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Eleição no Reino Unido não muda cenário para ativos e risco de crise é "muito alto", diz Gavekal

Economista Anatole Kaletsky avalia que desinteresse em rever o Brexit torna opções de crescimento escassas na região

Keir Starmer, novo primeiro-ministro do Reino Unido (Justin Tallis/AFP)

Keir Starmer, novo primeiro-ministro do Reino Unido (Justin Tallis/AFP)

Publicado em 5 de julho de 2024 às 15h11.

Última atualização em 5 de julho de 2024 às 16h04.

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O trabalhista Keir Starmer assumiu o cargo de primeiro-ministro do Reino Unido nesta semana, após a vitória esmagadora de seu partido nas eleições. Foram 412 assentos conquistados pelo Partido Trabalhista, 211 a mais do que em 2014, colocando fim aos 14 anos de governos conservadores. Apesar da virada de chave, a casa de análise internacional Gavekal Research avalia que não haverá mudanças significativas, com a manutenção do cenário adverso para o mercado britânico e risco elevado de uma crise econômica e política na região nos próximos anos.

Uma das justificativas para o maior pessimismo da Gavekal é o fato de Starmer ter descartado rever o Brexit, acordo que culminou com a saída do Reino Unido da União Europeia.

"O crescimento, a produtividade e os padrões de vida do Reino Unido continuarão a ser prejudicados pelo obstáculo estrutural do Brexit", diz em relatório Anatole Kaletsky, co-fundador da Gavekal Research. "Se a restauração da relação econômica com a UE está fora de questão e é improvável que a política fiscal se torne estimulativa até depois de algum tipo de crise econômica ou política, há algo mais que o novo governo britânico poderia fazer para estimular o crescimento econômico?", questiona.

Sem espaço para crescimento

Na avaliação de Kaletsky, as soluções apresentadas pelo partido ainda são "pouco convincentes". "Reformas de uso da terra, políticas industriais destinadas a acelerar o progresso tecnológico, economias de eficiência no governo e melhores parcerias público-privadas em energia dificilmente são ideias revolucionárias."

Kaletsky avalia que na frente internacional uma parceria profunda com a China poderia ser economicamente benéfica para o Reino Unido. O economista, no entanto, considera que essa hipótese está fora de cogitação pela "atitude de Guerra Fria em relação à China que o governo Trabalhista compartilha plenamente com seu predecessor Conservador".

"Tudo sugere que os ativos britânicos continuarão a ter um desempenho inferior no médio prazo e que algum tipo de crise econômica ou política é muito provável dentro do próximo ano ou algo assim, à medida que o novo governo se mostrar incapaz de alcançar a prometida melhoria na produtividade e no crescimento", afirma.

No curto prazo, porém, Kaletsky considera que podem surgir oportunidades em ativos cíclicos, que deverão ser beneficiados pela melhora de confiança do consumidor que costuma ocorrer após períodos de eleição no Reino Unido. "Mas, geralmente, começam a se lamentar pouco tempo depois."

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