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Elon Musk prevê trimestres difíceis para a Tesla após Trump retirar subsídios a elétricos

Lucro da montadora cai 23% no trimestre e Musk prevê impacto adicional com tarifas e fim de créditos regulatórios nos EUA

Elon Musk e o presidente Donald Trump: relacionamento volta ao centro das atenções em oferta bilionária da SpaceX (Kevin Dietsch/AFP)

Elon Musk e o presidente Donald Trump: relacionamento volta ao centro das atenções em oferta bilionária da SpaceX (Kevin Dietsch/AFP)

Publicado em 24 de julho de 2025 às 07h04.

A Tesla alertou investidores sobre um cenário mais desafiador nos próximos meses, diante do aumento de tarifas e do fim de incentivos a veículos elétricos nos Estados Unidos.

“Estamos em um período de transição, no qual perderemos muitos incentivos nos EUA. Provavelmente teremos alguns trimestres difíceis”, afirmou o CEO Elon Musk durante a divulgação de resultados.

A mudança é resultado do novo pacote fiscal do presidente Donald Trump, que retira uma série de estímulos ao setor e ameaça fontes importantes de receita da companhia.

Segundo reportagem do jornal britânico Financial Times, o corte dos subsídios compromete diretamente os ganhos da Tesla com a venda de créditos regulatórios, um mecanismo que permitia à empresa comercializar bônus de emissões com concorrentes mais poluentes.

Na última quarta-feira, 23, a montadora reportou um lucro líquido ajustado de US$ 1,4 bilhão no segundo trimestre, uma queda de 23% em relação ao mesmo período de 2024.

A receita somou US$ 22,5 bilhões, retração de 12% em relação ao ano anterior. A margem operacional também recuou: de 6,3% para 4,1%.

Custo com tarifas

O impacto das medidas do governo americano vai além dos créditos regulatórios.

A empresa estima um custo adicional de US$ 300 milhões com tarifas no segundo trimestre, e prevê aumento desse valor ao longo do ano. A elevação das taxas atinge inclusive componentes importados da China, como células de bateria.

A Tesla também enfrenta pressão para acelerar as entregas antes do fim do crédito fiscal de US$ 7.500 concedido a compradores de veículos elétricos, previsto para expirar em setembro. Com estoques limitados, a montadora pode não conseguir atender à demanda dentro do prazo.

Queda na Europa

Apesar do lançamento de uma versão atualizada do SUV Model Y, as vendas continuam em queda em mercados europeus. No segundo trimestre, a empresa vendeu 384.122 veículos, abaixo da previsão de analistas e 13% menor do que no mesmo período do ano passado.

Para tentar recuperar tração, a Tesla aposta na produção em massa de um modelo acessível ainda neste ano e no avanço de seus negócios paralelos. Entre eles, o serviço de robotáxi, já em operação em Austin, e o desenvolvimento do robô humanoide Optimus, cuja produção pode alcançar 100 mil unidades em cinco anos.

O crescimento desses novos segmentos, porém, depende de aprovação regulatória.

Elon Musk espera, por exemplo, liberar a tecnologia de direção totalmente autônoma na Europa ainda em 2025. Até lá, a empresa segue pressionada por concorrentes da China e do Ocidente — e por uma base de consumidores cada vez mais crítica à atuação política de seu CEO.

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