Embraer: empresa teve rentabilidade maior que a Nvidia em 2025 (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter
Publicado em 30 de julho de 2025 às 10h44.
Em um mercado global dominado pelas gigantes da tecnologia, como Nvidia (NVDA), Apple (AAPL), Microsoft (MSFT) e Amazon (AMZN), uma empresa brasileira se destaca em rentabilidade tanto no ano de 2025 quanto no acumulado dos últimos 12 meses: a Embraer (EMBR3).
Segundo levantamento da consultoria Elos Ayta, a ação da fabricante brasileira de aeronaves valorizou 35,99% em 2025 e 69,57% nos últimos 12 meses até 29 de julho, superando gigantes como Nvidia (30,72% no ano), Microsoft (22,07%) e Meta Platforms (19,75%). Os bons números vêm em um momento delicado para a empresa. No dia 1º de agosto, as tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, devem entrar em vigor — impactando diretamente os resultados, uma vez que os EUA são o principal mercado da companhia.
Em termos de valorização de mercado, no longo prazo, a Nvidia mantém uma hegemonia absoluta, com impressionantes 1.582,62% de valorização em cinco anos, impulsionada pela revolução da inteligência artificial e pela crescente demanda por semicondutores de alto desempenho. Recentemente, a empresa chegou a marca de US$ 4 trilhões.
No entanto, a Embraer surpreende ao figurar na segunda colocação nesse mesmo período, com 675,30% de alta, destacando-se entre as big techs.
Outras gigantes da tecnologia, como Microsoft, Meta, Alphabet e Amazon, também apresentaram bons resultados, mas não conseguiram superar o crescimento da Embraer nos últimos cinco anos. Ao contrário, Apple e Tesla decepcionaram no ano de 2025, com quedas expressivas de 15,43% e 20,46%, respectivamente, evidenciando como o setor de tecnologia enfrenta sua própria volatilidade.
Com as tarifas de 50% entrando em vigor em agosto de 2025, o futuro da Embraer entra em um novo capítulo de incertezas. A valorização da ação até julho de 2025 pode ser vista como uma antecipação positiva do mercado, que já precificava os contratos firmados, a expansão da empresa em mercados alternativos e o fortalecimento do seu setor de defesa, segundo a Elos Ayta. O impacto real da taxação deve ser mais visível nos próximos trimestres, e pode ter efeitos significativos na rentabilidade da empresa.
Para os investidores, o cenário muda radicalmente. Até agora, a Embraer foi sinônimo de valorização, sendo uma das maiores surpresas positivas no mercado financeiro. No entanto, com a imposição da tarifa de 50%, a empresa passa a enfrentar um novo vetor de risco regulatório e comercial. O mercado americano, tradicionalmente um dos maiores compradores das aeronaves brasileiras, pode se tornar menos acessível, o que pode reduzir a projeção de crescimento, afetando tanto margens quanto receitas. O movimento pode gerar um aumento na volatilidade das ações da Embraer, levando investidores a reavaliar suas posições e estratégias de portfólio, aponta a consultoria.
As tarifas podem significar um grande impacto nas operações da Embraer, que tem no mercado americano um cliente prioritário. As ações da empresa brasileira caíram 15% desde o início de julho. “A tarifa de 50% vai gerar custo adicional de R$ 50 milhões por avião, um valor altíssimo. Poderia chegar a R$ 2 bilhões por ano. Se a gente multiplica até 2030 significaria alto em torno de R$ 20 bilhões em tarifas”, disse o CEO Francisco Gomes Neto numa entrevista em tons dramáticos no dia 15 de julho.
“Pela relevância que o mercado tem, se isso for para a frente, teremos impacto da covid em termo de queda de receita para a companhia. É uma situação muito séria”, afirmou.
Na época da pandemia, a Embraer teve queda de 30% na receita e precisou reduzir em 20% o quadro de funcionários. Agora, a luta é para não deixar a turbulência interromper a viagem.