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Emissão de debêntures bate recorde e já é 33% maior que todo o volume de 2023

Captação de fundos de crédito e compressão de spreads têm incentivado novas emissões de dívida por empresas

Dívida corporativa: emissão de debêntures bate R$ 326 bilhões no ano (	Javier Ghersi/Getty Images)

Dívida corporativa: emissão de debêntures bate R$ 326 bilhões no ano ( Javier Ghersi/Getty Images)

Publicado em 21 de outubro de 2024 às 16h27.

Última atualização em 21 de outubro de 2024 às 16h27.

A forte demanda por crédito privado e a consequente compressão dos spreads elevaram o volume de emissão de debêntures a patamares inéditos. De acordo com dados da CVM, as empresas brasileiras emitiram R$ 326 bilhões em debêntures até setembro deste ano. Esse montante, que representa um recorde para a categoria, é 33% maior que todo o volume emitido no ano passado. O número de emissões também aumentou significativamente, passando de 347 para 451. Os dados são do recém-lançado Boletim Econômico da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Desde o início do ano, os fundos de renda fixa captaram R$ 350 bilhões, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Dentro desse segmento, houve uma procura especial por fundos de crédito, com uma estimativa de entrada próxima de R$ 300 bilhões.

Estimulada pela alta de juros, pelo desmonte de fundos exclusivos e por performances recentes atrativas, a entrada massiva de recursos no crédito privado tem tornado novas emissões de dívida mais baratas para as empresas. Companhias que, na média, emitiam dívida a CDI + 1,80% no início do ano, agora conseguem emitir a CDI + 1,30%.

Portanto, muitas empresas têm aproveitado o momento para reperfilar suas dívidas, buscando spreads mais baixos, o que aumentou o volume de emissões.

Os spreads comprimidos em debêntures também têm incentivado investidores a buscar novas alternativas em crédito privado.

A nova tendência são os Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDCs), que consistem em operações de crédito estruturadas, podendo conter ativos de companhias fechadas. De acordo com o relatório da CVM, as emissões de FIDCs atingiram R$ 83,7 bilhões no terceiro trimestre, 9,1% acima de todo o volume de 2023.

O volume total de emissões de ativos mobiliários acumulado no ano chegou a R$ 662,3 bilhões, superando o volume total de emissões do ano passado, de R$ 644,5 bilhões.

Ações na contramão

Apesar do crescimento no volume geral, as emissões de ações estão significativamente abaixo do ano passado. Até o terceiro trimestre, foram emitidos R$ 54,2 bilhões em ações no mercado brasileiro, contra R$ 126,8 bilhões em todo o ano passado. Sem ofertas públicas iniciais (IPO, na sigla em inglês) no Brasil desde 2021, os números referem-se apenas ao volume de ofertas subsequentes (follow-on).

O menor apetite por emissões de ações reflete uma performance mais fraca da bolsa brasileira, que acumula queda no ano, em contraste com uma alta de mais de 20% em 2024. Quanto menor o preço da ação, teoricamente, menor é o incentivo para a empresa realizar novas emissões.

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