Mercados

Eike promete fatia maior da EBX para proteger Mubadala

Segundo fontes, o empresário prometeu participação adicional que protege o fundo da onda de desvalorização de suas empresas de capital aberto


	Eike Batista: a operação coloca as participações do empresário em risco, após suas empresas de capital aberto terem perdido cerca de metade do valor este ano
 (Agência Brasil)

Eike Batista: a operação coloca as participações do empresário em risco, após suas empresas de capital aberto terem perdido cerca de metade do valor este ano (Agência Brasil)

DR

Da Redação

Publicado em 16 de agosto de 2013 às 14h01.

São Paulo - Ao vender uma fatia de US$ 2 bilhões de seu império de commodities para a Mubadala Development Co., de Abu Dhabi, Eike Batista prometeu participação adicional que protege o fundo da onda de desvalorização de suas empresas de capital aberto, de acordo com uma pessoa a par da operação.

Pelos termos da venda da participação de 5,63 por cento na EBX Group Co. em março, Eike concordou em dar uma fatia não especificada em 2019 se não conseguir entregar retorno anual de 5 por cento sobre o investimento do fundo soberano do emirado, afirmou esta pessoa, que pediu para não ter o nome revelado porque os detalhes são privados. Esta pessoa se recusou a explicar como o alvo é mensurado.

O acordo, que Eike, 56 anos, apresentou como sinal da confiança dos investidores em suas empresas interligadas de recursos naturais e logística, ajuda a preservar o investimento da Mubadala se a EBX perder valor ou não crescer. A operação também coloca as participações de Eike em risco, após suas empresas de capital aberto terem perdido cerca de metade do valor este ano, em meio a atrasos, prejuízos e metas de produção não cumpridas.

“Isso parece menos favorável a Eike do que simplesmente assinar um cheque”, disse Eric Conrads, que administra US$ 750 milhões em ações latino-americanas para a ING Investment Management em Nova York e se recusou a dizer se tem ações das empresas do bilionário brasileiro em seu portfólio. “Eike tem que dividir alguns dos frutos quando as ações vão bem e ele sofre mais quando caem. É assimétrico.”

A Mubadala adquiriu uma “participação acionária preferencial” no Centennial Asset Brazilian Equity Fund LLC, de Eike, e em outros veículos de investimento no exterior, segundo comunicado conjunto distribuído pelas duas empresas em março. O acordo deu ao fundo 5,63 por cento de cada participação de Eike em suas empresas de capital aberto e de capital fechado, além da mesma porcentagem de qualquer novo empreendimento. A “participação acionária preferencial” dá à Mubadala “certos direitos e proteções”, informou o comunicado, sem oferecer mais detalhes.


Em 2014, Eike terá a opção de recomprar metade da fatia vendida à Mubadala, de acordo com a pessoa com conhecimento da operação. Ele também vendeu 0,8 por cento da EBX para a General Electric Co. por US$ 300 milhões em maio.

Assessores de imprensa da EBX no Rio de Janeiro e da Mubadala em Abu Dhabi não quiseram comentar a estrutura do acordo, direcionando as perguntas da reportagem ao comunicado que anunciou a operação em março.

A Mubadala liberou um empréstimo de 7,35 bilhões de dirhans (US$ 2 bilhões) a um “terceiro” não identificado, de acordo com o balanço do primeiro semestre divulgado em 4 de outubro. O empréstimo, garantido por “instrumentos listados e garantias”, tem “retorno mínimo garantido”, vence em 2017 e pode ser prorrogado pela Mubadala por mais dois anos, de acordo com o documento.

Este empréstimo é justamente o investimento da Mubadala na EBX, segundo uma pessoa com conhecimento das finanças do fundo, que não quis ser identificada porque os detalhes do acordo não são públicos. Segundo ela, a “participação acionária preferencial” é computada como empréstimo por razões contábeis.

Dois bancos com conhecimento do acordo consideram a operação um híbrido entre ação e dívida, segundo duas outras pessoas. Um dos bancos, que financia a EBX, trata o acordo como empréstimo para fins de avaliação da qualidade de crédito do grupo de Eike, disse uma dessas pessoas.

“Só queríamos talvez ter um aval extra”, disse Eike sobre o acordo com a Mubadala durante entrevista à Bloomberg Television em 30 de abril. “Quando alguém como a Mubadala entra, todo mundo sabe como o processo de auditoria vai ser profundo.”


Os termos divulgados do acordo com a Mubadala avaliavam o império de Eike em US$ 35,5 bilhões, incluindo empresas de capital aberto e fechado. As participações dele nas seis empresas de capital aberto do grupo agora têm valor de mercado somado de US$ 8,4 bilhões, comparado a aproximadamente US$ 19,5 bilhões no fim de 2011. A onda de desvalorização se aprofundou em junho, quando a OGX Petróleo & Gás Participações SA reduziu suas metas iniciais de produção menos de cinco meses depois de extrair o primeiro barril.

As seis empresas de capital aberto de Eike, sediadas no Rio de Janeiro, tiveram prejuízo combinado de R$ 1,68 bilhão nos primeiros nove meses do ano, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

A EBX disse em comunicado por e-mail de 30 de novembro que suas companhias começarão a gerar receita “de forma crescente” a partir de 2013 e 2014. O conglomerado disse que tem cerca de US$ 9 bilhões em caixa, o suficiente para levar à frente seus projetos. A EBX não quis comentar nada além disso sobre seus contratempos neste ano.

O bilionário está negociando a emissão de novas ações das suas empresas listadas para o BNDES Participações SA, de acordo com reportagem da revista Veja de 8 de dezembro. A EBX disse em 10 de dezembro que não existe acordo formal para capitalização das empresas pelo BNDES.

Acompanhe tudo sobre:B3bolsas-de-valoresEike BatistaEmpresáriosEmpresasGás e combustíveisIndústria do petróleoMMXMubadalaOGpar (ex-OGX)OSXPersonalidadesPetróleo

Mais de Mercados

"O Brasil deveria ser um país permanentemente reformador", diz Ana Paula Vescovi

Tesla bate US$ 1 trilhão em valor de mercado após rali por vitória de Trump

Mobly assume controle da Tok&Stok com plano de sinergias e reestruturação financeira

Trump não deverá frear o crescimento da China, diz economista-chefe do Santander