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Eike Batista troca ações por dívida e lidera captações

Bilionário está na posição de oitava pessoa mais rica do mundo e agora se tornou o maior emissor de dívida corporativa no exterior

As companhias dos setores de energia e mineração de Eike Batista foram as que mais emitiram dívida entre empresas brasileiras no último ano (Oscar Cabral/Veja)

As companhias dos setores de energia e mineração de Eike Batista foram as que mais emitiram dívida entre empresas brasileiras no último ano (Oscar Cabral/Veja)

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Da Redação

Publicado em 29 de março de 2012 às 10h19.

Nova York/Rio de Janeiro - Eike Batista, que deu o tom nas vendas de ações brasileiras nos últimos seis anos ao longo do caminho que o levou à posição de oitava pessoa mais rica do mundo, agora se tornou o maior emissor de dívida corporativa no exterior.

As empresas de Eike captaram US$ 4,13 bilhões em títulos denominados em dólar no ano passado, incluindo a emissão de US$ 1,06 bilhão em títulos de 10 anos da OGX Petróleo e Gás Participações SA nesta semana. A taxa nos papéis para 2018 da OGX, que Eike criou para rivalizar com a estatal Petróleo Brasileiro SA, caiu 202 pontos-base, para 7,63 por cento nos últimos quatro meses. A queda nas taxas de papéis de produtoras de petróleo e gás de países emergentes foi de 67 pontos-base.

As companhias do bilionário dos setores de energia e mineração foram as que mais emitiram dívida entre empresas brasileiras no último ano. Desde 2006, Eike levantou R$ 12 bilhões com a abertura do capital de suas companhias. Novas emissões de dívida de empresas de Eike devem ocorrer nos próximos anos, disse Alfredo Viegas, diretor executivo de mercados emergentes da Knight Capital, em Greenwich, no estado americano de Connecticut.

“A OGX tem necessidade de enormes gastos de capital no futuro e tenho certeza que ele não quer financiar tudo isso com ações”, disse Viegas em entrevista por telefone. “Eles estão numa situação perfeita para investidores de dívida, já que têm reservas provadas e acabaram de começar a produzir.”

Abertura de capital frustrada

Eike tem estado longe do mercado acionário desde o fracasso da abertura de capital do estaleiro OSX Brasil SA em 2010. Ele levantou R$ 2,45 bilhões, enquanto a quantia máxima que esperava inicialmente era R$ 9,92 bilhões. A ação desabou 12,5 por cento no primeiro dia de negócios e acumula queda de 48 por cento desde a estreia. A oferta veio após Eike ter aberto o capital da MMX Mineração & Metálicos SA em 2006, da MPX Energia SA em 2007 e da OGX em 2008. A operadora portuária LLX Logística SA foi desmembrada da MMX em julho de 2008.

Além de ter ficado longe do mercado acionário e dar prioridade a captações via emissões de títulos, Eike vendeu esta semana uma fatia de US$ 2 bilhões na sua holding à Mubadala Development Co., de Abu Dhabi. O empresário disse em entrevista que está conversando com fundos soberanos sobre a venda de uma fatia adicional de US$ 1 bilhão.

Os US$ 2,56 bilhões em bônus da OGX com vencimento em 2018 pagam 498 pontos-base, ou 4,98 pontos percentuais, a mais do que títulos do governo brasileiro de prazo similar, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. As notas da empresa com prazo até 2022 -- que foram os bônus denominados em dólar negociados mais ativamente em nível global ontem -- avançaram 1,5 ponto no primeiro dia de negociação plena para 101,5 por cento do valor de face, de acordo com o Trace, sistema de informação de preços de títulos da Autoridade Reguladora da Indústria Financeira.

Meta de produção

A OGX não tem planos de vender mais títulos até o fluxo de caixa de tornar positivo em 2014 nem tem planos de vender ações para financiar investimentos, disse Paulo Mendonça, presidente da companhia, em resposta por e-mail a perguntas da reportagem.


A petrolífera vem acelerando os gastos para cumprir a meta de produção de 1,38 milhão de barris por dia até 2019. A oferta de títulos vai ajudar a financiar os gastos, à medida que a empresa abre poços no campo de Waimea e perfura a Bacia de Santos para determinar o tamanho de uma reserva descoberta este ano na região do pré-sal.

A venda de títulos elevou o caixa da OGX para US$ 4,4 bilhões, o suficiente para cobrir investimentos até o fim de 2013, disse a empresa em apresentação em 27 de março. A OGX pretende investir de US$ 3,5 bilhões a US$ 4,2 bilhões até 2013.

“Uma empresa de menor capitalização como a OGX pode se dar conta de que precisa ir a mercado com certa frequência para financiar esses projetos relativamente custosos em alto-mar”, disse por telefone Gianna Bern, que já foi diretora sênior da Fitch Ratings e agora preside a consultoria de gestão de risco Brookshire Advisory and Research em Chicago.

A oferta de 27 de março atraiu mais de US$ 5,5 bilhões em lances feitos por mais de 350 contas, de acordo com um profissional de banco de investimento a par da operação que pediu para não ser identificado por não ter autorização para discutir o assunto publicamente.

A OSX vendeu US$ 500 milhões em dívida em 14 de março e na semana passada afirmou que pretende fazer uma segunda colocação de bônus este ano. O estaleiro está usando os bônus para ajudar a financiar a construção de embarcações para exploração de petróleo em alto-mar que estão avaliadas em cerca de US$ 30 bilhões e serão adquiridas pela OGX durante a próxima década.

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