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Elétricas vivem blecaute histórico na bolsa

Analistas veem novas medidas do governo como uma guinada de 180° no setor

Investidores (Getty Images)

Investidores (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 31 de agosto de 2012 às 17h49.

São Paulo – O mercado sempre viu o investidor que aplica no setor elétrico como alguém de perfil defensivo e que busca tranquilidade ao ver os dividendos se acumulando em sua conta na corretora. Mas isso agora parece parte do passado. Após dar alegrias por muitos anos, os papéis do setor subiram de vez na montanha-russa do mercado.

Segundo o Itaú BBA, a atenção ao setor garantiu lucros durantes os últimos três anos e meio, período no qual o índice do setor de serviços públicos de energia elétrica e saneamento superou o Ibovespa em 74 pontos percentuais.

“Hoje, entretanto, após termos conversando com diversas autoridades governamentais, companhias e outros participantes do setor, estamos convencidos de que este é o momento de realizar lucros nas ações das empresas de energia elétrica”, ressaltam os analistas Marcos Severine e Mariana Coelho. O índice de Energia Elétrica (IEE) despencou 4,24% nesta sexta-feira e 6,93% na semana, enquanto o Ibovespa caiu 0,34% e 2,33%, respectivamente.

Tarifas

O governo brasileiro está disposto a baixar as tarifas do setor, o que pode afetar a geração de caixa de parte das companhias. Além disso, uma Medida Provisória editada ontem deu calafrios às empresas que têm concessões para vencer em breve, como são os casos da Cesp, Cemig, Eletrobras e Transmissão Paulista.

"Essa redução de custo é a única forma que temos para enfrentar as décadas que virão", disse a presidente Dilma Rousseff durante a 39ª reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), o Conselhão. "Iremos fazer um conjunto de medidas para reduzir o custo da energia baseado na reversão das concessões depois de vencido o prazo”, apontou.


O banco Santander estima uma redução média das tarifas em 13%. “Além disso, acreditamos numa redução de 35% nas tarifas de geração e distribuição cujas concessões estejam vencendo. Atualmente, as empresas que mais seriam afetadas negativamente por essa nova política de concessão do governo são Cesp, Eletrobras e Transmissão Paulista”, mostra a análise assinada por Leonardo Milane, estrategista de pessoa física.

“Embora tenhamos aguardado por muito tempo condições tolerantes para a prorrogação das concessões de geração e de transmissão que expiram em 2015, estamos agora muito inclinados a esperar o contrário: severas condições de renovação, que irão pesar não apenas sobre as companhias diretamente expostas (Eletrobras, Cesp e ISA Cteep), mas sobre o setor como um todo, pelo menos por algum tempo”, ressalta o Itaú BBA.

Medida Provisória

A MP 577 (veja a íntegra) publicada nesta quinta-feira também chamou atenção do mercado financeiro. O texto trata de casos de extinção e intervenção em concessões de serviço público de energia elétrica. O documento, contudo, trata apenas de empresas que estejam enfrentando dificuldades financeiras. A concessão ficaria a cargo do governo, que então faria a gestão da empresa até que um novo concessionário seja contratado.

Segundo os analistas do Citi Marcelo Britto, Alexandre Kogake e Kaique Vasconcellos , o texto deixa claro que as intervenções só serão concretizadas quando houver problemas técnicos ou econômicos severos com a concessionária ou quando a concessionária pedir a extinção do contrato. “Não há menção a casos em que o contrato de concessão atinja a data de expiração”, afirmam.

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