Desde o início do ano, os fundos de renda fixa captaram R$ 350 bilhões, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Dentro desse segmento, houve uma procura especial por fundos de crédito, com uma estimativa de entrada próxima de R$ 300 bilhões.
Estimulada pela alta de juros, pelo desmonte de fundos exclusivos e por performances recentes atrativas, a entrada massiva de recursos no crédito privado tem tornado novas emissões de dívida mais baratas para as empresas. Companhias que, na média, emitiam dívida a CDI + 1,80% no início do ano, agora conseguem emitir a CDI + 1,30%.
Portanto, muitas empresas têm aproveitado o momento para reperfilar suas dívidas, buscando spreads mais baixos, o que aumentou o volume de emissões.
Os spreads comprimidos em debêntures também têm incentivado investidores a buscar novas alternativas em crédito privado.
A nova tendência são os Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDCs), que consistem em operações de crédito estruturadas, podendo conter ativos de companhias fechadas. De acordo com o relatório da CVM, as emissões de FIDCs atingiram R$ 83,7 bilhões no terceiro trimestre, 9,1% acima de todo o volume de 2023.
O volume total de emissões de ativos mobiliários acumulado no ano chegou a R$ 662,3 bilhões, superando o volume total de emissões do ano passado, de R$ 644,5 bilhões.
Ações na contramão
Apesar do crescimento no volume geral, as emissões de ações estão significativamente abaixo do ano passado. Até o terceiro trimestre, foram emitidos R$ 54,2 bilhões em ações no mercado brasileiro, contra R$ 126,8 bilhões em todo o ano passado. Sem ofertas públicas iniciais (IPO, na sigla em inglês) no Brasil desde 2021, os números referem-se apenas ao volume de ofertas subsequentes (follow-on).
O menor apetite por emissões de ações reflete uma performance mais fraca da bolsa brasileira, que acumula queda no ano, em contraste com uma alta de mais de 20% em 2024. Quanto menor o preço da ação, teoricamente, menor é o incentivo para a empresa realizar novas emissões.