Elon Musk é fundador da SpaceX e da Tesla (Divulgação / Getty Images)
Quem nunca deu uma pausa nas redes sociais? Isso pode ser fisiológico e até saudável em alguns casos. Mas se você é o Elon Musk, CEO da Tesla (TSLA34), da Space X e twittador serial, um sumiço de dez dias gera preocupações.
O último tweet do CEO da Tesla foi no dia 21 de junho, e é uma foto dos preços de um distribuidor de combustíveis.
Desde então, silêncio total. Quase como se Musk quisesse fazer uma pausa, depois de um período cheio de novidades e reviravoltas para seu império.
E isso está deixando muita gente preocupada, especialmente os acionistas da Tesla, que desde o começo do ano estão amargando uma perda de 42,87% no valor de seus papéis.
Os últimos três meses, de fato, foram particularmente intensos para Musk.
Começando com os problemas da Tesla, que depois de iniciar o trimestre em grande estilo, com mais de 310 mil veículos entregues, teve de lidar com as contínuas paralisações da fábrica de Xangai, na China, por causa dos lockdowns impostos pelo governo local contra a volta dos casos do novo coronavírus (Covid-19).
Mas o futuro próximo poderia não ser tão promissor como os últimos meses.
Os dados do segundo trimestre, que chegarão nos próximos dias, poderiam mostrar que menos de 250 mil unidades foram entregues. Um número negativo que o mercado não digerirá sem dor.
Não por acaso, a a Tesla foi forçada a demitir funcionários por causa das previsões pessimistas sobre a economia global, compartilhadas publicamente pelo próprio Musk.
Há meses o executivo expressa fortes preocupações com a chegada de uma possível recessão mundial.
A planta da Califórnia que desenvolvia o sistema de condução assistida (o famoso "piloto automático da Tesla") foi fechado, com a demissão de 200 funcionários.
A Tesla já anunciou que poderia demitir cerca de 10% de sua força de trabalho nos próximos três meses e suspender o trabalho inteligente para a maioria dos funcionários.
Várias pessoas, incluindo algumas que foram contratadas em maio, compartilharam no LinkedIn que foram demitidas em junho. Portanto, o momento não parece o melhor para a montadora de carros elétricos.
Mas para Musk, o último trimestre foi também - e sobretudo - o do acordo com o Twitter (TWTT34).
Após uma aquisição inicial de cerca de 9% das ações, o CEO da Tesla decidiu adquirir 100% do capital da rede social, com uma proposta de US$ 44 bilhões.
Um valor que convenceu a diretoria do Twitter após uma negociação razoavelmente rápida.
Só que no momento de fechar o negócio, o próprio Musk levantou uma questão sobre os perfis falsos do Twitter, se recusando a assinar qualquer contrato caso esse ponto não fosse resolvido.
Embora o Twitter tenha fornecido o acesso aos dados, o próprio Musk ainda não se manifestou sobre o assunto. Deixando muita gente na dúvida se, de fato, ele irá comprar a rede social ou não.
Há dez dias, então, o CEO da Tesla decidiu se silenciar nas redes sociais.
Mas esse silêncio está fazendo muito barulho.
Enquanto esperam que Musk volte a twittar, os analistas estão de olho em seu império, especialmente nos números da Tesla, com muito menos entusiasmo do que o habitual.