhanguera é de 18,9. Já o da Estácio está em 15,4.

Os números --comparados com o P/L atual das ações que compõem o Ibovespa, de 11,6, segundo dados da Thomson Reuters-- mostram que investidores estão dispostos a pagar um preço mais alto pelos papéis das empresas de educação, na expectativa de que tenham uma valorização ainda maior.


Mas mesmo apresentando um P/L alto, na visão de analistas as ações do setor ainda têm preços atraentes.

"Os 'valuations' estão caros na indústria, mas vão continuar crescendo na medida em que as perspectivas de mercado e o apoio governamental continuem", adicionou o profissional com conhecimento do setor.

Ajuda do Pré-Sal

Além da disponibilidade de crédito por meio de programas do governo como o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e o Programa Universidade para Todos (Prouni) para ampliar a qualidade e a cobertura do ensino, os recursos do pré-sal para a educação podem ultrapassar 100 bilhões de reais em 10 anos.

"Há potencial de crescimento devido ao tamanho da demanda do ensino superior no Brasil", afirmou o analista Bruno Giardino, do Santander Brasil, adicionando que a captura dessa demanda nunca aconteceu de forma mais forte.

Em entrevista à Reuters no fim de maio, o presidente da Kroton, Rodrigo Galindo, disse esperar que a maior parte dos recursos do pré-sal seja direcionada para o ensino básico e fundamental, beneficiando as instituições privadas de graduação no fim da cadeia.

Atualmente, segundo ele, de cada 100 crianças no Brasil que ingressam no ensino fundamental, apenas sete alcançam um diploma de ensino superior.

Ainda, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apenas 14,6 por cento dos 6,7 milhões de brasileiros com idade entre 18 a 24 anos estavam matriculados em cursos superiores em 2011.

Mas há quem acredite que será difícil sustentar ao longo dos anos uma taxa de crescimento de mais de 20 por cento, como a registrada em 2012, no número de alunos matriculados no ensino superior. O analista Luciano Campos, do HSBC Securities, acredita que o pico de alunos matriculados será alcançado em 2015.

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