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Em ata, Fed reconhece risco de atividade mais fraca, mas diz que inflação não recuou o suficiente

Na última reunião, autoridade monetária manteve, pela quinta vez consecutiva, as taxas em 4,25% e 4,50% ao ano

Fed: autoridade de política monetária manteve a taxa de juros pela quinta decisão consecutiva (Mandel NGAN/AFP)

Fed: autoridade de política monetária manteve a taxa de juros pela quinta decisão consecutiva (Mandel NGAN/AFP)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 20 de agosto de 2025 às 16h05.

A maioria dos dirigentes aponta que o risco de inflação superou o risco de emprego para manter a taxa de juros inalterada entre 4,25% e 4,50% pela quinta vez consecutiva, segundo a ata do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) divulgada nesta quarta-feira 20. Entretanto, os dois dissidentes avaliaram que o risco de queda no emprego cresceu significativamente.

“Se as condições do mercado de trabalho enfraquecessem de forma significativa ou se a inflação recuasse ainda mais e permanecesse bem ancorada, então seria apropriado adotar uma postura menos restritiva de política monetária do que seria o caso em outras circunstâncias”, disse a ata.

Após a ata do Fed, o FedWatch, do CME Group, mostrou uma redução das apostas num corte de juros em setembro: de 86,55%, no dia 19 de agosto, para 82,91%.

Para Paula Zogbi, a ata do Fed mostrou uma autarquia cada vez mais dividida e ainda preocupada com os efeitos das tarifas na inflação e a saúde do mercado de trabalho americano. “Permanece uma incerteza considerável sobre o momento, a magnitude e a persistência dos efeitos do aumento das tarifas neste ano”, afirma o documento.

A decisão veio dois dias antes da divulgação de um payroll abaixo das expectativas do mercado, mas, “mesmo sem essa informação, a ata menciona um risco consideravelmente maior para o mercado de trabalho, ligado à desaceleração do crescimento da atividade”, comenta Zogbi.

Pressão por corte de juros

A ata ocorre em meio a uma pressão de Donald Trump, presidente dos EUA, para que o Fed reduza juros “imediatamente". Trump, inclusive, vem repetindo críticas diretas a Jerome Powell, presidente Fed, chamando-o de “idiota teimoso” e “estúpido”. Já circulou, inclusive, notícias sobre uma possível demissão de Powell — o que foi desmentido por Trump, dizendo que a demissão é "improvável", mas que "não descarta nada".

A publicação também acontece num momento em que ocorrem discussões sobre a sucessão de Powell como presidente. Diversos nomes surgem para substituir o chairman e, segundo fontes ouvidas pela Bloomberg, agora, um parece se tornar o queridinho da equipe de Trump: Christopher Waller, diretor do Fed indicado por Donald Trump.

Waller foi um dos dois dissidentes na decisão de juros em julho: ele apoiou o corte de 0,25 ponto percentual (p.p.) – em linha com o que o presidente americano deseja. O republicano enfatiza (e quase ordena) que Powell corte juros há meses. Hoje, ele pediu a renúncia de uma das governadoras do Fed, Lisa Cook, nas redes sociais.

“Esta é uma situação que pode aumentar as expectativas de juros futuros, já que um banco central independente é fundamental para a credibilidade das decisões de política monetária de um país”, diz Zogbi.

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