O Bradesco BBI destaca os pedidos firmes de 60 E175 da SkyWest e 45 E195-E2 da SAS no segundo tri, o que elevou a relação book-to-bill a 1,8 vez nos últimos 12 mese
Repórter de mercados
Publicado em 22 de julho de 2025 às 14h04.
Apesar do crescimento significativo na carteira de pedidos da Embraer (EMBR3) no segundo trimestre de 2025, analistas estão cautelosos com o futuro, especialmente se as tarifas de 50% anunciadas pelos Estados Unidos forem realmente aplicadas a partir do dia 1º de agosto.
O Citi, por exemplo, teme que a companhia tenha que lidar com atrasos e postergar entregas de aeronaves para um momento em que as tarifas não sejam mais uma ameaça. Para o Itaú BBA, o cenário ainda está envolto em uma incerteza substancial, uma vez que as tarifas dos EUA poderiam afetar metade da receita da empresa, limitando o impacto do backlog nas ações da companhia, o que já pode ser visto nos negócios desta terça-feira, 22.
A Embraer divulgou uma carteira de pedidos de US$ 29,7 bilhões, aumento de 40% em relação ao ano anterior e de 13% em comparação com o trimestre passado, atingindo o maior nível dos últimos oito anos. O JP Morgan apontou que, embora o crescimento seja notável, o valor ficou abaixo do previsto pelo banco, de US$ 33 bilhões, devido a preços médios mais baixos do que o esperado.
O Bradesco BBI considera que o backlog da Embraer segue positivo, destacando os pedidos firmes de 60 E175 da SkyWest e 45 E195-E2 da escandinava SAS no segundo trimestre, o que elevou a relação book-to-bill a 1,8 vez nos últimos 12 meses. A métrica compara o valor dos novos pedidos recebidos (book) com o valor das entregas realizadas (bill) em um determinado período.
O segmento comercial da Embraer também teve uma recuperação expressiva, com um backlog de US$ 13,1 bilhões, aumento de 16% na comparação anual e de 31% em relação ao trimestre anterior. A relação book-to-bill de 6,6 vezes reflete uma recuperação sólida, impulsionada pela família E2, o que ajuda a diminuir o ceticismo sobre a trajetória de longo prazo do modelo.
Para os analistas do Safra, essa recuperação ajuda a mitigar riscos do ambiente macroeconômico global e reflete uma forte demanda, especialmente no E1 e E2, segmentos que devem gerar receitas significativas para a Embraer. A XP também destaca que a visibilidade das receitas comerciais é mais sólida, o que favorece a companhia no longo prazo.
O segmento Executivo apresentou uma ligeira queda no backlog, atribuída à forte base de comparação do FlexJet. No entanto, o Bradesco BBI ressalta que as entregas superaram os níveis históricos, com entregas que ficaram em linha com as expectativas. A companhia precisa entregar 89 jatos executivos no segundo semestre de 2025 para atingir a meta média do guidance, um aumento de 5% em relação ao ano anterior.
No segmento de Defesa da Embraer, os pedidos atingiram US$ 4,3 bilhões, um aumento de 255% ano a ano. O número inclui 32 aeronaves KC-390 Millennium e 30 A-29 Super Tucano.
A Lituânia demonstrou interesse na aquisição de mais 3 KC-390, o que pode representar um contrato de US$ 375 milhões. No entanto, vale destacar que o backlog atual não inclui as 8 aeronaves KC-390 de Portugal, Suécia e Eslováquia, nem as 4 aeronaves A-29 do Panamá, o que poderia aumentar ainda mais esse valor.
“Vemos um grande mercado endereçável para a aeronave C-390 entre os países da OTAN, o que pode ajudar a sustentar o crescimento do segmento de defesa nos próximos anos”, ressaltam os analistas do Bradesco BBI.
Apesar do forte desempenho nos segmentos, o Banco Safra ressalta que o backlog da Embraer ainda não reflete o impacto potencial das tarifas dos EUA. Se essas medidas forem mantidas, a empresa poderá enfrentar um risco significativo na queda de novos pedidos, o que afetaria seu momentum positivo. O Bradesco BBI também destaca que as tarifas podem impactar novos pedidos e afetar a performance futura da companhia.