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Embraer (EMBR3): o que esperar do anúncio de 'marco zero' para os Estados Unidos

Após escapar de ameaça de tarifas de 40% adicionais a seus produtos, fabricante brasileira fará um grande anúncio no mercado americano na próxima semana

Embraer: Anúncio será feito na próxima quarta-feira, 10 (Leandro Fonseca /Exame)

Embraer: Anúncio será feito na próxima quarta-feira, 10 (Leandro Fonseca /Exame)

Letícia Furlan
Letícia Furlan

Repórter de Mercados

Publicado em 5 de setembro de 2025 às 14h22.

Após o susto do tarifaço, a Embraer (EMBR3) fará um grande anúncio na próxima semana sobre o que a própria companhia descreveu como 'marco zero' para seus negócios nos Estados Unidos.

O anúncio acontecerá num grande encontro de líderes do setor aeroespacial em Washington, marcado para a quarta-feira, 10, enquanto a fabricante brasileira se esforça junto ao governo do presidente Donald Trump para remover as tarifas de importação de 10% que ainda afetam seus produtos.

O mês de julho não foi fácil para a brasileira, que esteve no alvo de uma tarifa de importação adicional de 40% pelos EUA, um de seus mais importantes mercados. No fim, a aviação acabou ficando dentro da ampla lista de exceções do tarifaço direcionado diretamente a produtos brasileiros, mas o susto foi grande. Clientes americanos compram 45% dos aviões comerciais da Embraer e 70% dos jatos executivos vendidos pela empresa, que ainda depende de muitas peças norte-americanas.

O anúncio da próxima semana pode envolver desde a redução das tarifas de importação até o aumento de empregos nos EUA pela subsidiária de aeronaves comerciais da Embraer, segundo informações da Reuters.

Atualmente, a companhia brasileira tem 3 mil funcionários nos EUA, com planos de comprar US$ 21 bilhões em produtos norte-americanos até 2030.

Sem tarifaço, foco fica no operacional

Na época do anúncio da tarifa de 50%, o CEO da empresa chegou a prever impactos tão devastadores quanto os da pandemia. Por fim, o governo americano recuou e a taxação ficou em 10% — a que já tinha sido anunciada em abril pelos EUA. Mas, depois que o grande pesadelo do tarifaço passou, pelo menos para a fabricante de aviões brasileira, as discussões se voltaram para o seu operacional.

Em relatório recente, analistas da XP avaliaram como positivo o momento da Embraer, com novos pedidos para a companhia e a aproximação do teste do eVTOL (veículo elétrico de decolagem e pouso vertical) da subsidiária Eve.

Mesmo assim, a casa tem “ceticismo” com a valorização da ação à frente. Por isso, mantendo recomendação neutra para a Embraer. A XP considera que a relação preço/lucro da ação estimada para 2026 já reflete os ganhos previstos para a empresa com o atual backlog (lista de encomendas).

Além disso, por mais que o banco espere um melhor fluxo de caixa livre nos próximos anos, os yields previstos não são tão atrativos a ponto de justificar altas expressivas para a ação.

Isso não significa, no entanto, que a companhia vai parar de crescer. Os analistas reforçaram no relatório que os anúncios recentes da Embraer sugerem novos pedidos a serem anunciados, principalmente no segmento comercial e de defesa.

Além disso, a casa vê a Embraer começando a colher os frutos de suas iniciativas de nivelamento de produção e corte de custos, com resultados do segundo trimestre do ano melhores do que o esperado, fazendo a XP revisar para cima a projeção de rentabilidade — previsão de margem Ebit (lucro antes de juros e impostos) para o final de 2025 em 8,6% (consenso de mercado é de 8,2%), ligeiramente acima do guidance da empresa.

Latam de olho na aeronave da Embraer

Ainda no noticiário envolvendo a empresa, a Latam Airlines, na apresentação dos resultados do segundo trimestre, deu a entender que tinha interesse em testar o mercado de equipamentos menores, que incluem os jatos E2 da Embraer.

Segundo o BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME), a maior companhia aérea da América Latina tem o objetivo de ganhar força de distribuição regional em sua rede continental. O banco destaca que os investidores da Embraer vêm acompanhando essa campanha desde o final de 2024, mas foi somente durante a recente teleconferência da companhia aérea que se viu o assunto sendo tratado abertamente.

Para o BTG, a Latam quer se aproveitar da concorrência frágil (especialmente no Brasil) para aumentar a capacidade e ganhar participação.

A tese é que a Latam tem uma janela única para acelerar o crescimento regional, e a escolha entre o E2 da Embraer e o A220 da Airbus (concorrente direto da aeronave fabricada pela empresa brasileira) é uma peça central dessa estratégia.

O cenário do mercado, a economia específica da frota e as alavancas políticas/financeiras determinarão o resultado dessa ação da companhia aérea, avalia o banco – que tem recomendação de "compra" para as Embraer.

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